Da Redação | 05 de março de 2025 - 18h20

Mulheres sobre duas rodas: cicletada une pedal e luta por um trânsito mais seguro

No Dia da Mulher, evento convida ciclistas a ocuparem as ruas de Campo Grande e questionarem a violência no trânsito

'CICLETADA DE LAS NIÑAS'

No próximo sábado, 8 de março, ciclistas vão tomar as ruas de Campo Grande (MS) para lembrar que as cidades deveriam ser feitas para pessoas, e não só para carros. A "Cicletada de las Niñas", que acontece em diversos países da América Latina, reúne mulheres, crianças e qualquer um que queira pedalar por um trânsito mais seguro e igualitário.

A ideia não é nova. O evento começou no Chile, em 2018, com um objetivo simples e ambicioso ao mesmo tempo: mostrar que pedalar na cidade pode (e deve) ser um direito de todos, sem medo e sem riscos. Desde então, a cicletada cresceu e passou a acontecer em várias cidades, inclusive em Campo Grande.

A concentração será às 15h, na Esplanada Ferroviária, na Avenida Calógeras, nº 3015. Quem chegar cedo pode participar de um alongamento com uma professora de yoga, antes da saída para o percurso. O destino final será a Praça do Rádio, onde haverá uma roda de conversa sobre mobilidade urbana e segurança no trânsito.

“Desde 2022 as meninas estão organizando a cicletada em Campo Grande. Este ano fizemos parceria com a Marcha Mundial das Mulheres e o coletivo Sempre Vivas”, explica a psicóloga Heblisa Pinheiro de Mello, de 36 anos, uma das organizadoras do evento.

Um pedal sem pressa - Diferente de outras pedaladas, aqui ninguém tem pressa. A regra da cicletada é simples: o ritmo do passeio será ditado pela criança que pedalar mais devagar.
“A gente não está correndo para chegar em algum lugar. A gente quer estar na cidade, ocupar o espaço e fazer com que as pessoas nos vejam”, conta Heblisa.

A ideia é que as ruas não sejam apenas para carros. "As cidades precisam ser mais acolhedoras. Já existem estudos que mostram que, quando a velocidade dos carros diminui e as ciclovias aumentam, as cidades ficam mais seguras", completa.

O trânsito e seus perigos - Quem anda de bicicleta em Campo Grande sabe que o trânsito não é dos mais amigáveis. Falta infraestrutura, respeito e, principalmente, segurança.
“No Brasil, há mais mortes no trânsito do que por arma de fogo”, alerta Heblisa. Para ela, chamar esses casos de “acidentes” diminui a gravidade do problema.

“Quando alguém pega um carro e dirige em alta velocidade, isso não é um acidente. Isso poderia ter sido evitado. Mas as cidades ainda são feitas pensando só em quem tem carro”, critica.

Como participar - O evento é aberto para qualquer pessoa. As organizadoras recomendam levar água, canga e lanche para compartilhar, além de protetor solar, boné e óculos escuros. Também vale carregar um kit básico de reparo para bicicleta, só por precaução.
A "Cicletada de las Niñas" acontece em várias cidades da América Latina e não é só para mulheres. Mas tem um objetivo claro: fazer as pessoas perceberem que o trânsito pode ser mais humano e menos violento.

No fim, o que se quer não é apenas um passeio de bicicleta. O que se quer é que as cidades sejam de quem vive nelas – e não só de quem passa por elas de carro.