Novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, assume com missão de equilibrar economia
Juros altos e pressão política marcam chegada de Gabriel Galípolo ao comando do Banco Central
JUROS ALTOSNo corredores do Palácio do Planalto, Gabriel Galípolo, o novo presidente do Banco Central (BC), recebeu o decreto que oficializa sua posse. Em 1º de janeiro de 2025, ele assumirá a autoridade monetária mais poderosa do Brasil, com a tarefa de equilibrar o controle inflacionário e, ao mesmo tempo, atender às expectativas políticas do governo Lula. A cerimônia de nomeação, na última segunda-feira (30), contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Galípolo, que já era diretor de Política Monetária do BC desde 2023, chega ao cargo após meses de intenso debate sobre a política de juros no país. A Selic, atualmente em 12,25%, ainda figura entre as mais altas do mundo. No ranking global, o Brasil ocupa a desconfortável segunda posição em juros reais, com uma taxa de 9,48% ao ano, atrás apenas da Turquia.
A nova liderança do Banco Central, no entanto, não chega sem bagagem. Galípolo participou de doze reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) nos últimos dois anos e divergiu de Roberto Campos Neto apenas uma vez. Naquele encontro, em maio de 2024, Galípolo votou por uma redução mais acentuada dos juros, mas foi voto vencido. Fora esse episódio isolado, os dois demonstraram sintonia técnica, sinalizando que a sucessão pode ser menos turbulenta do que se imaginava.
A política monetária brasileira tem sido um campo de batalha constante entre o governo federal e o Banco Central. Para o PT, a taxa de juros elevada é vista como um freio ao crescimento econômico. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, chegou a acusar Campos Neto de "terrorismo monetário".
Com Galípolo, espera-se uma postura menos conflituosa, mas ainda há desafios monumentais pela frente. As duas primeiras reuniões do Copom em 2025 já devem trazer aumentos na Selic, conforme sinalizado anteriormente. Isso pode aumentar a pressão política sobre o novo presidente, que já garantiu que decisões do Copom não seguem "posts nas redes sociais".
Entre economistas, a expectativa é de que Galípolo siga uma linha pragmática, aliando conhecimento técnico com habilidade política. Aos olhos do mercado, a transição foi vista com cautela, mas sem histeria. Para o governo, Galípolo representa a possibilidade de um BC mais "alinhado" com os objetivos de crescimento econômico, sem deixar de lado o compromisso com a estabilidade financeira.
Se o cenário de juros altos persistir, Galípolo terá de equilibrar uma política monetária firme com uma gestão sensível às demandas sociais. O novo presidente do Banco Central inicia sua jornada com uma certeza: o desafio será grande, mas o momento pede firmeza e equilíbrio.