Antonio Perez | 04 de novembro de 2024 - 17h32

Expectativa por corte de gastos faz real subir e dólar cair para R$ 5,78

Sinais de controle nos gastos do governo e clima de eleição nos EUA ajudam real a recuperar valor

DÓLAR
Real se valoriza com expectativa de corte de gastos no governo Lula; dólar recua para R$ 5,78 nesta segunda-feira, 4 de novembro. - (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

A moeda brasileira teve um dia de recuperação nesta segunda-feira, 4 de novembro, depois de dias seguidos de alta do dólar. Com a expectativa de que o governo Lula anuncie cortes nos gastos públicos em breve, o dólar à vista caiu 1,47% e terminou o dia cotado a R$ 5,7831. Na última sexta-feira, a moeda americana havia fechado a R$ 5,8694, um dos valores mais altos já registrados.

O mercado reagiu a sinais dados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que cancelou uma viagem à Europa para focar nas medidas de ajuste fiscal. Haddad se reuniu com o presidente Lula e outros membros da equipe econômica para discutir o pacote de corte de despesas, que pode ser divulgado ainda nesta semana.

Paulo Gala, economista do Banco Master, explica que o cenário externo também ajudou o real a se valorizar. Segundo ele, “houve uma mudança no ‘Trump trade’”, uma tendência que favorece o dólar em relação a moedas de países emergentes. O avanço da candidata democrata Kamala Harris nas pesquisas dos EUA foi visto pelo mercado como um sinal positivo para moedas como o real.

Outro fator que contribuiu para a queda do dólar foi a redução nos juros dos Treasuries (títulos de dívida dos EUA) e a alta nos preços das commodities. O índice DXY, que compara o dólar com outras moedas fortes, também caiu, reduzindo a pressão sobre o real e outras moedas emergentes.

A expectativa de que o governo vai controlar melhor as contas públicas é vista como crucial para manter o dólar mais baixo. Eduardo Velho, economista da Equador Investimentos, comentou que, sem um corte forte nos gastos, o dólar pode subir para mais de R$ 6,00, mas um pacote bem planejado pode trazer mais segurança ao mercado.

Além dos cortes de gastos, o mercado aguarda as decisões de juros no Brasil e nos EUA. Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve anunciar uma alta de 0,50 ponto percentual na taxa Selic. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve deve reduzir os juros básicos em 0,25 ponto na quinta-feira. O aumento na diferença de juros entre os dois países pode fortalecer o real, mas, segundo analistas, o mercado ainda está cauteloso com o risco fiscal e as incertezas da eleição americana.