14 de fevereiro de 2025 - 14h45

Tribunal de Justiça de MS participa de encontro para melhorar pagamentos de precatórios

Reunião nacional discute soluções para agilizar dívidas do governo com cidadãos

Governo leva anos para pagar precatórios, e tribunais discutem formas de acelerar o processo - Foto: Divulgação | TJMS

Nem todo mundo sabe o que são precatórios, mas muita gente espera por eles. Precatório é o nome dado à dívida que o governo tem com uma pessoa ou empresa depois de perder uma ação na Justiça. O problema é que o pagamento desses valores pode demorar anos. Para tentar melhorar esse processo, representantes de tribunais de todo o Brasil se reuniram em São Luís, no Maranhão, entre os dias 12 e 14 de fevereiro, no Encontro da Câmara Nacional de Gestores de Precatórios dos Tribunais de Justiça.

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) enviou duas representantes para participar das discussões: a juíza Simone Nakamatsu, que auxilia a Vice-Presidência do tribunal, e a diretora do Departamento de Precatórios, Mônica Vogl. Durante o evento, especialistas debateram maneiras de organizar melhor a fila de pagamentos e evitar atrasos.

Na quinta-feira, 13 de fevereiro, Mônica Vogl mediou uma oficina sobre um tema que pode parecer burocrático, mas causa impacto direto para quem espera receber. A pauta foi “Retenções previdenciárias no pagamento de precatórios: inclusão no e-Social”. Parece complicado, mas o ponto central era este: quando o governo paga um precatório, precisa descontar valores de contribuição previdenciária. O problema é que muitas vezes essas informações não estão claras no documento original, o que pode gerar atrasos e complicações no pagamento.

“O recolhimento e a vinculação da contribuição previdenciária ainda geram muitas dúvidas e inconsistências nos tribunais. O objetivo da oficina foi apresentar soluções práticas para otimizar esse processo e reduzir problemas na execução dos precatórios”, explicou Vogl.

Por que essa discussão importa? O pagamento de precatórios é uma das grandes dores de cabeça do sistema judiciário. Como os valores costumam ser altos e envolvem dinheiro público, o governo cria calendários de pagamento que podem levar anos para serem cumpridos. Para se ter uma ideia, só no Mato Grosso do Sul, o montante devido já ultrapassa R$ 800 milhões, e quem está na fila muitas vezes espera uma década para receber.

No encontro, os tribunais discutiram maneiras de tornar esse processo mais rápido e previsível. Além disso, falaram sobre os desafios do Sistema Nacional de Precatórios (SisPreq), uma plataforma criada para tentar organizar melhor essas dívidas e dar mais transparência sobre quem tem direito a receber e quando o pagamento será feito.

“O intercâmbio de informações entre os tribunais é essencial para aprimorarmos nossos processos internos e garantirmos que os pagamentos de precatórios sejam feitos com mais eficiência e previsibilidade”, afirmou a juíza Simone Nakamatsu.

A grande questão, no fim das contas, é como equilibrar as contas públicas e garantir que quem venceu uma ação contra o governo não fique esperando indefinidamente para receber. O encontro terminou na sexta-feira, 14 de fevereiro, com um consenso: ainda há muito o que melhorar, mas o primeiro passo é garantir que os tribunais trabalhem de forma integrada para evitar que falhas burocráticas atrasem ainda mais os pagamentos.