Dólar se mantém acima de R$ 6 em 2025: tensão externa e incertezas fiscais no Brasil explicam alta
Moeda norte-americana fecha a R$ 6,11, influenciada por declarações de Trump e dúvidas sobre a política econômica brasileira
MERCADO FINANCEIROO dólar fechou em alta de 0,09% nesta quarta-feira, 8 de janeiro de 2025, cotado a R$ 6,11. A moeda norte-americana já está acima dos R$ 6 há 27 dias consecutivos, refletindo uma combinação de fatores externos e internos que têm deixado o mercado financeiro em alerta.
Durante o dia, o dólar chegou a atingir a máxima de R$ 6,16, por volta das 11h44, antes de recuar levemente. O menor valor registrado foi de R$ 6,10, próximo ao fechamento, às 16h30.
A principal influência do dia veio de declarações do futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que sugeriu a possibilidade de instaurar uma emergência econômica para justificar a criação de tarifas mais agressivas contra parceiros comerciais, entre eles o Brasil e a Índia.
Além disso, investidores aguardam ansiosos pela divulgação do payroll, o relatório oficial de empregos nos Estados Unidos, previsto para sexta-feira (10 de janeiro). Esse indicador é um dos principais termômetros da economia norte-americana e pode indicar se o país continuará aumentando suas taxas de juros, o que tradicionalmente fortalece o dólar globalmente.
Incertezas fiscais no Brasil também pesam - No Brasil, a situação fiscal continua sendo uma pedra no sapato dos investidores. Apesar da aprovação do pacote de revisão dos gastos públicos, considerado um passo importante para o equilíbrio das contas, as medidas não foram suficientes para dissipar as dúvidas sobre a capacidade do governo de controlar o déficit fiscal no longo prazo.
Na sexta-feira (10 de janeiro), também será divulgada a inflação oficial do Brasil. Analistas já antecipam que o indicador ficará acima da meta estipulada pelo governo, o que pode adicionar mais um elemento de pressão sobre o câmbio.
Enquanto isso, investidores seguem cautelosos, atentos tanto às movimentações em Brasília quanto às decisões do governo norte-americano. A combinação de incertezas locais e internacionais tem feito o dólar oscilar e permanecer acima dos R$ 6, patamar que não era visto desde o início da pandemia de 2020.
A influência de Trump e o cenário global - A possibilidade de tarifas mais altas por parte dos Estados Unidos, uma promessa frequente nas declarações de Trump, preocupa países emergentes como o Brasil. O mercado teme que medidas protecionistas possam afetar negativamente o comércio internacional, reduzindo as exportações brasileiras e afastando investimentos externos.
Além disso, há expectativa sobre a política de juros dos Estados Unidos. Caso o Federal Reserve (o banco central norte-americano) mantenha uma política de juros altos para conter a inflação, o dólar tende a permanecer valorizado em relação às moedas de países emergentes.
O que esperar nos próximos dias? Os próximos dias serão decisivos para o rumo do dólar. A divulgação do payroll e da inflação brasileira na sexta-feira deve trazer mais clareza sobre o comportamento da moeda nos próximos meses.
Enquanto isso, especialistas recomendam cautela. Para empresas e pessoas físicas que dependem do dólar para realizar transações internacionais, o momento exige planejamento financeiro e atenção redobrada às notícias econômicas.
Com o cenário atual, uma coisa é certa: o mercado financeiro continuará reagindo rapidamente a qualquer sinal de mudança, seja na economia norte-americana, seja no ambiente político e fiscal brasileiro.