Dia "E": Hospital Universitário de Dourados prova que filas do SUS podem ser vencidas com esforço
No Dia "E", o HU-UFGD realizou 20 cirurgias e mostrou como esforço coletivo pode desafiar a lógica do SUS
No sábado, 23 de novembro, algo diferente aconteceu nos corredores do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD). Não era uma emergência ou a chegada de um novo equipamento. Era o Dia "E", uma mobilização que levou a equipe de Cirurgia Geral, o Bloco Cirúrgico e a Central de Material Esterilizado a unirem forças para realizar 20 pequenas cirurgias em um único dia.
O objetivo? Zerar a fila de espera por procedimentos de baixa complexidade. Uma meta ambiciosa, considerando o contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), onde filas costumam ser uma constante quase tão grande quanto a paciência dos pacientes. Mas, por algumas horas, o HU-UFGD desafiou essa lógica.
“A união das nossas equipes é fundamental para alcançar esse objetivo. É uma oportunidade de melhorar a vida de muitos pacientes e reforçar o papel social do hospital”, explicou Mara Vermieiro, da Central de Material Esterilizado, enquanto ajustava os últimos detalhes para a maratona de cirurgias.
Uma fila que desaparece – mas não sozinha - A ideia de concentrar esforços em um único dia veio da Ebserh e do Ministério da Saúde, como parte de uma estratégia nacional para reduzir filas no SUS. O HU-UFGD, com sua característica de hospital universitário, levou a sério a proposta. E não só a sério – levou como uma missão coletiva.
Paulo Alves, da Cirurgia Geral, resumiu bem o espírito do dia: “Cada paciente que conseguimos atender é uma vitória. É uma demonstração do que podemos fazer quando trabalhamos juntos.”
As cirurgias realizadas no Dia "E" eram procedimentos relativamente simples, mas que fazem uma grande diferença na qualidade de vida de quem aguardava por elas. Para esses pacientes, o dia foi uma virada de chave, o ponto final de uma espera que às vezes parecia interminável.
Entre bisturis e solidariedade - No Dia "E", o HU-UFGD não foi apenas um hospital; foi um organismo vivo, com diferentes setores trabalhando em sincronia. Da sala de esterilização ao bloco cirúrgico, passando pelas equipes administrativas, tudo parecia funcionar como uma engrenagem bem ajustada.
Havia, claro, pressão. Mas também havia um senso de propósito compartilhado. Cada pessoa que vestiu um jaleco naquele sábado sabia que estava participando de algo maior do que uma simples lista de procedimentos.
Para o hospital, o Dia "E" foi também uma reafirmação de seu compromisso com a população da região. Dourados e os municípios vizinhos dependem do HU-UFGD para muitas de suas necessidades de saúde, e o hospital não foge dessa responsabilidade.
Um exemplo que merece atenção - O Dia "E" mostrou que, mesmo em um sistema de saúde frequentemente sobrecarregado, é possível encontrar soluções criativas para velhos problemas. Não há garantias de que iniciativas como essa possam ser replicadas em larga escala, mas o HU-UFGD provou que vale a pena tentar.
A fila, ao menos por um dia, desapareceu. E para as 20 pessoas que saíram do hospital no sábado, o Dia "E" foi mais do que um número na agenda do SUS. Foi um marco pessoal, uma oportunidade de retomar a rotina e, quem sabe, a esperança.
“É mais do que só realizar cirurgias. É sobre dignidade. É sobre lembrar que cada paciente na fila é uma pessoa, com uma vida que precisa seguir em frente”, concluiu Paulo Alves.
O telefone para mais informações sobre o Dia "E" segue ativo: (67) 3410-3060. Talvez o próximo passo seja pensar em um Dia "E" mensal. Porque, se há algo que o HU-UFGD deixou claro, é que esforço coletivo faz milagres – ou pelo menos zera filas.