Ricardo Eugenio | 08 de outubro de 2024 - 18h16

Porto Murtinho e o sonho de ser o novo hub da América Latina

Porto Murtinho terá porto multifuncional ligado à Rota de Integração Latino-Americana, conectando Brasil ao Pacífico e fortalecendo a logística regional, com apoio do SETLOG/MS.

ROTA BIOCEÂNICA
O presidente do SETLOG/MS, Cláudio Cavol, enxerga na RILA uma oportunidade histórica para o transporte rodoviário do Mato Grosso do Sul. - (Foto: Arquivo)

Lá no fim da BR-267, onde o Brasil encontra o Paraguai, Porto Murtinho está prestes a deixar de ser apenas mais um ponto no mapa fronteiriço e se tornar a menina dos olhos da logística sul-americana. A cidade, com pouco mais de 17 mil habitantes, pode não ter um shopping, mas em breve terá um porto multifuncional de fazer inveja a qualquer metrópole. É a Rota de Integração Latino-Americana (RILA) que está chegando para transformar essa pequena cidade no que muitos acreditam ser o próximo grande hub logístico da América Latina.

O anúncio da construção do porto foi feito nesta segunda-feira (7), e quem trouxe as boas novas foi ninguém menos que o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel. Ele, acompanhado de executivos do PTP Group – uma empresa que entende de portos como ninguém –, revelou o projeto: um gigante portuário à beira do Rio Paraguai, que vai conectar o Brasil ao norte do Chile, atravessando o Paraguai e a Cordilheira dos Andes. Se o sonho de transformar Porto Murtinho em um elo vital na logística internacional parecia algo distante há alguns anos, agora está tomando forma.


Porto Murtinho ganhará um porto multifuncional que promete revolucionar a logística sul-americana, com apoio do SETLOGMS.

Um porto no meio do nada? Para quem só conhece Porto Murtinho pelas notícias de enchente ou pelas pecuárias, a ideia de um porto multifuncional ali pode soar, no mínimo, curiosa. Mas não para o Sindicato das Empresas de Transporte e Logística de Mato Grosso do Sul (SETLOG/MS). Eles têm outra visão – mais clara e bem planejada. O SETLOG/MS, que sempre foi defensor ferrenho de melhorias na infraestrutura, tem o que comemorar. O porto é, na visão do sindicato, a peça-chave que faltava para consolidar Mato Grosso do Sul como um ator relevante nas rotas internacionais de transporte.

O SETLOG/MS acredita que a RILA, essa rota bioceânica que vai cruzar o continente de leste a oeste, é a grande promessa para o futuro do estado. Com ela, as empresas de transporte finalmente terão uma alternativa eficiente para exportar produtos como soja e milho para os mercados da Ásia, sem ter que passar pelos portos saturados do sudeste brasileiro. “O potencial da Bioceânica vai transformar a economia por onde passar”, afirmam os porta-vozes do sindicato, com um brilho no olho que só quem acompanha de perto a lentidão das obras públicas no Brasil entenderia.

Grãos vão, fertilizantes vêm - Por enquanto, o plano da PTP Group, responsável pelo empreendimento, é começar devagar, operando com granel e contêiner. Mas já se fala em ampliar para combustíveis e outros produtos no futuro. A operação, vista de maneira simples, é genial para o setor de transportes. Hoje, os caminhões que levam grãos do Mato Grosso do Sul para exportação acabam voltando vazios. Um desperdício de tempo e dinheiro. Com o novo porto, eles podem ir carregados e voltar também – desta vez com fertilizantes. Um ciclo perfeito.


O projeto foi apresentado nesta segunda-feira (7) ao governador Eduardo Riedel.

E não é só sobre fertilizantes ou grãos. O SETLOG/MS entende o impacto dessa movimentação para toda a cadeia logística. Com a operação do porto, o estado pode ver uma transformação nas suas rotas de transporte. As empresas locais, que antes lutavam para otimizar suas viagens, agora terão na ponta de suas operações um porto que conecta o Brasil aos mercados do Pacífico, com promessas de custos mais baixos e maior eficiência.

A Bioceânica é a chave - Há quem pense que o porto de Porto Murtinho é apenas mais uma obra na longa lista de promessas grandiosas que se arrastam por anos no Brasil. Mas a chave para entender o otimismo em torno do projeto é a RILA. Não se trata apenas de um porto. Trata-se de um corredor que vai cruzar quatro países, ligar o Brasil ao Chile, e permitir que os produtos brasileiros, especialmente os sul-mato-grossenses, cheguem aos mercados asiáticos sem precisar enfrentar a rota tradicional, que passa pelos portos do sudeste e enfrenta o congestionamento habitual.

O SETLOG/MS tem sido um dos maiores apoiadores dessa ideia. Para o sindicato, o estado tem o que é necessário para se transformar em um ponto estratégico no mapa da América Latina. O Porto Murtinho multifuncional será o coração de uma rota bioceânica que vai atravessar o Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. No caminho, não apenas grãos serão transportados. A ideia é que o fluxo de mercadorias, insumos e até combustíveis siga o trajeto, transformando o Mato Grosso do Sul em um centro de negócios.

E agora, Porto Murtinho? Para a pequena Porto Murtinho, a construção do porto traz um novo ritmo. A cidade, que sempre viveu à sombra da sua localização fronteiriça e do agronegócio, agora se vê no centro de uma transformação econômica que pode mudar radicalmente seu destino. A promessa de empregos, novas oportunidades de negócio e o desenvolvimento de infraestrutura acompanha a chegada do porto.

Os executivos da PTP Group já adquiriram a área, e o projeto, que por enquanto está no papel, deve começar a tomar forma em breve. A expectativa é que o porto comece a operar em fases, com um cronograma de expansão já desenhado para os próximos anos. E para o SETLOG/MS, isso é música para os ouvidos. O sindicato, que sempre defendeu o aumento da infraestrutura portuária no estado, vê no porto multifuncional de Porto Murtinho a chance de Mato Grosso do Sul assumir seu lugar como um player importante nas rotas comerciais sul-americanas.

O SETLOG/MS e seu papel estratégico - No final das contas, o SETLOG/MS, tem sido uma peça essencial para que todo esse cenário se concretize. O sindicato, que representa as empresas de transporte e logística no estado, tem atuado como mediador entre o setor privado, o governo e investidores internacionais. E é justamente essa atuação que ajudou a colocar Porto Murtinho no radar dos grandes operadores logísticos.

Para quem acompanha de fora, pode parecer que tudo isso aconteceu de uma hora para outra. Mas o SETLOG/MS, que está envolvido nessas discussões há anos, sabe que o sucesso do projeto do porto não é sorte, mas resultado de um planejamento meticuloso. E agora, com a RILA começando a sair do papel e o porto multifuncional tomando forma, o sindicato pode dizer com orgulho que estava certo ao apostar nessa visão.

Para o cidadão comum, Porto Murtinho continua sendo aquela cidade pequena, à beira do rio. Mas para o SETLOG/MS, ela é muito mais: é o futuro da logística sul-americana.