Uma partida sonolenta, um estádio que mudou de nome para agradar o patrocinador e um time visitante com a cabeça em outro torneio. Assim foi o cenário deste domingo na Arena Fonte Nova, em Salvador, onde o Bahia derrotou o Atlético-MG por 3 a 0 pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro. Se o primeiro tempo parecia mais um ensaio de futebol sem emoções, a segunda etapa trouxe um Bahia renovado, que garantiu a vitória com gols de Everaldo, Everton Ribeiro e Luciano Rodríguez.

Foi uma partida estranha desde o começo. A Casa de Apostas Arena Fonte Nova (novo nome do estádio, fruto de uma jogada comercial) parecia mais cheia de torcedores do que de expectativa. O Atlético-MG, com um elenco desfalcado e foco na Libertadores, jogava como quem tenta chegar ao fim do expediente numa sexta-feira. O Bahia, por sua vez, começava com uma posse de bola que parecia sem direção, dominando o meio-campo, mas sem muita criatividade no ataque. Era mais um desses jogos do Brasileirão que não prometem muito.

Um primeiro tempo para esquecer - No primeiro tempo, ambos os times pareciam jogar como se tivessem algo melhor para fazer. O Bahia tinha mais posse de bola, como era de se esperar jogando em casa, mas a pressão era tímida. O maior destaque foi Thaciano, que tentou de cabeça e chegou a ficar frente a frente com Everson, goleiro do Atlético-MG. O resultado? Bola para fora, para frustração da torcida. O atacante Everaldo também teve alguns lampejos, mas nada muito significativo.

Do lado do Galo, a situação era ainda mais monótona. O trio ofensivo formado por Hulk, Palacios e o jovem Cadu parecia um grupo que se conheceu há pouco tempo. A falta de entrosamento era evidente, e as poucas investidas ao ataque resultaram em uma única finalização no gol. O primeiro tempo terminou como começou: sem brilho, sem gols e com um público cada vez mais impaciente.

Um Bahia acordado após o intervalo - O intervalo trouxe mais do que uma pausa no jogo. O Bahia voltou para o segundo tempo com uma atitude renovada e finalmente conseguiu explorar as falhas da defesa mineira. Aos cinco minutos, Thaciano, que já havia tentado abrir o placar antes, encontrou Everaldo na área. O atacante girou e chutou no contrapé de Everson, abrindo o placar e, finalmente, trazendo um pouco de vida ao jogo.

Logo depois, o placar foi ampliado por Everton Ribeiro, um dos reforços mais experientes do time baiano. Aos 12 minutos, ele recebeu um passe preciso de Cauly e bateu de primeira, sem chances para o goleiro. O Bahia, que até então parecia estar apenas "cumprindo tabela", mostrava sua melhor versão.

O técnico do Atlético-MG, Gabriel Milito, desesperado com a virada, fez quatro substituições de uma só vez, numa tentativa de mudar o rumo da partida. Mas o estrago já estava feito. A defesa baiana, até então sólida, continuava firme e não dava margem para que o ataque mineiro se recuperasse. O Galo só conseguiu assustar em uma cobrança de falta de Hulk, que foi bem defendida por Marcos Felipe, goleiro do Bahia.

A cereja no bolo - Nos acréscimos, o jovem Luciano Rodríguez, que havia entrado no lugar de Cauly, marcou um golaço para encerrar a partida com estilo. Ele recebeu na entrada da área, ajeitou a bola e chutou com precisão no ângulo, aos 46 minutos. A vitória por 3 a 0 garantiu ao Bahia um lugar no G-6 do Campeonato Brasileiro, retornando à zona de classificação para a pré-Libertadores, com 42 pontos. O time aproveitou ainda a derrota do Cruzeiro para o São Paulo, consolidando sua posição na tabela.

Do lado do Atlético-MG, as atenções já estavam voltadas para a Libertadores. Com 33 pontos, o time de Milito se mantém no 10º lugar, distante das primeiras posições e ainda mais preocupado com o que está por vir: o jogo de ida contra o Fluminense, pelas quartas de final do torneio continental.

O Bahia de Rogério Ceni tem demonstrado evolução nos últimos jogos, conseguindo resultados que colocam a equipe entre as candidatas à vaga na Libertadores do próximo ano. A vitória contra o Atlético-MG, mesmo diante de um time misto e com a cabeça em outra competição, foi fundamental para que o time baiano continue sonhando alto. Com o retorno de jogadores importantes, como Everton Ribeiro, a equipe ganhou mais consistência no meio de campo e mais precisão no ataque.

Já o Atlético-MG, em meio a uma temporada de altos e baixos, precisa equilibrar seu foco entre o Brasileirão e a Libertadores, sem comprometer seu desempenho em ambas as competições. A decisão de poupar jogadores no jogo deste domingo pode ter sido estratégica, mas o resultado foi um desempenho abaixo do esperado. Agora, o desafio é tentar compensar essa derrota e manter as chances vivas no campeonato nacional, enquanto também busca uma vaga na final da Libertadores.

Para o Bahia, o próximo desafio será fora de casa, contra o Fortaleza. O Atlético-MG, por sua vez, tem compromissos importantes tanto na Libertadores quanto no Brasileirão. O time mineiro enfrenta o Fluminense na próxima quarta-feira, no Maracanã, e no domingo encara o Red Bull Bragantino pela 27ª rodada do Brasileirão.

Ficha técnica

BAHIA 3 X 0 ATLÉTICO-MG
BAHIA - Marcos Felipe; Santiago Arias, Gabriel Xavier, Kanu e Luciano Juba; Caio Alexandre (Rezende), Jean Lucas (Iago), Cauly (Luciano Rodríguez) e Everton Ribeiro; Thaciano (Ademir) e Everaldo (Rafael Ratão). Técnico: Rogério Ceni.
ATLÉTICO-MG - Everson; Mariano (Saravia), Bruno Fuchs, Lyanco e Rubens (Alan Kardec); Battaglia, Fausto Vera e Igor Gomes (Bernard); Hulk, Palacios (Scarpa) e Cadu (Deyverson). Técnico: Gabriel Milito.
GOLS - Everaldo, aos cinco, Everton Ribeiro, aos 12, Luciano Rodríguez, aos 46 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS - Kanu (Bahia); Igor Gomes e Everson (Atlético-MG).
ÁRBITRO - Rafael Rodrigo Klein (RS).
RENDA - R$ 831.625,50.
PÚBLICO - 26.648 torcedores.
LOCAL - Casa de Apostas Arena Fonte Nova, Salvador (BA).