04 de novembro de 2024 - 16h43

Morre o fotógrafo Evandro Teixeira, autor de fotos históricas do país

Evandro Teixeira, o fotógrafo que registrou a história do Brasil e do mundo, morre aos 88 anos no Rio de Janeiro.

REGISTROS HISTÓRICOS
Aos 88 anos, o fotojornalista que documentou momentos decisivos do país nos deixa um legado de 150 mil imagens - (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Nesta segunda-feira (04 de novembro), o Brasil se despede de um de seus maiores fotógrafos. Evandro Teixeira, aos 88 anos, faleceu no Rio de Janeiro por complicações de uma pneumonia. Ele estava internado na Clínica São Vicente, na Zona Sul da cidade. O velório será nesta terça-feira (5), das 9h às 12h, na Câmara dos Vereadores do Rio.

Nascido em Irajuba, na Bahia, Evandro começou sua carreira no jornalismo em 1958, no Diário de Notícias em Salvador. Em 1963, foi contratado pelo Jornal do Brasil, onde trabalhou por 47 anos e se tornou um dos grandes nomes do fotojornalismo brasileiro. Com sua câmera, ele capturou cenas que hoje são verdadeiros documentos históricos, como o golpe militar de 1964, os protestos estudantis de 1968 e o golpe de Estado no Chile, em 1973.


Enterro do poeta Pablo Neruda no Cemitério Geral de Santiago, Santiago, Chile, 25/09/1973. Evandro Teixeira/Acervo - Evandro Teixeira/Acervo IMS

Fotografias que contam histórias
As fotos de Evandro não são apenas imagens; elas contam histórias e revelam momentos difíceis do Brasil e do mundo. Ele registrou cenas como a tomada do Forte de Copacabana em 1964, em uma imagem que mostra soldados sob uma forte chuva, simbolizando os tempos duros que o país viveria. Outra foto marcante é a de um estudante caindo ao chão enquanto policiais avançam, em um protesto contra a ditadura em 1968. Essas imagens mostram a coragem e o olhar atento de Evandro para os momentos importantes.

Evandro também registrou a história em outros países. Em 1973, no Chile, ele fotografou a repressão aos direitos humanos logo após o golpe de Augusto Pinochet. Conseguiu entrar no Estádio Nacional e fotografou o local onde jovens eram mantidos presos. Essas fotos foram reveladas às pressas e enviadas ao Brasil, mostrando ao mundo o que acontecia no Chile.


Tomada do Forte de Copacabana durante golpe militar, Rio de Janeiro, RJ, 01/04/1964.  Evandro Teixeira/Acervo IMS

Um legado que fica
Além das coberturas de momentos políticos, Evandro também fotografou o cotidiano brasileiro. Ele documentou a fome, a pobreza e o dia a dia do povo, além de registrar eventos esportivos e culturais. Seu acervo tem mais de 150 mil imagens e está presente em museus como o Masp e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Ele também publicou livros que reúnem seu trabalho, como Fotojornalismo (1983) e 68 Destinos: Passeata dos 100 Mil (2008).


Repressão policial na Candelária durante a missa de sétimo dia do estudante Edson Luís, assassinado durante - Evandro Teixeira/Acervo IMS

 

Nota de pesar do presidente - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte de Evandro, lembrando sua importância para o país. “Evandro deixa um acervo que faz parte da nossa história. Ele registrou a fome, a pobreza, o esporte e a cultura do Brasil. Meus sentimentos aos familiares, amigos e admiradores de Evandro Teixeira”, disse Lula.

Evandro Teixeira deixa um legado que vai muito além das imagens. Suas fotos eternizaram momentos que são parte da memória do Brasil, e seu trabalho serve de inspiração para novas gerações de jornalistas e fotógrafos.