De cadeiras a um trailer de 1984, bens do Sesi e Senai vão a leilão online pela Fiems
Fiems promove alienação pública de 97 lotes do Sesi e Senai; lances seguem até 9 de dezembro
LEILÃONa vastidão digital da Casa de Leilões, onde links substituem martelos e lances são dados com cliques, um mundo inusitado está prestes a ser vendido. De mesas a batedeiras industriais, de cadeiras a trailers automotivos, o Sistema Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul) abriu as portas de seu inventário. São 97 lotes à espera de compradores, cada item carregando consigo um eco de utilidade passada e a promessa de novos usos.
O evento, que começou nesta quarta-feira, 27 de novembro, traz o selo técnico de “Chamamento Público para Alienação de Bens”, mas na prática é um grande bazar digital. Os lances seguem até o dia 9 de dezembro, às 14h (horário local), exclusivamente pela internet, no site da Casa de Leilões (www.casadeleiloes.com.br).
Uma feira do improvável - A lista é um tanto quanto eclética. No lote 39, um forno industrial da marca Ferri com esteira começa em modestos R$ 650. O lote 75, mais ambicioso, reúne equipamentos de estúdio que um dia capturaram vozes e imagens — gravadores, mesa de edição, projetor, monitores e canhões de luz —, agora à disposição de quem der o primeiro lance por R$ 1.300.
Já o lote 96 carrega o peso técnico de um consultório odontológico completo: compressor, cadeira, cuspideira e até uma máquina de raio-x, tudo por um preço inicial de R$ 2.400. No lote 97, a estrela: um trailer branco, marca Reb/Turiscar, ano 1984, que parece ter saído direto de uma aventura passada. Seu lance inicial? R$ 7.000.
Há ainda cadeiras, mesas, armários, bebedouros, máquinas de costura industriais e até equipamentos de panificação, numa lista que desafia o olhar a encontrar padrões.
Visitação presencial e nostalgia no ar - Para os mais desconfiados, ou os que preferem tocar o que pretendem comprar, a visitação presencial está agendada para os dias 4, 5 e 6 de dezembro, no Centro de Convenções Albano Franco, em Campo Grande. Entre as 8h30 e as 16h, é possível andar entre as relíquias industriais e imaginar como um forno de panificação ou um trailer automotivo poderiam mudar sua vida.
Há algo de melancólico nesses eventos, uma espécie de despedida não dita. Os bens, que um dia serviram a propósitos educacionais ou industriais, agora aguardam um novo dono. Eles carregam histórias invisíveis, das mãos que os utilizaram às aulas e serviços que tornaram possíveis.
Por que vender tanto? - A alienação pública, explica a Fiems, é uma maneira de otimizar recursos, garantindo que bens sem mais utilidade retornem à sociedade — mesmo que de forma inusitada, como um trailer de quase 40 anos indo parar na garagem de um aventureiro anônimo.
Ao mesmo tempo, a venda pública assegura transparência. O edital, disponível no site da Casa de Leilões, detalha as condições dos bens e permite que qualquer interessado participe, desde que tenha uma conexão com a internet e uma conta cadastrada.
Entre o real e o virtual - Leilões como este são um lembrete de como o mundo material e o digital se entrelaçam. Um trailer de 1984 encontra compradores em um site de 2024; máquinas de costura industriais trocam o espaço físico do Senai pelas telas de notebooks e celulares.
No fim, o que importa é o destino desses bens. Se o trailer voltará à estrada, se os equipamentos de estúdio gravarão novas histórias ou se o consultório odontológico encontrará um dentista apaixonado. Nesse leilão, não é apenas o passado que se vende, mas a possibilidade de um novo futuro para objetos que, um dia, pareciam indispensáveis.