Da redação | 26 de dezembro de 2024 - 13h00

Humap-UFMS busca voluntários para estudo inédito sobre prevenção de AVC em pacientes renais crônicos

Pesquisa busca estratégias mais seguras de anticoagulação para reduzir o risco de AVC e sangramentos em pacientes com fibrilação atrial e doença renal avançada

ESTUDO
Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS) - (Foto: Divulgação)

No Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS), em Campo Grande, uma busca silenciosa está acontecendo: voluntários estão sendo recrutados para participar de um estudo que pode redefinir a forma como pacientes com doença renal crônica avançada e fibrilação atrial são tratados para prevenir Acidente Vascular Cerebral (AVC).

É um projeto ambicioso. Mais de 50 centros de pesquisa no Brasil estão envolvidos, com a meta de recrutar cerca de 1.500 participantes. O Humap-UFMS, vinculado à Rede Ebserh, está entre esses centros que trabalham para entender o melhor caminho para reduzir o risco de AVC nesses pacientes — uma população frequentemente deixada às margens de estudos clínicos mais abrangentes.

AVC e doença renal: uma combinação perigosa - O AVC é uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo. Para pacientes com doença renal crônica avançada, especialmente aqueles que também têm fibrilação atrial, o risco se multiplica. Isso porque esses pacientes têm um desafio adicional: a necessidade de anticoagulantes para prevenir coágulos sanguíneos, que, por sua vez, aumentam o risco de sangramentos graves.

É uma corda bamba médica: afinar o sangue o suficiente para evitar coágulos, mas não tanto a ponto de provocar hemorragias fatais. Esse é o equilíbrio que o estudo pretende encontrar.

Quem pode participar? O estudo está aberto para pessoas maiores de 18 anos, com diagnóstico de fibrilação atrial e doença renal crônica avançada, estejam ou não em hemodiálise. Os interessados podem entrar em contato pelo telefone (67) 3345-3352.

A participação envolve 24 meses de acompanhamento, com visitas trimestrais ao hospital para monitoramento e ajustes no tratamento, se necessário.

Um estudo pioneiro - “Este estudo é de extrema importância, pois é o primeiro no mundo a avaliar a melhor estratégia de anticoagulação nos pacientes com doença renal crônica avançada, inclusive naqueles que estão em hemodiálise”, explica a Dra. Adriana Lugo Ferrachini, subinvestigadora do projeto no Humap-UFMS.

Ao lado dela, outros especialistas estão envolvidos, incluindo o Dr. Delcio Gonçalves Da Silva Junior, a Dra. Roberta Cristine Miranda Lorandi, além dos coordenadores de pesquisa Filipe Stadler e Guilherme Fermiano Bertolli.

O impacto esperado - Esse não é apenas mais um estudo clínico. É uma tentativa de responder a uma pergunta que há tempos atormenta médicos e pesquisadores: qual é a forma mais segura de tratar pacientes que vivem com duas condições graves e frequentemente conflitantes — a fibrilação atrial e a doença renal crônica avançada?

Durante os dois anos de acompanhamento, os pesquisadores não estarão apenas analisando números e estatísticas, mas também monitorando de perto a qualidade de vida dos pacientes, as possíveis complicações e os ajustes necessários nos tratamentos.

Por que participar? A pesquisa oferece mais do que a chance de ser parte de uma descoberta científica. Para os voluntários, representa uma oportunidade de receber acompanhamento médico de alta qualidade, com atenção especializada e acesso a estratégias que podem mudar não apenas suas vidas, mas também a forma como a medicina lida com casos semelhantes no futuro.

Além disso, a participação tem um impacto social significativo. Cada voluntário contribui diretamente para o avanço da ciência, ajudando a criar um caminho mais seguro para milhares de outros pacientes que enfrentam os mesmos desafios diariamente.

O papel de Mato Grosso do Sul na ciência global - O fato de Campo Grande sediar um estudo dessa magnitude não é algo trivial. O Humap-UFMS, com sua infraestrutura robusta e equipe especializada, está se consolidando como um polo de pesquisa médica relevante no Brasil. Em um cenário onde os grandes centros de pesquisa costumam se concentrar no Sudeste, a participação ativa de Mato Grosso do Sul nesse tipo de iniciativa é uma afirmação: ciência de ponta também se faz aqui.