Em Mato Grosso do Sul, música e medalhas em uma homenagem aos que exportam acordes regionais
Assembleia Legislativa dedica sessão aos artistas que transformam o Pantanal em melodia e levam a alma do estado ao mundo.
CULTURA PANTANEIRANesta próxima terça-feira (26), a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) vai interromper a pauta habitual para algo menos prosaico: celebrar músicos. Não os que estão nos holofotes das playlists nacionais, mas aqueles que, com acordeons, violas e vozes carregadas de sotaque, ajudam a traduzir a essência de Mato Grosso do Sul para além das fronteiras estaduais. A ocasião? A entrega da Medalha Tom do Pantanal – Arara Azul, instituída há 13 anos para homenagear os artistas que levam a música sul-mato-grossense para o Brasil e, às vezes, para ainda mais longe.
A honraria, criada em 2010 pela então deputada Dione Hashioka, será concedida durante uma sessão solene proposta pelo deputado Roberto Hashioka (União). Ele descreve a cerimônia como uma oportunidade de reconhecer não apenas o talento dos homenageados, mas o que eles representam. “Esses músicos levam o Pantanal, o Cerrado, o modo de vida da nossa gente e a nossa identidade cultural para o mundo. É uma forma de dar visibilidade à riqueza da nossa música e cultura”, pontuou o parlamentar, quase lírico.
Um Pantanal traduzido em notas - A medalha, cujo nome carrega um tom poético, destaca-se pela metáfora embutida: o som inconfundível do Pantanal, uma região onde as araras azuis cruzam os céus e a música ressoa como extensão da paisagem. Mas, para além do simbolismo, a homenagem é também um momento de reflexão sobre o papel da cultura em construir a identidade do estado.
“Esses músicos não só fazem arte; eles carregam a alma do Mato Grosso do Sul em suas melodias, seja com chamamés, guarânias ou até mesmo com experimentos modernos que dialogam com a tradição”, comentou um assessor da ALEMS, mais inspirado do que o habitual.
De Santa Cecília ao palco do Parlamento - A data da cerimônia não foi escolhida por acaso. Em 22 de novembro celebra-se o Dia do Músico, uma data que remonta à devoção a Santa Cecília, padroeira dos músicos. Segundo a tradição, Cecília tocava música celestial enquanto enfrentava o martírio no século III. Um paralelo talvez um pouco grandioso, mas que ressoa no esforço diário de artistas que equilibram talento e resiliência em um cenário nem sempre favorável.
Entre os agraciados com a Medalha Tom do Pantanal, há artistas de gêneros variados, provando que a música regional vai além do estereótipo de viola e boiadeiros. É a diversidade cultural de Mato Grosso do Sul que sobe ao palco, com direito a todas as suas cores, sons e sotaques.
Mais que um prêmio, uma reafirmação - Para os homenageados, a medalha é mais do que um reconhecimento; é uma forma de reafirmar que a música regional continua viva e relevante em um mundo de algoritmos que privilegiam sucessos efêmeros. É também um lembrete de que Mato Grosso do Sul é mais do que um ponto no mapa: é uma terra onde o Pantanal vira melodia e onde a cultura é tão vasta quanto o horizonte que emoldura a região.
Enquanto os artistas recebem suas medalhas na terça-feira, o público talvez se lembre de que, por trás de cada música, há uma narrativa de persistência, uma nota que resiste e uma história que merece ser ouvida – dentro e fora do estado.