Fernanda Trisotto e Amanda Pupo | 20 de dezembro de 2024 - 14h10

Haddad diz que desafio da comunicação só aumenta com as redes sociais

Ministro também falou em ter uma relação muito próxima com Lula e que hoje há mais consenso sobre questão fiscal

FERNANDO HADDAD
Haddad diz que desafio da comunicação só aumenta com as redes sociais - (Foto: Wilton Junior/Estadão)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou nesta sexta-feira, 20, a comunicação como "um desafio permanente, ainda mais considerando os tempos em que vivemos". "A comunicação se torna mais desafiadora quando o governo está em meio a mudanças. Quem não quer mudar nada não precisa comunicar nada. O Brasil precisa de mudanças e isso gera tensão, o desafio da comunicação só aumenta com redes sociais", afirmou nesta sexta, quando participou de café da manhã com jornalistas.

Para exemplificar esse ponto, ele citou as notícias envolvendo suas férias em janeiro, quando despachará de São Paulo para acompanhar um procedimento cirúrgico de Ana Estela Haddad, sua esposa.

"Aí a notícia era: no meio da crise, Haddad vai tirar férias. A culpa é minha, eu deveria saber que teria algum bolsonarista que pegaria isso. Estou queimando meus dias de férias para trabalhar perto da minha esposa convalescente. Como não nos prevenimos, a notícia nas redes sociais é completamente maluca", disse o ministro da Fazenda.

Relação com Lula é próxima e há mais consenso sobre questão fiscal

Haddad disse que tem uma relação de muita proximidade com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e que a incumbência do governo não é simples, inclusive no ajuste fiscal. "Tem uma disputa sobre o ajuste. Eu diria que hoje há mais consenso do que há um ano atrás sobre o que deve ser feito", disse.

Sobre se foi difícil o convencimento do presidente Lula sobre o pacote fiscal, Haddad ponderou que o trabalho na Fazenda exige essa tarefa. "Aqui é diário esse trabalho."

Ele comparou o questionamento ao mesmo que perguntar para um corredor se ele está cansado após uma maratona e reiterou que esse é o trabalho da Fazenda.

Haddad também classificou o presidente como "muito generoso" com a equipe, e que não vê alguém no governo com dificuldades de interação com Lula. "É uma confraternização de fim de ano sobre o almoço marcado para esta sexta. O presidente é muito generoso com a equipe. Dá os recados dele, do jeito dele, sempre muito afável. Não vejo ninguém com dificuldade de interação com o presidente, muito tranquila a interação com ele", disse.

Em relação ao ajuste fiscal, o ministro avaliou ser natural que haja disputa entre grupos de privilegiados que tentam mantê-los e que esses grupos têm ascendência em Brasília, o que faz com que os ajustes acabem sendo feitos na parte mais fraca da sociedade. Por isso, o governo tenta fazer um ajuste mais amplo. "Tem que ser todo mundo mesmo", disse.

Ele comentou que o lado privilegiado costuma dizer que não aceitarão mais impostos, mas geralmente porque eles próprios não pagam. "Ninguém está aumentando imposto, não criamos imposto e não aumentamos alíquota. Quem não paga quer continuar não pagando, e essa pessoa tem poder. Quem conseguiu um privilégio em Brasília tem a mesma força para impedir que ele seja revisto", disse Haddad, segundo quem decidiu adotar o caminho mais difícil e que considera mais justo, que é fazer quem não paga, pagar.