ANS projeta R$ 280 bi na saúde suplementar em 2025 com foco em fiscalização e tecnologia
ANS apresenta Plano de Gestão 2025 com foco em fiscalização, tecnologia e melhorias no setor de saúde suplementar.
PLANO DE GESTÃOSe a saúde suplementar no Brasil fosse uma peça de teatro, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) teria o papel de um diretor que precisa equilibrar um elenco nervoso – entre operadoras, prestadores de serviço e consumidores – e manter o espetáculo rodando sem vaias. O Plano de Gestão Anual (PGA) 2025 (clique aqui e confira), recém-apresentado, é um roteiro técnico para a temporada que se aproxima, e suas páginas sugerem um esforço para modernizar o sistema com tecnologia, melhorar as relações entre as partes envolvidas e, de quebra, fiscalizar de perto os possíveis desvios de cena.
Em números: uma indústria bilionária - O setor de saúde suplementar no Brasil movimenta cerca de R$ 280 bilhões por ano e atende mais de 50 milhões de beneficiários em planos de saúde e 35 milhões em planos odontológicos. Só em 2023, a ANS registrou mais de 1,6 milhão de reclamações relacionadas a planos de saúde. Com esses números em mãos, o PGA 2025 assume um compromisso: melhorar a transparência na relação entre operadoras e consumidores e garantir que os recursos – em sua maioria pagos com sacrifício por milhões de brasileiros – sejam bem aplicados.
Tecnologia como bússola - Em uma era de chatbots e algoritmos, a ANS quer transformar a burocracia do setor em algo mais leve e eficiente. Um dos principais focos do plano é a implementação do Plano Diretor de Tecnologia da Informação e Comunicação (PDTIC), que promete otimizar análises de dados, reduzir prazos de resposta para demandas judiciais e agilizar processos administrativos. Entre as ações previstas, está a digitalização completa de sistemas e o uso de inteligência artificial para cruzar dados e identificar possíveis fraudes.
O olhar sobre a qualidade - A palavra “qualidade” aparece repetidamente ao longo das metas traçadas pela ANS. Em 2025, a agência pretende avançar no Programa de Certificação de Boas Práticas em Atenção Oncológica, uma área historicamente sensível no atendimento de saúde privada. O monitoramento de indicadores de desempenho e a ampliação de auditorias periódicas estão no radar.
Fiscalização: mais olhos, mais perto - Se a fiscalização sempre foi um calcanhar de Aquiles no setor, o plano de 2025 promete reforçar a vigilância sobre operadoras e prestadores. A ANS pretende ampliar os instrumentos de monitoramento de contratos, criar novas ferramentas de análise de dados e aumentar o número de fiscalizações presenciais. A promessa é de que irregularidades sejam detectadas antes de se tornarem escândalos estampados nas manchetes.
Integração com o SUS: um diálogo necessário - Outro ponto de destaque no documento é a tentativa de reforçar os laços com o Sistema Único de Saúde (SUS). A revisão dos painéis informativos sobre o ressarcimento ao SUS – valor que as operadoras precisam devolver ao sistema público quando seus clientes usam serviços gratuitos – está entre as prioridades. A meta é fechar brechas que permitem que operadoras evitem repassar os recursos devidos.
Prevenção e educação - O plano também aponta para a importância de ações educativas e campanhas informativas. Em 2025, a ANS pretende lançar campanhas de conscientização sobre direitos dos consumidores, uso adequado dos planos de saúde e prevenção de doenças.
Metas ambiciosas, realidade complexa - Apesar das boas intenções e das metas claras, o caminho até 2025 será repleto de desafios. A crise econômica pode afetar a capacidade de pagamento de muitos beneficiários, aumentando os índices de inadimplência e, por consequência, pressionando ainda mais as operadoras. Além disso, há o risco constante de judicialização do setor, que em muitos casos transforma questões técnicas em longos processos judiciais.
Um compromisso trimestral - O sucesso do plano será medido por relatórios trimestrais de desempenho. Cada ação será avaliada e ajustada, se necessário, para garantir que as metas não se percam em meio à burocracia e aos imprevistos.
O Plano de Gestão Anual 2025 da ANS não é apenas um amontoado de gráficos, tabelas e jargões técnicos. É, no fundo, uma promessa. Uma promessa de que, pelo menos nos próximos doze meses, alguém estará olhando de perto para um setor que, mais do que qualquer outro, mexe diretamente com a vida – e a saúde – de milhões de brasileiros.