Ao lado de Alcolumbre e Motta, Lula reforça foco em reformas e estabilidade econômica
Em reunião com lideranças do Congresso, presidente agradece apoio nas reformas econômicas e defende diálogo suprapartidário.
QUESTÃO IDEOLÓGICANesta segunda-feira (3), ao lado dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou um discurso conciliador. Em tom pragmático, afirmou que, uma vez no poder, a divisão ideológica dá lugar às demandas reais da população.
“Na hora que você está governando, na hora em que você está exercendo o seu mandato, a questão ideológica que divide durante as eleições fica secundarizada. E o que é prioritário são os interesses do povo brasileiro”, disse Lula, sugerindo que sua agenda vai além de diferenças partidárias e busca unidade política para aprovar projetos estruturantes.
PEC da Transição e reformas: o agradecimento aos parlamentares - Durante o encontro, Lula destacou o papel crucial do Congresso na aprovação de projetos centrais de seu governo, como a PEC da Transição, o arcabouço fiscal e a reforma tributária. Ele lembrou que, antes mesmo de assumir oficialmente o cargo, já havia conseguido apoio suficiente para aprovar a PEC que garantiu espaço no orçamento de 2023.
“Nós aprovamos uma PEC da Transição quando eu não tinha sequer assumido o governo. Aprovamos o arcabouço fiscal e uma política tributária que foi a primeira feita no regime democrático”, enfatizou.
A construção do diálogo no Congresso - A declaração de Lula não é só um recado sobre prioridades: ela reflete uma estratégia política de manutenção de apoio entre os líderes do Congresso. Hugo Motta, aliado próximo ao governo, e Davi Alcolumbre, conhecido pela sua habilidade de transitar entre diferentes blocos, são peças centrais na articulação de projetos como a segunda fase da reforma tributária e a revisão das regras fiscais.
Para analistas, o discurso pragmático de Lula é uma tentativa de neutralizar resistências em um Congresso fragmentado. O foco nas pautas econômicas — e não no embate ideológico — busca gerar um ambiente de estabilidade e, ao mesmo tempo, mostrar ao mercado que o governo está comprometido com o equilíbrio fiscal.
O que vem pela frente? - Com o Congresso retomando as atividades em 2025, Lula pretende avançar na discussão de projetos estruturantes. A segunda fase da reforma tributária, que deve mexer na taxação sobre a renda e os setores financeiros, promete ser um dos principais desafios. O governo também prepara medidas para regulamentar o novo arcabouço fiscal e aumentar os investimentos públicos sem romper o teto de gastos.
Um equilíbrio delicado - Apesar do tom conciliador, o presidente não ignora as diferenças ideológicas que continuarão presentes no cenário político. Para um especialista ouvido pela reportagem, “a questão não é se Lula abandonará suas pautas progressistas, mas sim como ele vai equilibrar isso com as pressões econômicas e os interesses dos parlamentares”.
Se a estratégia de Lula for bem-sucedida, ele pode se consolidar como o mediador de um governo que, mesmo com bases divergentes, busca resultados concretos. Como ele mesmo disse, o foco está em “entregar para o povo brasileiro”.