Zeca do PT entrega presente especial a Lula e convida presidente para nova pescaria
Álbum com fotos de um carnaval de 1997 em Porto Murtinho reacende histórias entre companheiros de quatro décadas
POLÍTICAHá encontros que ultrapassam as formalidades da política e mergulham na intimidade de décadas de convivência. Foi o que se viu na última quinta-feira, 5 de dezembro, em Ribas do Rio Pardo, durante a inauguração da fábrica de celulose da Suzano. Ali, no coração do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, ex-governador e atual deputado estadual, encontrou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o gesto de Zeca foi tão nostálgico quanto simbólico: entregou a Lula um álbum de fotos do carnaval de 1997 em Porto Murtinho, uma cidade que é mais história do que geografia.
As imagens, registradas por Ernesto Franco, capturam um momento quase mítico: o então sindicalista Lula, ainda longe de sua primeira vitória presidencial, dançando no carnaval, pescando no Rio Paraguai e compartilhando conversas com uma lista de companheiros que parece saída de uma reunião histórica do Partido dos Trabalhadores. “Foi uma viagem sensacional e que rendeu belíssimas memórias”, escreveu Zeca em suas redes sociais, aproveitando para fazer o convite que soa tanto como um gesto de amizade quanto uma declaração de saudade: “Convidamos o Lula para uma nova estadia em Murtinho e uma nova pescaria.”
Entre a política e a beira do rio - Lula e Zeca dividem mais do que uma afinidade política. O presidente costuma dizer que foi ele quem ensinou o amigo a pescar – “Zeca pode ter sido o melhor governador de Mato Grosso do Sul, bom vereador, bom deputado, mas fui eu quem o ensinou a pescar”, brincou Lula em abril, durante sua primeira visita oficial ao estado no terceiro mandato. Zeca, por sua vez, nunca perdeu a oportunidade de celebrar sua cidade natal, Porto Murtinho, como o ponto de encontro entre a política, o lazer e as histórias que se tornam parte da memória coletiva.
O álbum entregue a Lula é mais do que uma coleção de fotos: é uma narrativa que mistura os dois universos. As imagens mostram um Lula descontraído, cercado de nomes que ajudariam a moldar o PT e a política brasileira, como Cristovam Buarque, Luiz Greenhalgh e até Lulinha, o filho mais velho do presidente. Na época, as preocupações com eleições e mandatos eram suspensas em favor de um momento de conexão à margem do Rio Paraguai, onde o som das águas se mistura às risadas de pescadores improvisados.
Uma nova pescaria à vista - Em Ribas do Rio Pardo, Zeca e Gilda Santos, sua companheira de tantas jornadas, aproveitaram o presente para renovar o convite: “Lula, venha pescar novamente conosco.” O gesto, feito com um sorriso, carrega a cumplicidade de quem sabe que a política pode ser árdua, mas as amizades forjadas no meio do caminho são a verdadeira recompensa.
Para Lula, que coleciona histórias de viagens pelo Brasil antes mesmo de sua ascensão ao Planalto, Porto Murtinho ocupa um lugar especial. É um dos poucos lugares onde, por algumas horas, ele pode deixar de ser “o presidente” e se permitir apenas ser “o companheiro Lula”.
Memórias que constroem o futuro - O encontro entre Lula e Zeca em Ribas do Rio Pardo foi marcado pelo pragmatismo da política – a fábrica da Suzano é um marco para o desenvolvimento do estado –, mas o álbum de fotos e o convite para uma nova pescaria trouxeram uma dimensão humana que é rara em eventos oficiais. Entre discursos e flashes, ali estava a lembrança de um carnaval de 27 anos atrás, a promessa de um novo encontro e a certeza de que o Pantanal sempre terá espaço para mais uma história.
Zeca, que segue na política estadual, e Lula, no comando do país, são dois homens que encontraram no Pantanal não apenas um refúgio, mas um ponto de partida para imaginar um Brasil em que trabalho e diversão, política e amizade, possam coexistir.