Haddad diz ter relação muito próxima com Lula e que hoje há mais consenso sobre questão fiscal
Ministro destaca avanço no entendimento sobre questões fiscais e afirma que luta contra privilégios é diária
POLÍTICA FISCALEm tom direto e com frases afiadas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou nesta sexta-feira (20) os bastidores das discussões sobre o ajuste fiscal e a relação próxima que mantém com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em conversa com jornalistas, Haddad disse que hoje há mais consenso no governo sobre a necessidade de ajuste nas contas públicas do que havia há um ano.
— Existe uma disputa natural sobre o ajuste, mas acho que hoje há mais consenso sobre o que precisa ser feito do que quando começamos, afirmou Haddad.
O ministro comparou o processo de convencimento de Lula com o esforço de um maratonista ao final de uma corrida. Segundo ele, o trabalho no Ministério da Fazenda exige paciência e persistência, pois as demandas são diárias e as resistências, constantes.
— Esse é o trabalho da Fazenda. É como perguntar a um corredor se ele está cansado depois de uma maratona. Claro que estamos cansados, mas esse é o nosso papel, completou.
Uma relação próxima e transparente - Haddad destacou que sua relação com Lula é marcada por confiança e generosidade. Segundo ele, o presidente é direto nas cobranças, mas mantém um tom afável com a equipe econômica.
— O presidente é muito generoso com todos. Ele dá os recados dele, do jeito dele, mas sempre com muita afabilidade. Não vejo ninguém com dificuldade de interação com o presidente, disse Haddad, revelando um tom leve durante um almoço de confraternização com a equipe econômica.
Privilégios na mira do ajuste fiscal - Sobre o ajuste fiscal, Haddad foi enfático ao afirmar que há grupos privilegiados que tentam manter suas vantagens e que esses grupos têm influência significativa em Brasília. Ele apontou que muitos desses setores se recusam a aceitar mudanças, mas costumam ser justamente aqueles que não pagam impostos.
— Ninguém está aumentando imposto. Não criamos novos tributos nem aumentamos alíquotas. O problema é que quem tem privilégios quer continuar não pagando, e essas pessoas têm poder para isso, criticou Haddad.
O ministro reforçou que o caminho escolhido pelo governo é o mais difícil, mas também o mais justo: fazer com que aqueles que historicamente não pagam impostos, finalmente paguem.
— A luta é diária e a resistência é grande, mas estamos determinados a seguir esse caminho, concluiu Haddad.
Desafios para 2025 - A fala do ministro ocorre em um momento delicado para o governo, que precisa avançar no equilíbrio das contas públicas para garantir credibilidade e confiança do mercado. As declarações de Haddad sugerem que, apesar das dificuldades, há avanços significativos no entendimento político sobre a importância do ajuste fiscal.
Enquanto isso, a Fazenda segue ajustando suas estratégias para que o equilíbrio entre arrecadação e gastos não recaia, mais uma vez, sobre os ombros dos mais vulneráveis.