31 de dezembro de 1969 - 21h00

Prefeito de Paranhos faz arrumação da casa e a partir de amanhã começa recuperação da cidade

Interior

Depois de três semanas trabalhando só internamente com a assessoria direta, o novo prefeito do município de Paranhos, Julio Cesar de Souza, inicia amanhã, segunda-feira, um conjunto de ações emergenciais na cidade, com serviços de limpeza, pintura de meio-fio, capina e roçagem de praças, canteiros, pátios de escolas, centros de educação infantil e outros próprios municipais.

“Como meu antecessor não quis fazer uma transição, se negou a prestar informações, deletando inclusive os dados que estavam arquivados nos computadores, iniciamos nosso mandato praticamente às escuras”, informa o prefeito. Uma das suas primeiras medidas foi a concessão de férias coletivas para os servidores (com exceção do pessoal da saúde) nesta fase inicial da gestão.

Como não recebeu um inventário das máquinas e equipamentos da prefeitura, Júlio Cesar orientou sua assessoria para localizar este material necessário ao serviço de limpeza da cidade. “Localizamos roçadeiras, grades de tratores, britadeiras, na casa de particulares”, revela. A coleta de lixo foi interrompida nas últimas três semanas de 2012, mas foi restabelecida com apenas um caminhão de coleta.


PREFEITO JÚLIO CESAR - Localizamos roçadeiras, grades de tratores, britadeiras, na casa de particulares

Um segundo veículo deve ser colocado no serviço. A preparação para o ano letivo também ficou prejudicada. Oito (de uma frota de 22) ônibus do transporte escolar estão em situação precária, sustentados sobre cavaletes. “Estamos fazendo uma revisão geral para que em fevereiro, quando começa o ano letivo, toda a frota esteja em condições de uso”.

A frota percorre 2.500 quilômetros para transportar diariamente mil alunos da zona rural. Outro desafio que terá de ser resolvido até o início das aulas é onde acomodar as 50 crianças (do berçário e material) que ficavam em três salas do Centro de Educação Infantil “Mãe Antônia”. O prédio está interditado provisoriamente porque o telhado “selou” e apresenta um afundamento.

Será feito um laudo para se avaliar o risco de desabamento. O problema apareceu, cinco meses após a obra ter sido inaugurada pela administração anterior. Com uma receita mensal de R$ 1,8 milhão, uma folha de pagamento de R$ 600 mil, com saúde e educação comprometendo 47% da receita (R$ 846 mil), a atual administração herdou compromissos financeiros de curto prazo, sendo R$ 600 mil referentes a contrapartidas da prefeitura referente a construção de três escolas indígenas, além de R$ 79 mil para o pagamento de três resfriadores de leite, obra e equipamento já entregues.


Na saúde, o maior problema é que as duas ambulâncias (usadas para o transporte de pacientes para centros maiores) estão com problemas mecânicos, uma já com o motor fundido e outra, em vias de ter seu funcionamento comprometido.

O hospital municipal precisa passar por reforma do prédio, além da necessidade de se investir R$ 250 mil para substituição de equipamentos, como dois berços aquecidos, a mesa da sala de cirurgia e materiais da lavanderia.

Desafio de Júlio Cesar é tirar a cidade do isolamento geográfico e econômico

O professor de biologia Julio Cesar de Souza tem pela frente uma missão, bem maior do que a que enfrentou nas urnas, quando venceu a eleição e rompeu com 16 anos de dominação do PSDB na política, se tornando aos 33 anos, prefeito de Paranhos. É o desafio de tirar a cidade do isolamento geográfico e econômico.

Não é uma tarefa fácil, já que o município só conseguiu acesso por asfalto a Campo Grande, que está a quase 500 quilômetros de distância , no ano passado. . A cidade faz fronteira seca com o Paraguai, limitando- se com uma região onde cultivo de maconha é disseminado, embora as forças policiais paraguaias venham atuando fortemente na erradicação das lavouras.

A cidade emancipada há 24 anos, tem 12 mil habitantes, 40%, índios guarani-kaiowas, que reivindicam a ampliação das suas atuais reservas, gerando zonas de conflitos com fazendeiros que ocupam as áreas, muitos, com títulos de propriedades emitidos pelo Governo. A base da economia local é a pecuária. A área plantada com soja, a atividade agrícola mais relevante economicamente, caiu de 10.500 hectares em 2005, para os 1.200 hectares prevista na atual safra.

Portanto são muitos os obstáculos a serem ultrapassados para tirar Paranhos das últimas posições dos indicadores sociais ( tem o 75º pior IDH do Estado, 0,676) e econômico (seu Produto Interno Bruto é só o 69º, R$ 71,2 milhões). O maior empregador é a própria prefeitura, com 600 funcionários, garantia da injeção mensal de R$ 600 mil com o pagamento de salário, importante circulação de dinheiro, mais R$ 313 mil da transferência de renda do bolsa família que beneficia 1.421 famílias, o equivalente a quase 50% da população. Como não há matadouro municipal, nem todo dia tem carne na cidade, que é trazida de Amambai, cidade a 120 quilômetros.

