Da redação | 06 de dezembro de 2024 - 18h55

Fim de uma era: fábrica de motores da Mitsubishi encerra atividades em Catalão

Mitsubishi encerra produção de motores em Catalão (GO), mas nova Triton segue nacional com motor importado e mais potente

PROCONVE L8
Vista aérea da fábrica da Mitsubishi em Catalão (GO), onde, até dezembro de 2024, eram produzidos motores para a linha L200 Triton. A fábrica continuará operando para montagem da nova geração da picape. - (Foto: Divulgação)

Em Catalão, Goiás, onde o ronco dos motores era sinônimo de produtividade desde 2013, a Mitsubishi encerra as operações de sua fábrica de motores. A razão? As novas exigências do Proconve L8, que apertam o cerco contra emissões poluentes a partir de 2025, tornando inviável a produção local do motor 2.4 Diesel da picape L200 Triton.

A decisão marca o fim de uma era para a fábrica que começou a operar há 11 anos, inicialmente para nacionalizar o SUV ASX, derivado do Lancer. A produção será oficialmente descontinuada no dia 31 de dezembro. Apesar disso, os 600 trabalhadores da unidade não serão dispensados. Segundo a HPE Automotores, grupo que controla as marcas Mitsubishi e Suzuki no Brasil, eles serão realocados para outras áreas. O Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão (SIMECAT) também garantiu que havia acordos prévios para uma pausa nas atividades e evitou cortes no quadro de funcionários.

Fachada da unidade da HPE Automotores em Catalão (GO), responsável pela produção de veículos Mitsubishi e Suzuki no Brasil

Triton ganha nova identidade e motor importado - Enquanto a fábrica de motores se despede, a picape da marca se reinventa. Lançada recentemente, a nova geração da L200 – agora apenas chamada de Triton – chegará ao mercado como linha 2026, mantendo a montagem em Catalão, mas importando o motor. A decisão de renomear a picape é simbólica, como se dissesse: estamos entrando em uma nova fase.

O motor da nova Triton será o 4N16 Super High Power, importado e muito mais potente. Com 205 cavalos e um torque de 47,9 kgf.m, ele é movido a diesel e promete mais eficiência e força que o modelo anterior. Além disso, a picape estará disponível em seis versões, com preços que variam de R$ 249.990 a R$ 329.990, para agradar desde as frotas corporativas até os consumidores que buscam tecnologia de ponta.

Primeiras impressões da nova Mitsubishi Triton 2026, com design robusto e motor importado, mantendo a tradição da marca em desempenho off-road

E o Suzuki Jimny? Enquanto a Mitsubishi define seu futuro, o Suzuki Jimny Sierra, também fabricado pela HPE, está em uma encruzilhada. O modelo compacto, famoso entre os fãs de 4x4, depende do motor 1.5 aspirado para continuar no mercado. Mas esse motor também precisará atender às normas do Proconve L8. Ainda não há definição sobre adaptações ou substituições. Por ora, o Jimny Sierra continua em seis versões, com preços a partir de R$ 149.990.

Adeus à fábrica, mas não à produção nacional - A fábrica de Catalão, mesmo sem os motores, continuará a montar a nova Triton. A Mitsubishi aposta na importação do motor como solução para atender ao mercado nacional e manter sua competitividade frente às novas exigências ambientais. A decisão, embora melancólica, reflete a adaptação da marca ao futuro do setor automotivo brasileiro, cada vez mais regulado e tecnológico.

Mitsubishi L200 Triton Sport Série Especial Terra: um dos modelos que consolidaram a picape como referência no mercado brasileiro

Se para alguns o fim da produção local de motores soa como uma derrota, para a Mitsubishi é uma transição estratégica. A Triton segue sendo fabricada no Brasil – e com mais potência. O jogo ainda não acabou, mas, como diria o ditado, é preciso saber quando trocar de marcha.