Da Redação | 13 de novembro de 2024 - 15h50

Adolescente de Campo Grande cria seu próprio drone FPV

Com peças vindas da China e apoio dos pais, um estudante de 13 anos mergulha na tecnologia e monta um drone de alta performance em casa

VOO DE OLIVER
Aos 13 anos, Oliver de Barros constrói drone FPV e sonha inspirar outros jovens em Campo Grande a explorar a tecnologia. - (Foto: Divulgação)

Campo Grande não costuma ser o cenário de feitos tecnológicos excêntricos. Mas é ali, no 8º ano de uma escola estadual, que Oliver de Barros, de 13 anos, decidiu construir o seu próprio drone FPV, uma máquina capaz de realizar manobras rápidas, alcançar 250 km/h e abrir portas para um mundo que, até agora, ele só via nas telas. “Eu sempre gostei de drones, mas queria entender mais do que simplesmente pilotar. Queria saber como funcionam de verdade”, explica Oliver.

A ideia, que nasceu de curiosidade, rapidamente virou um projeto sério. Com um pé no mundo digital e outro nas economias de sua poupança, Oliver começou a pesquisar sobre os drones FPV – sigla para “Visão em Primeira Pessoa” – e aprendeu que precisaria mais do que um desejo passageiro para construir um.

Ele passou horas em simuladores de voo, encomendou componentes de lojas da China, aprendeu a soldar com o primo e até recebeu orientação de um piloto experiente. A aventura custou cerca de R$ 2.500 e algumas noites sem dormir, mas Oliver afirma que o resultado valeu a pena. “Quando consegui fazer o primeiro voo, senti que estava pilotando algo que eu mesmo criei. É uma sensação muito diferente.”

Uma família que apoia e o orgulho do primeiro voo - O projeto de Oliver começou como um desafio proposto pelos pais, Otávio Neto e Adriana Bugra, que enxergaram no sonho do filho algo maior do que simples curiosidade.

“Eles me incentivaram a aprender cada etapa, desde como comprar as peças até a montagem e configuração”, conta Oliver. A mãe e o pai, que também pilotam drones de maneira amadora, ajudaram o jovem a montar o plano e o financiaram em algumas etapas, mas a maior parte do investimento foi dele. “A tecnologia do FPV é um pouco demais para a gente”, brinca Otávio. “Mas para o Oliver, é só mais um dia aprendendo o que ele ama.”

Para montar o drone, Oliver precisou de paciência e dedicação. Além das economias, usou o dinheiro que ganhava em voos comerciais, uma ideia que surgiu depois de ter sido treinado pela MS Drones, uma empresa de Dourados. Edinaldo Costa, dono da empresa, enxergou o potencial do jovem e ofereceu o curso de pilotagem, além de empréstimos de drones para ele realizar trabalhos pagos. O dinheiro foi diretamente para o projeto do drone, comprando peças e pagando por orientação de especialistas.

O desafio da tecnologia e o horizonte de possibilidades - Um drone FPV é pilotado usando óculos de realidade virtual, oferecendo ao piloto uma visão em tempo real do que o drone vê, como se estivesse dentro da máquina. Esse tipo de drone é famoso por sua capacidade de realizar manobras complexas e por permitir o controle total do equipamento em altas velocidades. Oliver aprendeu tudo isso de maneira autodidata, e treinou por horas em simuladores antes de partir para o voo real. “Eu sabia que a prática no simulador ajudaria muito, mas pilotar o drone de verdade é outra coisa, muito mais intensa.”

Apesar de saber que drones FPV também são usados em zonas de conflito, como na guerra entre Rússia e Ucrânia, Oliver deixa claro que seu interesse é pacífico. “Meu drone não é para isso, é para explorar o que a tecnologia pode fazer e para me divertir”, ele afirma. E, para ele, o projeto já deu frutos. “Acho que dá para inspirar outros jovens a explorarem a tecnologia também, a tentarem criar algo com as próprias mãos”, diz o estudante.

Quando o céu vira o limite - Oliver é, no fundo, uma combinação rara de curiosidade, perseverança e apoio familiar. Seus pais não apenas incentivaram o projeto, mas estiveram ao lado dele nos momentos difíceis – as peças demoraram a chegar, a solda não saia como planejado, e, em alguns momentos, a frustração o fazia pensar em desistir. Mas, ao final, o resultado foi um drone que ele pode chamar de seu, um projeto que envolveu investimento financeiro e emocional, e que, agora, sobrevoa o céu de Campo Grande.

Para Oliver, o drone FPV é mais do que uma máquina de alta tecnologia. É um lembrete de que ele pode construir coisas complexas, de que o caminho da tecnologia e do conhecimento está ao alcance de quem se dispõe a aprender. “Esse projeto me mostrou que a gente pode ir atrás do que quer, que nada é tão distante se você realmente quer fazer", finaliza.