Da redação | 16 de outubro de 2024 - 13h05

O plano de Mato Grosso do Sul para a saúde em 2025: R$ 2,6 bilhões e uma aposta na regionalização

O orçamento de saúde de Mato Grosso do Sul para 2025 destina R$ 2,6 bilhões para melhorar serviços, regionalizar a saúde e fortalecer hospitais

SAÚDE
Hospital Regional de Campo Grande, uma das principais unidades de saúde de Mato Grosso do Sul, que receberá R$ 500 milhões em investimentos no orçamento de 2025 para ampliar serviços e garantir a continuidade dos atendimentos. - (Foto: Joilson Francelino)

O orçamento da saúde pública de Mato Grosso do Sul para 2025 já tem um valor definido: serão R$ 2,657 bilhões destinados à área. O objetivo do governo estadual é claro: investir na regionalização da saúde, melhorar a qualidade dos serviços e reduzir o que chamam de "vazios assistenciais", ou seja, aquelas regiões que ainda sofrem com a falta de atendimento adequado. Esses recursos incluem verbas próprias do estado e repasses federais, que somam cerca de R$ 231 milhões, e serão distribuídos em programas que prometem transformar a assistência à saúde no estado.

O montante para 2025 é cerca de R$ 1,2 milhão maior do que o projetado para 2024. Esse aumento, ainda que pequeno, vem para reforçar iniciativas essenciais, como o fortalecimento da rede de saúde digital, a atenção primária e a estruturação de hospitais e unidades de saúde espalhados pelo estado. "Nosso foco é garantir que a população tenha atendimento integral e próximo de onde vive", afirmou um representante da Secretaria de Saúde.

Verba "carimbada" para a saúde - Parte significativa desse orçamento já vem "carimbada", ou seja, é de uso obrigatório para a saúde. Isso ocorre porque a Constituição Federal exige que os estados destinem, no mínimo, 12% da sua receita bruta para essa área. Assim, dos R$ 2,3 bilhões de recursos próprios do estado, boa parte já tem destino certo. A União, por sua vez, entra com complementos, especialmente para programas específicos, como a assistência farmacêutica, o fortalecimento da atenção primária e a promoção da saúde digital.

No topo das prioridades, o governo do estado destaca o avanço da regionalização da saúde. Para isso, serão investidos R$ 536,8 milhões, em parceria com as prefeituras dos 79 municípios do estado. O objetivo é criar uma rede que funcione de maneira integrada, facilitando o acesso aos serviços e evitando que os pacientes precisem se deslocar para outras regiões em busca de tratamento.

Hospital Regional: foco na manutenção e ampliação - O Hospital Regional, principal referência no atendimento de alta complexidade no estado, será um dos grandes beneficiários desse orçamento. Para 2025, estão previstos cerca de R$ 500 milhões para a manutenção da unidade. Esse valor cobre desde o custeio básico até a ampliação do quadro de profissionais e a regularização das compras de medicamentos, algo que já vinha sendo uma dor de cabeça para a gestão.

Em 2024, o hospital enfrentou um problema crônico de falta de medicamentos, especialmente para tratamentos complexos, como a quimioterapia. O Ministério Público chegou a abrir uma investigação sobre o assunto, o que pressionou o governo a agir. Como resposta, foi criado um grupo especial temporário para regularizar as compras e evitar a falta de medicamentos.

Além disso, a Secretaria de Saúde já havia realizado contratações emergenciais e promovido concursos públicos para suprir a defasagem no quadro de funcionários do hospital. Mesmo com essas medidas, a demanda por profissionais de saúde continua alta, e parte dos recursos de 2025 será destinada a manter e expandir a equipe.

Saúde digital e atenção primária - Outro ponto que recebe atenção especial no orçamento é a promoção da saúde digital, com R$ 27,4 milhões destinados à modernização do sistema de atendimento. Essa verba será usada para melhorar o acesso a serviços médicos via plataformas digitais, facilitando, por exemplo, agendamentos de consultas e o acompanhamento de tratamentos à distância.

A atenção primária, que abrange as mais de 600 Unidades Básicas de Saúde espalhadas pelos municípios, também contará com uma fatia considerável do orçamento: serão R$ 190,4 milhões para fortalecer o atendimento em locais onde, muitas vezes, a saúde é a primeira porta de entrada da população ao sistema.

Esse fortalecimento da atenção primária busca, principalmente, evitar que problemas de saúde mais simples se transformem em situações graves, que acabam sobrecarregando as unidades de alta complexidade. A ideia é garantir que a população tenha acesso a médicos e enfermeiros perto de casa, reduzindo a necessidade de encaminhamentos para hospitais maiores.

Assistência farmacêutica e hemoderivados - O orçamento também reserva uma quantia significativa para a assistência farmacêutica e para a área de hemoderivados, que engloba os bancos de sangue. Para a compra e distribuição de medicamentos, o estado separou R$ 65,8 milhões. Esses recursos são fundamentais para manter o estoque de remédios básicos e de uso contínuo nas unidades de saúde, além de garantir o fornecimento de insumos hospitalares.

Já os bancos de sangue receberão R$ 18,3 milhões, com o objetivo de garantir que as unidades estejam preparadas para atender à demanda crescente de transfusões e outros procedimentos que dependem de hemoderivados.

Investimentos e desafios para o futuro - Mesmo com os valores expressivos destinados à saúde no orçamento de 2025, os desafios permanecem grandes. O principal deles é garantir que o dinheiro chegue onde é mais necessário e que os programas criados pelo governo de fato resultem em melhorias palpáveis para a população.

A regionalização da saúde é um caminho promissor, mas depende de uma gestão eficiente e de parcerias com as prefeituras municipais, que também enfrentam suas próprias dificuldades orçamentárias. Outro desafio é assegurar a continuidade dos investimentos em áreas cruciais, como o Hospital Regional, sem que o custeio do hospital comprometa os recursos para outras unidades de saúde.

No balanço final, o orçamento de 2025 tenta equilibrar as contas com as necessidades urgentes da população, mas o sucesso dessas medidas só será medido com a execução efetiva dos programas e o impacto direto na vida dos cidadãos.