Pepita Ortega | 14 de outubro de 2024 - 19h35

PF apreende R$ 160 mil em operação sobre deputado que multiplicou patrimônio

Agentes federais investigam Thiago Rangel (PMB), parlamentar estadual fluminense, sob suspeita de lavagem de dinheiro desviado de contratos públicos em rede de postos de combustíveis de sua propriedade em Campos dos Goytacazes

OPERAÇÃO POSTOS DE MIDAS
Thiago Rangel - (Foto: Alerj)

A Polícia Federal no Rio de Janeiro vasculhou na manhã desta segunda-feira, 14, endereços ligados ao deputado estadual Thiago Rangel (PMB) no bojo de uma investigação sobre desvios de dinheiro público por meio da contratação de empresas do parlamentar. O dinheiro, posteriormente, era lavado por uma extensa rede de postos de combustíveis do deputado, diz a PF.

O Estadão pediu manifestação do parlamentar, o que não havia ocorrido até a publicação deste texto. O espaço está aberto.

Durante as buscas na casa e no endereço de empresas do deputado, os agentes apreenderam dinheiro vivo. Ao todo, foram apreendidos R$ 160 mil em espécie, um veículo de luxo blindado avaliado em R$ 350 mil, além de celulares e documentos.

A operação foi batizada "Postos de Midas", em referência ao Rei Midas da Frigia que, "segundo a mitologia adquiriu o poder de transformar em ouro tudo que tocava".

A PF destacou que o nome foi escolhido em razão do "crescimento exponencial" do patrimônio de Rangel - quando ele concorreu a vereador em Campos dos Goytacazes, no Norte fluminense, ele declarou um patrimônio modesto, de R$ 224 mil, relativos a dois carros, participação em um posto de gasolina e um jet esqui.

Em 2022, quando concorreu a deputado estadual, Rangel declarou patrimônio mais alentado, agora de R$ 1,9 milhão, incluindo participação em uma rede de 18 postos de combustíveis e 12 empresas.

Agentes federais foram às ruas para cumprir 14 ordens de busca e apreensão nos endereços residenciais e em empresas de investigados. Quatro prédios públicos também foram vistoriados.

As diligências estão sendo realizadas em Campos dos Goytacazes, na capital fluminense e na região metropolitana do Rio.

A ofensiva apura supostos crimes de organização criminosa, fraudes em licitações, corrupção ativa e passiva, peculato, lavagem de capitais e outros.

A investigação foi aberta após a prisão em flagrante de um dos integrantes da suposta quadrilha - apontado como braço direito do chefe da organização, ele foi preso em flagrante no último dia 30 por corrupção eleitoral.

Segundo a PF, o inquérito descortinou um esquema de contratação direta, com dispensa fraudulenta de licitação de empresas ligadas ao deputado ou "emprestadas" a ele.

A corporação vê indícios de sobrepreço e de desvios de recursos públicos. Os investigadores também apuram suposto direcionamento de licitações para o mesmo grupo econômico.

COM A PALAVRA, O DEPUTADO THIAGO RANGEL

A reportagem pediu manifestação via gabinete e, até a publicação deste texto, ela não havia ocorrido. O espaço está aberto para manifestações.