Elton Pereira | 20 de setembro de 2024 - 16h59

Avaliação completa da nova S10 Z71: força no motor, estilo na estrada

Com valores a partir de R$ 288.990, a S10 Z71 aposta no visual esportivo e no desempenho confiável

A robustez da S10 Z71 2025 estacionada em frente ao prédio da A Crítica. Um design que aposta na agressividade, mas sem esquecer do passado. - Foto: Divulgação | Redacão

Em maio de 2024, a Chevrolet lançou sua nova S10 Z71, prometendo um fôlego renovado para uma picape que há tempos figura entre as favoritas do Brasil. A chegada desse modelo trouxe expectativas altas: com a concorrência cada vez mais tecnológica e agressiva, não faltavam dúvidas sobre como a veterana se manteria no páreo. Agora, quatro meses após seu lançamento, com a S10 Z71 estacionada nas concessionárias por R$ 288.990, fica a pergunta: essa picape é o suficiente para seguir relevante no mercado ou é apenas uma versão esportiva que tenta disfarçar a falta de uma nova geração?
A linha S10 sempre carregou um símbolo de força, robustez e, claro, o famoso motor diesel Duramax que conquistou uma legião de motoristas, especialmente nas áreas rurais e em setores como a construção civil. No entanto, vivemos outros tempos. Hoje, uma picape precisa ir além de ser apenas um "trator" que se comporta bem tanto na cidade quanto na terra. O consumidor exige mais. Ele quer tecnologia, conforto e, acima de tudo, sentir que está pagando caro por algo que valha a pena.

Com o logo Z71 em destaque e o Santo Antônio esportivo, a S10 Z71 tenta convencer no visual, sem fugir muito do que já conhecemos.

A beleza está nos detalhes? Ao primeiro olhar, a S10 Z71 2025 tenta agradar aos olhos com um toque de esportividade. A versão traz uma pintura em vermelho chamativo, estribos laterais exclusivos, Santo Antônio esportivo e rodas de 18 polegadas. É uma picape que se propõe a ser robusta e, ao mesmo tempo, com cara de aventureira moderna. O acabamento em preto fosco da grade frontal e dos retrovisores adiciona um visual agressivo, enquanto a barra estendida na traseira completa o pacote.
No entanto, para além dos estribos e rodas esportivas, o design da Z71 não é nada revolucionário. O visual frontal é familiar, derivado da S10 anterior, e as linhas gerais não escondem que a Chevrolet está lidando com uma plataforma que já apresenta sinais de cansaço. Essa falta de uma grande mudança de geração pode ser frustrante para quem espera uma renovação estética mais profunda em uma picape com preço de quase R$ 290 mil.

Potência e motorização: aqui a história melhora - Se o visual não impressiona tanto, é sob o capô que a nova S10 Z71 brilha. O motor 2.8 Duramax Turbo Diesel de quatro cilindros, conhecido e admirado por sua robustez, entrega 200 cavalos de potência e impressionantes 51 kgfm de torque. Traduzindo do jargão mecânico para o dia a dia: essa picape tem força de sobra para lidar com situações desafiadoras, seja numa ultrapassagem em subida ou em estradas de terra mais complicadas.
A principal novidade aqui é o câmbio automático de oito marchas, que substitui o antigo de seis. Ele oferece trocas suaves e respostas rápidas, melhorando significativamente o desempenho da picape tanto no trânsito urbano quanto nas estradas. No papel, ela vai de 0 a 100 km/h em cerca de 9 segundos — um número impressionante para uma picape que pesa mais de duas toneladas. O consumo também segue dentro do esperado para um modelo diesel desse porte: cerca de 8 km/l na cidade e 13 km/l na estrada.

Mas nem tudo é perfeito. A S10 Z71, apesar de todo o seu apelo aventureiro, não traz o sistema de travamento de diferencial, um recurso crucial para quem realmente precisa encarar terrenos off-road mais complicados. Para uma picape que busca manter sua aura de veículo pronto para qualquer desafio, essa ausência deixa uma lacuna.

