Mato Grosso do Sul avança na produção de combustível de aviação sustentável
Estado recebe certificações que ampliam mercado para biocombustíveis e reforçam compromisso ambiental
AVIAÇÃOA Atvos, uma das maiores produtoras de biocombustíveis do Brasil, recebeu certificações internacionais que abrem caminho para a comercialização de etanol voltado à produção de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês). Com três unidades industriais em Mato Grosso do Sul, a empresa agora pode exportar para a União Europeia e comercializar etanol para o setor aéreo global, fortalecendo a transição energética e a redução de emissões no transporte.
As certificações ISCC EU, ISCC Plus, ISCC CORSIA e ISCC CORSIA Plus garantem que o etanol produzido pela Atvos atende aos padrões ambientais e de economia de gases de efeito estufa (GEE) exigidos por mercados internacionais. O reconhecimento posiciona a empresa como uma das líderes do setor, com mais de 2 bilhões de litros de etanol produzidos na safra 2023/24.
Biocombustíveis no centro da transição energética - A indústria da aviação tem buscado alternativas ao querosene fóssil, principal fonte de combustível para aeronaves, e o SAF surge como uma solução viável para reduzir a pegada de carbono do setor. O selo CORSIA, por exemplo, é um mecanismo da Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO) que regula a compensação e redução de emissões, tornando o combustível sustentável uma peça-chave para atingir metas ambientais globais.
Para Andréa Ramos, vice-presidente Comercial da Atvos, a certificação fortalece a posição do Brasil como referência em energia renovável:
“Esse avanço comprova o momento de transformação pelo qual a companhia vem passando para se tornar uma plataforma global de biocombustíveis. Estamos contribuindo para descarbonizar o setor aéreo e reforçando o papel do Brasil na transição energética.”
Nova Alvorada do Sul e o futuro da bioenergia - Mato Grosso do Sul desponta como protagonista desse novo cenário. O município de Nova Alvorada do Sul, distante 298 km de Campo Grande, lidera a produção nacional de cana-de-açúcar e abriga a Unidade Santa Luzia (USL) da Atvos, um dos principais polos de etanol do estado.
Além da produção de etanol, açúcar VHP e energia a partir da biomassa, a cidade está prestes a receber uma fábrica de biometano da Atvos, que já está em fase de construção. A planta utilizará resíduos da cadeia produtiva da cana, como vinhaça e torta de filtro, para produzir 28 milhões de metros cúbicos de biometano, um gás renovável que pode substituir o diesel e reduzir a emissão de poluentes.
Para Bruno Serapião, CEO da Atvos, a iniciativa reforça o papel estratégico do estado na transição energética brasileira:
“Mato Grosso do Sul tem papel fundamental na agenda global de energia sustentável. O investimento em biometano complementa nossa atuação na produção de combustíveis renováveis e fortalece a economia local.”
A Unidade Santa Luzia, que está presente na região há 15 anos, tem capacidade para moer 5,5 milhões de toneladas de cana, produzir 498 milhões de litros de etanol e cogera 576 GWh de energia elétrica a partir da biomassa. Além dela, a Atvos mantém outras duas unidades no estado: a Unidade Eldorado (UEL), em Rio Brilhante, e a Unidade Costa Rica (UCR), no município homônimo.
Brasil na rota do combustível de aviação sustentável - O reconhecimento internacional das unidades da Atvos reforça o avanço do Brasil na cadeia produtiva de combustíveis renováveis. Com uma produção baseada em insumos agrícolas e processos que reduzem impactos ambientais, o país pode ganhar competitividade no mercado global de SAF, tornando-se um fornecedor estratégico para companhias aéreas que buscam alternativas sustentáveis ao querosene fóssil.
O setor de biocombustíveis tem recebido incentivos para expandir sua participação no mercado internacional e reduzir emissões no transporte. Em Mato Grosso do Sul, o avanço das certificações indica novas oportunidades para exportação e investimentos no setor, consolidando o estado como um dos protagonistas da bioenergia no Brasil.