Na última quarta-feira, dia 6 de novembro, em Glória de Dourados, o Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJMS) lançou o Projeto Padrinho, uma proposta para voluntários oferecerem a jovens em situação de acolhimento o que mais lhes falta: afeto. Em uma cerimônia realizada no auditório da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), cerca de 70 pessoas – autoridades, empresários e moradores locais – estiveram presentes para entender o projeto, que convida a comunidade a construir laços com crianças e adolescentes que vivem em abrigos.

A ideia é simples, mas ousada. Criado em 2000, o Projeto Padrinho pretende que pessoas comuns possam se tornar “padrinhos afetivos” de jovens que, por uma série de razões, não convivem com suas famílias. Os padrinhos, voluntários da comunidade, se comprometem a oferecer carinho, companhia e, em muitos casos, uma porta aberta para o futuro desses jovens. Interessados em participar podem procurar o Cartório da Vara Única de Glória de Dourados.

No evento, o juiz Ricardo Adelino Suaid, envolvido na ação, explicou a essência do projeto. “Essas crianças já passaram por muitas dificuldades, e o apoio de um padrinho pode fazer diferença”, afirmou Suaid. Para o juiz, não se trata de um simples voluntariado, mas de uma ação que transforma a vida dos jovens e também daqueles que escolhem apadrinhá-los.

A cerimônia teve início com a apresentação da Banda Marcial José de Azevedo, formada por crianças e adolescentes, e seguiu com uma fala da psicóloga Renata Queiroz Giancursi, do TJMS. Ela explicou o impacto do projeto, relembrando histórias de padrinhos que continuaram presentes na vida dos jovens, mesmo após eles deixarem o abrigo. Na plateia, os espectadores ouviam atentos, alguns visivelmente emocionados.

A comunidade responde ao chamado da Justiça -Entre as lideranças locais presentes, o promotor de Justiça Gilberto Carlos Altheman Júnior, o delegado Marcos Ibaré Quaresma Pereira Junior, o prefeito eleito Júlio Cleverton dos Santos e o presidente da Câmara, Antônio Carlos da Silva Vieira, reforçaram o apoio ao projeto. Para eles, o Projeto Padrinho é um caminho para que a comunidade seja parte ativa na vida dos jovens que enfrentam a realidade do acolhimento.

O Projeto Padrinho vai além de um convite à empatia; ele sugere que o afeto pode ser estruturado, oferecido e cultivado. A intenção é que o padrinho, mais que um voluntário, seja um porto seguro para o jovem, alguém que o ajude a fortalecer laços familiares ou, quem sabe, a construir novas referências.

Ao final da cerimônia, a expectativa no ar era evidente. As autoridades e os voluntários deixaram o evento com a esperança de que a presença de um padrinho pode ser o primeiro passo de uma mudança real para esses jovens, uma mudança que se faz em silêncio, com pequenos gestos, mas com uma força que ressoa pelo tempo.