O assunto é apropriado aos campo-grandense, devido a polêmica da possivel cobrança de mais uma taxa e pelo cancelamento do prefeito Alcides Bernal (PP) da licitação e contrato sobre a Inspeção Veicular, que foi realizada na gestão passada, do então prefeito Nelsinho Trad. Como também com o período de férias, o fluxo de veículos nas estradas aumenta e, devido a isso, é fundamental conferir se o carro está com algum problema e as condições ideais para trafegar nas rodovias.

Mas nesse caso o que é melhor: optar por uma inspeção ou ir direto a uma revisão? O assessor jurídico da Associação Paranaense dos Organismos de Inspeção Acreditados (Apoia), Lenine Mateus Albernaz, comenta sobre ambos os procedimentos e esclarece algumas dúvidas.

A inspeção consiste numa avaliação geral do veículo e tem o objetivo de emitir um laudo oficial, isento de interesses comerciais, que relata condições de segurança. O procedimento é realizado em estações de inspeção e não é desmontado nenhum componente do veículo. São utilizados equipamentos mecanizados para ensaios de frenagem, teste da suspensão e alinhamento, placas hidráulicas para teste de folgas, análise de nível de poluentes e ruído - por meio de equipamentos homologados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), dentre outros. “A inspeção permite ao proprietário obter resultados objetivos dos ensaios realizados no veículo e dura hora para ser feita”, afirma.

Já a revisão é um processo comercial e as empresas que a executam seguem um padrão pré-determinado no qual as verificações são visuais. Eventualmente pode ser suficiente para deixar o veículo em dia, mas não há garantias de que a peça que foi substituída estava realmente com defeito. “Não há equipamentos automatizados que garantam isso”, comenta.

Processos diferentes e missão individual

De acordo com Albernaz, o processo de inspeção é isento e imparcial, pois como não se desmonta o veículo e nem são vendidas peças no local, a empresa responsável não tem interesse direto na venda dessas peças ou serviços. “Os engenheiros/inspetores técnicos, que trabalham em empresas de inspeção, são aprovados pelo Inmetro, possuem formação condizente com a atividade, possuem registro regular no CREA e assumem responsabilidade cível e criminal sobre as inspeções realizadas”, completa. A revisão é onde se conserta efetivamente o veículo. Atividade que não é realizada pelos organismos de inspeção. “Ambos são importantes, mas têm funções distintas”, complementa.

A missão das empresas é realizar inspeções de segurança, as quais visam a melhoria do trânsito. São empresas que possuem um padrão de trabalho que segue diversas normas de segurança, legislação de trânsito e outras normas veiculares e ambientais, tais como resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), etc.

“Nossa atividade tem fundamentação no artigo 106 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e atualmente os organismos de inspeção sobrevivem apenas porque a legislação determina que em casos de modificação veicular, sinistro ou fabricação artesanal, estes veículos obrigatoriamente têm que passar por uma inspeção no Inmetro ou em empresa acreditada por ele”, salienta o assessor jurídico da associação. “Queremos ampliar nosso foco para clientes que queiram fazer uma inspeção para saber como está o seu automóvel ou porque estão comprando um veículo e querem saber se houve algum sinistro ou como estão as reais condições do mesmo”, finaliza.