Carlos Guilherme | 05 de novembro de 2024 - 10h00

"Temos buscado avançar para oferecer qualidade aos beneficiários da Cassems"

O diretor-presidente abordou os desafios e avanços da instituição na gestão de saúde suplementar, especialmente em um cenário de alta demanda e custos crescentes, agravados pela pandemia

RICARDO AYACHE
Ayache enfatiza a importância de levar serviços de saúde de alta qualidade para mais perto dos beneficiários, especialmente no interior do estado - (Foto: ARQUIVO)

O diretor-presidente da Caixa de Assistência dos Servidores de Mato Grosso do Sul (Cassems), Ricardo Ayache, abordou em entrevista ao jornal A Crítica os detalhes os desafios e avanços da instituição na gestão de saúde suplementar, especialmente em um cenário de alta demanda e custos crescentes, agravados pela pandemia.

Ele destacou os esforços da Cassems em oferecer atendimento de qualidade a um custo mais acessível em comparação com outros planos, evidenciando a seriedade e o profissionalismo na estruturação de uma rede de média e alta complexidade em cidades como Dourados, Corumbá e Ponta Porã. A Cassems obteve nesta semana a maior nota no IDSS (Índice de Desempenho da Saúde Suplementar). O índice mede a qualidade da atenção à saúde, a garantia de acesso, a sustentabilidade no mercado e a gestão de processos. Confira a entrevista na íntegra:

A Crítica: Como é receber essa boa média do IDSS diante dos desafios diários da saúde no nosso País?

Ricardo Ayache: Sem dúvida, gerir a saúde é sempre um enorme desafio. Temos buscado avançar para oferecer um atendimento de qualidade, que seja uma referência para nossa profissão e para o Brasil. A Agência Nacional de Saúde realiza anualmente uma avaliação de todos os planos de saúde, sendo a agência reguladora do setor. Esse índice, chamado Índice de Desenvolvimento e Desempenho da Saúde Suplementar, avalia vários aspectos, como qualidade nutricional, sustentabilidade e satisfação dos beneficiários. Este ano, alcançamos a nota de 0,91, a mais alta da nossa história, o que demonstra nosso compromisso em oferecer assistência de qualidade aos beneficiários com muita responsabilidade.

Apesar do cenário desafiador, com os planos de saúde enfrentando grandes dificuldades, temos conseguido entregar um bom serviço para os servidores públicos, algo que nos motiva e nos coloca como referência no país. A revista Exame recentemente divulgou o ranking das empresas brasileiras, e voltamos à posição 573, o que é uma grande conquista e uma enorme responsabilidade. Hoje, somos a oitava operadora de saúde do Brasil. Seguimos trabalhando para superar os desafios diários e garantir entregas de qualidade a todos os servidores.

A Crítica: Quais são os principais desafios que o setor da saúde tem hoje?

Ricardo Ayache: Para nós, a pandemia foi um grande teste. Já tínhamos uma rede de atendimento consolidada com dez hospitais e conseguimos excelentes resultados no combate à pandemia, com uma taxa de recuperação de 89% dos nossos pacientes, enquanto a média nacional foi de 62%. Isso nos coloca entre os melhores hospitais do país. No entanto, os investimentos foram enormes: aplicamos mais de R$290 milhões no combate à pandemia e no tratamento dos pacientes, o que trouxe impactos econômicos e financeiros significativos, especialmente com o aumento dos custos.

Vários fatores contribuem para o aumento dos custos, como novas tecnologias, tratamentos modernos e o envelhecimento da população, que eleva as demandas por serviços de saúde. Apesar disso, continuamos a avançar com uma assistência de qualidade. O debate sobre esses desafios precisa ser feito de forma madura e séria. O Congresso Nacional e a Agência Nacional de Saúde devem considerar uma flexibilização maior das normas, pois muitas das obrigações impostas aos planos acabam encarecendo o serviço para o usuário final.

Um debate profundo e sem viés populista é essencial para encontrar soluções que beneficiem a população. Caso contrário, o que observamos é que os planos de saúde ficam cada vez mais caros, causando grande desconforto, especialmente em um contexto onde o custo de vida aumentou significativamente após a pandemia. Isso tem gerado impactos importantes no orçamento de cada cidadão.

A Crítica: Recentemente a Cassems inaugurou o Banco Cassems. O senhor falou muito que a criação da instituição financeira é para equilibrar as finanças...

Ricardo Ayache: Quando analisamos a receita média por beneficiário, ela está em torno de R$455, o que é bem abaixo da média de outros planos de saúde semelhantes, cujos valores superam R$800 ou até R$1.000. Isso mostra nosso compromisso com a seriedade, transparência e profissionalismo na gestão e estruturação de uma rede de atendimento de média e alta complexidade, o que tem sido fundamental para regular os custos assistenciais e manter a estabilidade, mesmo com as crescentes pressões da inflação na saúde.

Buscamos constantemente novas alternativas, e uma parceria com o banco Caffeine é um exemplo disso. A parceria com Banco Omni e BYBIZ possibilitou que a Cassems não precisasse investir recursos próprios, mas ainda assim terá uma participação significativa na rentabilidade futura do banco. Embora os resultados esperados sejam de médio prazo, essa iniciativa representa uma importante perspectiva de novas receitas para a Cassems. Em um mercado tão desafiador, precisamos renovar e ser criativos na busca por alternativas sustentáveis.

A Crítica: O banco não trará aumentos no valor da mensalidade dos conveniados, certo?

Ricardo Ayache: Certo. No banco, há a possibilidade de que ele nos ajude em um futuro próximo. Quanto ao aumento eventual de mensalidades, ele só ocorrerá devido às pressões de custos. Os impactos da pandemia ainda afetam todos nós, mas sempre trabalhamos para minimizar ao máximo esses impactos para os beneficiários.

A Crítica: Como o senhor está trabalhando a interiorização da Cassems?

Ricardo Ayache: É muito importante, pois, ao estabelecer estruturas de média e alta complexidade em cidades como Dourados, Corumbá, Ponta Porã e Lagoas, facilitamos o acesso dos nossos beneficiários a serviços de saúde, o que impacta positivamente o desenvolvimento dessas regiões. Esses locais estão em pleno crescimento econômico e precisam de boas estruturas de saúde para atrair novos investimentos. Muitos empresários e executivos evitam se estabelecer em cidades que não têm uma assistência médica de qualidade. Contribuímos para isso, oferecendo uma assistência melhor a todos os nossos beneficiários.

Estive ontem em Ponta Porã, onde nosso hospital agora conta com serviços completos, incluindo ressonância magnética e tomografia. É impressionante a demanda que existe no interior do estado, que muitas vezes precisava ser atendida em outras cidades. Esse trabalho tem sido essencial para atender melhor à população local. Confira a entrevista no player: