Ricardo Eugenio | 02 de janeiro de 2025 - 16h17

Marçal Filho demite 623 servidores e inicia gestão com choque de eficiência em Dourados

Prefeito estreia com discurso duro, cortes profundos e promessa de uma prefeitura mais enxuta e eficiente

REFORMA ADMINISTRATIVA
Prefeito Marçal Filho exonera 623 servidores em Dourados, promete eficiência e gestão sem promessas vazias. - (Fotos F. Grott/CMD)

No primeiro dia de mandato, o novo prefeito de Dourados, Marçal Filho, não deixou dúvidas sobre sua estratégia de gestão: exoneração em massa e cobrança por resultados. No primeiro Diário Oficial do Município de 2025, o documento de número 6.286 trouxe o desligamento de 623 servidores públicos, abrangendo assessores, diretores de núcleos e outros cargos comissionados.

Marçal, um político de discurso direto e tom pragmático, justificou a medida como “inevitável para ajustar a máquina pública”. Em seu discurso de posse, ele foi categórico: “Quem não for essencial, não será mantido”.

A medida não surpreende. O município já operava no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), com gastos com pessoal muito próximos do teto legal de 54% da receita corrente líquida. As exonerações foram acompanhadas por uma determinação clara aos secretários: apresentar uma lista de servidores essenciais e não essenciais para uma nova análise.

Gestão como empresa: resultados e eficiência - Na primeira reunião com o secretariado, Marçal Filho foi direto: “Plano de ação é ação. Não aceito promessas vazias”. Sua fala ecoou como um mantra entre os presentes, que ouviram repetidamente sobre eficiência, resultados e atendimento ao cidadão.

A orientação foi clara: os serviços públicos precisam melhorar. Seja na Unidade Básica de Saúde (UBS), no CRAS, nas escolas municipais ou no Procon, a ordem é garantir que cada cidadão seja recebido com respeito, educação e informação adequada.

Adeus ao “cabide de emprego” - A reestruturação, segundo o prefeito, não tem apenas um objetivo fiscal, mas também simbólico. Acabar com o clientelismo histórico que frequentemente transforma prefeituras em cabides de emprego.

Embora o impacto imediato das demissões ainda esteja sendo calculado, especialistas ouvidos pela reportagem estimam que a medida pode reduzir significativamente a folha de pagamento já nos primeiros meses.

Sem cadeira cativa - Marçal Filho não poupou nem mesmo seus secretários. Ele deixou claro que não há compromisso com permanência automática no cargo. “Eu não tenho compromisso de manter na equipe quem não trabalha e quem não se dedica. Trocas serão feitas sempre que necessário”.

O tom de cobrança reflete um estilo de liderança mais próximo do mundo corporativo do que da política tradicional. O prefeito parece decidido a adotar um sistema de metas e avaliações contínuas, o que pode ser um desafio considerável em um ambiente burocrático como a administração pública municipal.

O legado das promessas - As promessas feitas na campanha agora pesam sobre os ombros do prefeito. Dourados enfrenta problemas históricos: desde o caos na saúde pública até deficiências estruturais no atendimento social. Marçal quer ser lembrado como o prefeito que "enxugou a máquina e fez acontecer", mas sua gestão será acompanhada de perto por vereadores, sindicatos e, claro, pela população.

Enquanto as exonerações geram alívio nas contas públicas, também criam um clima de instabilidade e apreensão entre os servidores que permanecem.

Primeiros passos e próximos desafios - Os próximos meses serão cruciais para Marçal Filho. Além de reorganizar as secretarias, ele terá que lidar com pressões políticas e resistência interna, além de entregar resultados concretos que justifiquem as demissões.

As primeiras medidas já lançaram luz sobre a direção de sua gestão:

O prefeito, que assumiu o cargo com um discurso firme e promessas ambiciosas, agora enfrenta a tarefa mais desafiadora: mostrar que os cortes foram apenas o primeiro passo para uma Dourados mais eficiente e menos burocrática.

Se vai conseguir ou não, é algo que apenas o tempo dirá. Mas, por enquanto, Marçal Filho deixou claro que, em sua gestão, não há cadeira cativa para ninguém – nem para servidores, nem para secretários, nem para velhos hábitos da política local.