Maconha "dry" de alto valor é apreendida nos Correios de Campo Grande
Droga refinada com alto teor de THC é apreendida em Campo Grande antes de chegar ao sudeste
TRÁFICO DE DROGASNa tarde de quinta-feira (13), a Guarda Civil Metropolitana (GCM) interceptou 10 quilos de maconha do tipo “dry” em uma agência dos Correios de Campo Grande. A droga, conhecida como gourmet, não se parecia com a maconha prensada comum. Seu diferencial estava no processo químico de refino, que aumentava significativamente a concentração de tetrahidrocanabinol (THC), o princípio ativo responsável pelos efeitos alucinógenos da planta.
O carregamento estava distribuído em três encomendas, enviadas de cidades fronteiriças de Mato Grosso do Sul com o Paraguai e destinadas a municípios de Minas Gerais e Espírito Santo. O tráfico por meio do serviço postal tem sido uma alternativa para grupos criminosos, que tentam evitar estradas monitoradas e operações policiais em aeroportos.
O valor estimado da droga impressiona: segundo as autoridades, o preço da grama da maconha “dry” pode variar entre R$ 100 e R$ 500, dependendo da pureza e do mercado de destino. Isso eleva o prejuízo ao tráfico para até R$ 2,5 milhões, um número bem acima dos valores habituais de uma apreensão desse porte.
O que faz a maconha “dry” ser tão cara? - Diferente da maconha tradicional, a “dry” passa por um processo químico de purificação, que remove impurezas e intensifica a concentração de THC. Esse refino resulta em um produto mais potente, de efeito prolongado e altamente viciante.
Se comparada à maconha prensada comum, que tem um teor médio de THC entre 2% e 8%, a “dry” pode ultrapassar 30%, dependendo do método de produção. Essa diferença explica o preço inflacionado no mercado ilegal e a crescente demanda em grandes centros urbanos.
Como a droga foi interceptada? A operação começou com informações do setor de inteligência da GCM, que identificou indícios de material ilícito nas encomendas. Após a apreensão, o material foi enviado à Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar), onde passou por perícia e teve sua composição confirmada.
As investigações seguem para identificar remetentes e destinatários da carga. Até o momento, ninguém foi preso.
Correios na mira do tráfico - Não é a primeira vez que drogas são enviadas por serviços postais. O método tem sido adotado por traficantes como uma tentativa de escapar da fiscalização tradicional. Nos últimos anos, apreensões em agências dos Correios cresceram, especialmente com drogas de maior valor agregado, como skunk, haxixe e maconha gourmetizada.
Segundo dados da Polícia Federal, apenas em 2023, foram interceptadas mais de 10 toneladas de drogas enviadas pelos Correios no Brasil. O uso desse meio permite que traficantes distribuam substâncias em pequenas quantidades, dificultando o rastreamento dos envolvidos e reduzindo as perdas em caso de apreensão.
O caso de Campo Grande reforça a sofisticação do tráfico de drogas e a busca por rotas menos visadas. Enquanto houver demanda e preços altos, a maconha gourmet continuará encontrando caminhos para os mercados consumidores.