Da redação | 20 de janeiro de 2025 - 13h05

Uso descontrolado de tecnologia é pauta do Janeiro Branco deste ano

Consumo excessivo de conteúdos rápidos e superficiais afeta saúde mental; Janeiro Branco alerta sobre os riscos e aponta soluções

JANEIRO BRANCO
Em 2024, o termo "brain rot", que significa "apodrecimento cerebral", foi escolhido como a palavra do ano pela Universidade de Oxford, após uma votação pública que reuniu mais de 37 mil participantes. - (Foto: Divulgação)

O primeiro movimento do dia de muitos brasileiros é apertar o botão de soneca no despertador do celular. Depois disso, a rotina digital começa: mensagens, redes sociais e vídeos curtos disputam a atenção entre uma tarefa e outra. Porém, especialistas alertam que essa exposição constante a conteúdos rápidos e superficiais pode estar desgastando o cérebro.

O termo “brain rot” (apodrecimento cerebral, em tradução livre) foi eleito como a palavra do ano de 2024 pela Universidade de Oxford. A expressão descreve um fenômeno de desgaste mental causado pelo excesso de estímulos digitais rápidos, como vídeos no TikTok e no Instagram. A votação, que reuniu mais de 37 mil participantes, reflete a preocupação crescente com os impactos do uso intensivo de tecnologia.

Embora o termo não seja oficialmente reconhecido na medicina, ele alude a um conceito já estudado na neurociência: a atrofia cognitiva. Segundo o psicólogo Thiago Ayala, do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS), o problema está na falta de estímulos profundos no dia a dia.

“O cérebro humano precisa de desafios constantes para manter suas funções otimizadas”, explica Ayala. “O consumo exagerado de conteúdos rasos pode gerar apatia, dificuldade de concentração e até sintomas de ansiedade e depressão.”

A campanha Janeiro Branco, criada em 2014, busca ampliar o debate sobre saúde mental, principalmente no início do ano, um período em que muitas pessoas reavaliam suas vidas. Este ano, a mobilização tem como pano de fundo a discussão sobre o “brain rot” e os danos do consumo digital desmedido.

Rotina digital e saúde mental - O “brain rot” não é apenas um reflexo da dependência tecnológica, mas também dos algoritmos que incentivam o consumo de conteúdos curtos. O efeito cumulativo dessa dinâmica é o enfraquecimento da capacidade de foco e aprendizado.

Entretanto, o psicólogo destaca que existem formas simples e eficazes de combater os impactos do fenômeno:

• Exercícios cognitivos: Atividades como leitura e quebra-cabeças ajudam a manter o cérebro ativo.

• Atenção plena: Estratégias de mindfulness ajudam a lidar com pensamentos negativos e a melhorar o foco.

• Limitar o tempo em telas: Reduzir o uso de redes sociais e consumir conteúdos enriquecedores cria um ambiente mental mais saudável.

• Atividade física: Exercícios regulares têm impacto positivo na saúde mental e cognitiva.

“Quando os pacientes aplicam essas práticas, os resultados aparecem rapidamente. Uma pequena mudança no cotidiano pode fazer uma diferença enorme na forma como a pessoa lida com a vida”, explica Ayala.

Uma folha em branco para a saúde mental - O Janeiro Branco propõe um recomeço: assim como o primeiro mês do ano é visto como uma página em branco, o cuidado com a saúde mental deve ser uma prioridade renovada. A campanha destaca que, em tempos de excesso de estímulos digitais, reavaliar o uso da tecnologia é essencial para encontrar um equilíbrio entre o mundo online e offline.

“Precisamos reconhecer que a tecnologia é útil, mas ela não pode substituir o contato humano ou a reflexão profunda. A chave é o equilíbrio”, conclui Ayala.