Beto Pereira responde a ataques e denuncia manobras da velha política em reta final decisiva
Beto Pereira enfrenta acusações de corrupção, mas rebate com discursos fortes, acusando adversários de usar fake news e a velha política para barrar sua ascensão.
ELEIÇÕES 2024Há uma semana das eleições, um dos candidatos à prefeitura de Campo Grande enfrenta uma acusação vinda das sombras. David Cloky Hoffaman Chita, despachante foragido, apontado como operador de um esquema de corrupção no Detran-MS, decidiu reaparecer. Ou, ao menos, tentar. Alegando correr risco de vida, Chita, do exílio, fez um movimento calculado: ofereceu ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) um acordo de colaboração premiada. Em sua delação, ele acusa Beto Pereira, candidato do PSDB à prefeitura, de liderar um esquema que desviava dinheiro público para a campanha eleitoral. É o enredo clássico de qualquer eleição: um fugitivo, acusações pesadas e um candidato em ascensão nas pesquisas.
Diante da denúncia, Beto Pereira — deputado federal e velho conhecido na política local — fez o que se espera em momentos como esse: reagiu com veemência. Em uma série de declarações públicas e na propaganda eleitoral, Pereira adotou o tom firme e direto que caracteriza boa parte de seus discursos. "É muita sacanagem", começou o candidato, dirigindo-se aos eleitores que o acompanham em comícios e nas redes sociais. "Mais uma denúncia picareta e fraudulenta feita por um foragido da Justiça contra mim."
A fala de Pereira mistura indignação e certo cansaço, comuns em campanhas acirradas. Ele sabe que as eleições estão chegando e que, com seu nome em alta, os ataques se tornaram uma constante. "Eles mentem que estamos trocando biqueira de maconha por votos. Atacaram minha família. Até meu pai, um homem de 80 anos."
A narrativa soa familiar. É a lógica da velha política, onde todo golpe é válido para desestabilizar o oponente. Para Beto Pereira, a denúncia de Chita é apenas mais uma peça no xadrez eleitoral de Mato Grosso do Sul.
Confira:
Chita: o homem das sombras - A aparição de David Chita, foragido e acusador, parece coisa de filme. Ele mesmo admite estar em fuga, alegando que sua vida corre perigo. Com uma mandado de prisão decretado, Chita diz que a sua única saída foi procurar o MPMS para tentar um acordo. Nas entrelinhas, ele tenta se posicionar como a chave para desmontar um suposto esquema que envolve empresários, policiais e políticos. E claro, segundo ele, Beto Pereira estaria no centro da trama.
Não é difícil entender por que a história circula com rapidez. Ela tem todos os ingredientes que transformam um candidato em alvo fácil: a acusação de corrupção, o envolvimento de servidores públicos e, como cereja do bolo, uma delação que promete "derrubar quadrilhas". No entanto, o homem que lança as acusações não está em um tribunal, mas escondido em algum lugar, forjando seu próximo movimento.
Pereira, por outro lado, parece determinado a não se deixar abalar por mais essa tempestade. "Vamos para a verdade", disse o candidato. "O denunciante é um bandido ligado ao PCC, foragido da polícia, com mandado de prisão em aberto. Gente, é o fugitivo da Justiça."
Ao traçar esse retrato do acusador, Pereira coloca a situação sob nova luz. Na narrativa que constrói, ele é o candidato perseguido por uma rede de mentiras, enquanto Chita emerge como um personagem de reputação duvidosa, incapaz de oferecer qualquer prova concreta. "Aqui, em minhas mãos, tenho uma certidão do Ministério Público afiançando que não sou investigado em caso algum."
O peso da política local - Não se pode negar que Beto Pereira está ciente do jogo. Ele sabe que, ao aparecer como o favorito nas pesquisas, seu nome passou a ser alvo fácil para ataques e denúncias. A campanha se intensifica, e o tom dos discursos reflete isso. O candidato não hesita em atacar adversários e desafiar veículos de imprensa que, segundo ele, estão envolvidos em uma "campanha sistemática de perseguição". Em suas palavras, o site que divulgou as denúncias faz parte de uma estratégia maior, ligada à velha política. "É o mesmo time, o mesmo site cujo dono foi denunciado no escândalo da coffee break", disparou.
Essa referência à "velha política" não é casual. Ao longo de sua campanha, Pereira vem se posicionando como um nome da mudança, alguém que deseja transformar Campo Grande. Suas propostas focam em infraestrutura, saúde e segurança, temas que dialogam diretamente com o público mais leigo, cansado das promessas vazias e dos escândalos que costumam marcar o cenário político local.
Quando questionado sobre o impacto das denúncias em sua candidatura, Pereira é categórico: "Bastou a gente subir em todas as pesquisas para começar a baixaria". Para ele, a velha política está disposta a tudo para evitar que "a mudança" chegue a Campo Grande.
O elefante na sala: e as propostas? Em meio a tudo isso, a campanha de Pereira tenta não perder o foco. Para além das polêmicas, ele segue reforçando suas propostas. Se, por um lado, é necessário dedicar tempo para desmontar as acusações, por outro, o candidato sabe que é preciso manter o diálogo com o eleitorado. Entre os planos, Pereira promete melhorias na saúde pública, como a ampliação de unidades de atendimento médico, e um projeto de modernização da infraestrutura da cidade.
Mas há um desafio a ser enfrentado: em tempos de fake news, como Beto Pereira bem mencionou em seus discursos, as denúncias, verdadeiras ou não, encontram terreno fértil para crescer e se multiplicar. É neste cenário que o candidato se posiciona como alguém que, apesar das adversidades, mantém o foco em suas propostas. "Querem tirar o foco do que realmente importa", disse. "Estamos falando de melhorias reais para Campo Grande, não de denúncias infundadas."
Beto Pereira sabe que, para conquistar os votos que faltam, precisará ir além da política de defesa. E, até o último dia, o candidato segue apostando que, apesar das denúncias e dos ataques, Campo Grande pode apostar em algo novo. Ou, nas palavras do próprio Beto Pereira: "A velha política já teve seu tempo. Agora é hora de fazermos diferente."