No interior da S10 Z71, o volante com acabamento em couro e as costuras vermelhas tentam dar um toque esportivo. A tela central amplia as funcionalidades, mas o ar-condicionado ainda é manual.

Conforto interno: entre o robusto e o básico - Por dentro, a S10 Z71 equilibra praticidade com um toque esportivo. Os bancos, com revestimento de tecido e couro, têm costuras vermelhas que complementam o visual externo. O espaço interno é generoso, tanto para o motorista quanto para os passageiros, e o banco traseiro oferece um truque útil: ele pode ser levantado para revelar compartimentos de armazenamento ocultos — ideais para esconder pequenos objetos ou organizar melhor a bagagem.
No entanto, o acabamento decepciona em alguns aspectos. Grande parte do interior é composta de plástico rígido, o que não combina com o preço premium da picape. Em versões concorrentes, como a Ford Ranger ou até mesmo outras opções da própria linha S10, encontramos materiais de melhor qualidade e um cuidado maior com o refinamento interno.

A nova S10 Z71 exibe o nome Chevrolet em letras garrafais na traseira. É a aposta da marca para mostrar que, mesmo sem uma geração nova, a força continua ali.

Se a praticidade não impressiona, o mesmo pode ser dito sobre a tecnologia. A S10 Z71 oferece uma central multimídia compatível com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, o que facilita a vida do motorista, além do sistema OnStar, que garante assistência remota. No entanto, o ar-condicionado ainda é manual — algo que surpreende (negativamente) para um modelo que custa quase R$ 300 mil. A ausência de itens como banco do motorista com regulagem elétrica ou carregador de celular sem fio, presentes em versões mais completas da linha, também diminui o brilho dessa versão esportiva.

Comparação com as outras versões da S10 - Entender o posicionamento da S10 Z71 fica mais claro quando olhamos para o que as outras versões da linha oferecem. A Chevrolet montou um cardápio diversificado, onde o consumidor pode escolher entre pacotes que variam desde os mais simples até os mais recheados de tecnologia.

Usabilidade: o que a S10 Z71 faz bem - Seja no asfalto ou na terra, a S10 Z71 mostra sua força. O novo câmbio automático de oito marchas está bem ajustado ao motor Duramax, proporcionando uma condução confortável tanto na cidade quanto na estrada. A tração nas quatro rodas dá conta do recado na maioria das situações, e, mesmo com a falta do travamento de diferencial, a picape não faz feio em terrenos mais acidentados.
Além disso, a caçamba continua sendo um dos pontos altos da S10. Com capacidade para mais de uma tonelada de carga, a picape mantém sua utilidade, seja para trabalho pesado ou lazer. O "Multiboard", um acessório que divide a caçamba em compartimentos, facilita o transporte de cargas menores, enquanto o bagageiro no teto aumenta a versatilidade.

Rodas de liga leve aro 18, desenhadas para enfrentar o asfalto e o off-road, mas com foco no estilo urbano da picape.

Veredito: o que é a S10 Z71 afinal? Com mais de quatro meses no mercado, a S10 Z71 2025 já mostrou para que veio. Ela é uma picape robusta, com um motor potente e câmbio eficiente, ideal para quem precisa de força e confiabilidade. No entanto, no cenário atual, onde cada vez mais consumidores esperam tecnologia de ponta e conforto, a S10 Z71 parece andar um passo atrás da concorrência.
Se o objetivo é ter uma picape com estilo esportivo, motor potente e desempenho eficiente, a Z71 pode ser uma boa escolha. Mas, se a prioridade for um pacote mais completo de tecnologia e conforto, versões como a S10 LTZ ou a High Country oferecem mais por um preço um pouco maior. Afinal, em tempos de concorrência acirrada, a diferença entre uma picape boa e uma excelente está nos detalhes — e nos equipamentos que ela oferece.