Regularização fundiária avança em MS e pode beneficiar mais 3 mil famílias neste ano
Programa coordenado pelo TJMS acelera a entrega de títulos de propriedade e transforma a realidade de milhares de famílias no estado
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIAO sonho da casa própria vai além de apenas ter um teto. Para muitas famílias, ele passa pela segurança jurídica de um documento que garanta, de fato, a posse da moradia. Em Mato Grosso do Sul, esse sonho tem se tornado realidade por meio do Programa Lar Legal MS e da Reurb-S (Regularização Fundiária Urbana de Interesse Social). Somente em 2024, 6.230 famílias receberam títulos de propriedade, um avanço significativo na regularização fundiária do estado.
O levantamento foi divulgado pela Corregedoria-Geral de Justiça (CGJ) do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) e mostra como a iniciativa tem mudado vidas. O desembargador Luiz Tadeu Barbosa Silva, coordenador do programa, destacou a importância da Agência de Habitação Popular de MS (Agehab) no processo e o esforço contínuo para ampliar o alcance da regularização.
"Desde o ano passado, fizemos buscas em todos os municípios, falando com prefeitos e vereadores para que implementassem este programa tão importante e que está se desenvolvendo muito bem", ressaltou Luiz Tadeu. Ele citou o exemplo de Fátima do Sul, onde a espera pelo título durou apenas 81 dias, contrastando com os longos anos que uma ação de usucapião pode levar.
Um impacto que pode crescer ainda mais - Apesar do grande avanço, o programa ainda não chegou a todo o estado. Dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul, 44 ainda não aderiram à iniciativa, concentrando os títulos entregues em apenas 34 cidades, incluindo Campo Grande.
A expectativa para 2025 é ampliar esse alcance. Há milhares de processos em andamento que podem beneficiar entre 2.500 e 3.000 famílias ainda neste ano. A Corregedoria-Geral de Justiça, atualmente comandada pelo desembargador Ruy Celso Barbosa Florence, segue apoiando ativamente o programa, garantindo que a regularização continue avançando.
Como o Lar Legal acelerou a regularização fundiária - A regularização fundiária não é uma novidade no estado. Desde 2017, a Agehab já atuava na entrega de títulos em parceria com os municípios, utilizando o sistema Reurb. No entanto, a burocracia e os entraves judiciais dificultavam a conclusão dos processos.
Foi para resolver essa questão que, em 2020, a Corregedoria-Geral de Justiça do TJMS editou o Provimento nº 488, que reduziu a necessidade de ações judiciais e agilizou a concessão dos títulos. Com isso, muitas famílias que antes passavam anos aguardando um reconhecimento legal puderam finalmente ter seu imóvel regularizado.
O impacto do provimento, no entanto, só começou a ser sentido de forma expressiva durante o biênio 2023/2024, quando o TJMS intensificou a aplicação do programa e o estruturou como uma ferramenta essencial para a inclusão social.
A importância do título de propriedade - Além da segurança jurídica, o título de propriedade muda a vida das famílias beneficiadas de diversas formas. Ele permite, por exemplo, o acesso a financiamentos, inclusão nos programas habitacionais do governo e até melhorias na infraestrutura urbana.
Sem essa regularização, muitas famílias vivem em uma espécie de limbo, sem poder investir no imóvel, sem garantias legais e, muitas vezes, sem acesso a serviços básicos como água e energia regularizados.
"O fato de muitas famílias, especialmente de baixa renda, viverem em situação irregular compromete sua cidadania e fere os princípios da Constituição Federal", pontuou a Corregedoria no estudo que embasou a criação do Lar Legal MS.
Perspectivas para o futuro - Com um modelo consolidado e resultados concretos, o Lar Legal MS segue como uma das principais iniciativas de regularização fundiária do estado. O desafio agora é levar o programa para os municípios que ainda não aderiram e garantir que mais famílias possam conquistar o direito à propriedade formal.
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, em parceria com a Agehab e os governos municipais, segue mobilizado para que a regularização fundiária continue avançando e transformando realidades. Afinal, mais do que um pedaço de papel, o título de propriedade representa dignidade, segurança e cidadania para milhares de sul-mato-grossenses.