A alternativa é um risco para a saúde pública, que é recorrer ao abate clandestino. O rol de problemas atinge a segurança pública. A cidade está sem delegado há mais de um ano, depois que o antigo titular, passou num concursou e se transferiu para Brasília. No curto prazo, o prefeito pretende reativar a fecularia existente na cidade, que quando funcionou na plenitude, chegou a gerar 25 empregos diretos, além de beneficiar a farinha produzida nos assentamentos e pelos índios.

Hoje esta produção sai in-natura para indústrias em cidades ou estados vizinhos. Julio Cesar tenta atrair para a cidade, a Indústria Pinduca, que tem posição de liderança no mercado. Na avaliação de Julio Cesar, a redenção de Paranhos depende fundamentalmente da execução de duas obras rodoviárias: a pavimentação “Como meu antecessor não quis fazer uma transição, se negou a prestar informações, deletando inclusive os dados que estavam arquivados nos computadores, iniciamos nosso mandato praticamente às escuras”, informa o prefeito.

Uma das suas primeiras medidas foi a concessão de férias coletivas para os servidores (com exceção do pessoal da saúde) nesta fase inicial da gestão. Como não recebeu um inventário das máquinas e equipamentos da prefeitura, Júlio Cesar orientou sua assessoria para localizar este material necessário ao serviço de limpeza da cidade. “Localizamos roçadeiras, grades de tratores, britadeiras, na casa de particulares”, revela.

A coleta de lixo foi interrompida nas últimas três semanas de 2012, mas foi restabelecida com apenas um caminhão de coleta. Um segundo veículo deve ser colocado no serviço. A preparação para o ano letivo também ficou prejudicada. Oito (de uma frota de 22) ônibus do transporte escolar estão em situação precária, sustentados sobre cavaletes.

“Estamos fazendo uma revisão geral para que em fevereiro, quando começa o ano letivo, toda a frota esteja em condições de uso”. A frota percorre 2.500 quilômetros para transportar diariamente mil alunos da zona rural. Outro desafio que terá de ser resolvido até o início das aulas é onde acomodar as 50 crianças (do berçário e material) que ficavam em três salas do Centro de Educação Infantil “Mãe Antônia”.

O prédio está interditado provisoriamente porque o telhado “selou” e apresenta um afundamento. Será feito um laudo para se avaliar o risco de desabamento. O problema apareceu, cinco meses após a obra ter sido inaugurada pela administração anterior.

Com uma receita mensal de R$ 1,8 milhão, uma folha de pagamento de R$ 600 mil, com saúde e educação comprometendo 47% da receita (R$ 846 mil), a atual administração herdou compromissos financeiros de curto prazo, sendo R$ 600 mil referentes a contrapartidas da prefeitura referente a construção de três escolas indígenas, além de R$ 79 mil para o pagamento de três resfriadores de leite, obra e equipamento já entregues.

Na saúde, o maior problema é que as duas ambulâncias (usadas para o transporte de pacientes para centros maiores) estão com problemas mecânicos, uma já com o motor fundido e outra, em vias de ter seu funcionamento comprometido.

O hospital municipal precisa passar por reforma do prédio, além da necessidade de se investir R$ 250 mil para substituição de equipamentos, como dois berços aquecidos, a mesa da sala de cirurgia e materiais da lavanderia. da rodovia Sul-Fronteira, que literalmente vai colocar a cidade no mapa. São 337 quilômetros, partindo de Sanga Puitã (em Ponta Porã), passando por Aral Moreira, Coronel Sapucaia, Paranhos, Sete Quedas e daí chegando a divisa com o Paraná. A obra deve ser retomada ainda este ano.

A outra rodovia é território paraguaio. É o asfaltamento da estrada que liga Curuguaty a Ypêjhú lugarejo que faz divisa com a cidade. Com esta pavimentação, o prefeito acredita que Paranhos pode abrigar um porto seco e assim tornar-se um corredor para a importação e exportação para o Mercosul (Mercado Comum do Sul).

A cidade é o ponto mais próximo da fronteira para se chegar a capital paraguaia, Assunção, bem como a países como Argentina e o Chile. De Ypêjhú e Paranhos até a capital paraguaia são apenas 308 quilômetros, sendo que de Pedro Juan Caballero, na divisa com Ponta Porã no Brasil a distância gira entorno de 540 quilômetros e de Ciudad Del Este, na divisa com Foz do Iguaçu, no Paraná são aproximadamente 460 quilômetros até a capital do país vizinho.

“Paranhos e toda a região Cone Sul serão beneficiados com este asfalto ligando Ypêjhú a Curuguaty. Será uma grande oportunidade para o desenvolvimento de nosso município e da região dos dois lados da fronteira”, destaca o prefeito.