Corpo não identificado é encontrado por pescador no Rio Verde
Um corpo em decomposição, uma bermuda amarela e o mistério de uma morte a esclarecer
MISTÉRIO NO RIO VERDEEra uma tarde de uma sexta-feira 13 como tantas outras em Água Clara, cidade de pouco mais de 15 mil habitantes, situada no interior do Mato Grosso do Sul, a 193 quilômetros de Campo Grande. O Rio Verde, que corta o município e já foi palco de histórias de pescaria e tranquilidade, naquele dia carregava um segredo em suas águas. Um pescador, apenas mais um a buscar sustento ou passatempo na margem, viu algo que, no mínimo, tiraria qualquer um de sua rotina. Enroscado em uma galhada, preso como uma peça no quebra-cabeça da vida ribeirinha, estava um corpo em decomposição.
Até então, nada se sabia sobre a vítima, e talvez pouco mais se saiba agora. O homem, entre 30 e 45 anos, usava apenas uma bermuda de tactel nas cores amarela, preta e branca. Sem documentos, sem sinais de identidade, sem história — ou pelo menos nenhuma que fosse contada ali, naquele momento. Assim como as águas do rio seguem seu curso, a vida em Água Clara continuou, mas, para as autoridades, aquele corpo no rio era o ponto de partida de uma nova investigação que, até agora, oferece poucas pistas.
A rotina da Polícia Civil foi interrompida pela chegada da notícia. Confirmado o relato do pescador, iniciou-se o processo de busca por parentes, na esperança de que alguém reconhecesse o homem — talvez algum familiar desaparecido. Porém, como é frequente em casos assim, nada apareceu de imediato. O corpo, então, foi retirado do rio pelo Corpo de Bombeiros de Três Lagoas, deslocado como um objeto sem dono para o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol), onde a frieza dos trâmites legais pode, quem sabe, dar alguma pista sobre quem era aquele homem e o que aconteceu com ele.
A morte foi registrada como "morte a esclarecer", um termo burocrático que, ao mesmo tempo, sugere a complexidade do que significa morrer sem explicação. Em Água Clara, como em tantos outros lugares, corpos aparecem nas águas e suas histórias nem sempre são contadas. Em uma cidade pequena, onde todos parecem conhecer todos, a presença de um desconhecido já é, por si só, algo estranho. Quem seria aquele homem? O que o levou a estar ali, naquele estado, preso nas margens do rio?
A ausência de respostas pode parecer comum em casos como esse, mas também traz à tona a sensação de que algumas histórias ficam perdidas, tal como corpos flutuando, desaparecendo de vista até que, um dia, voltem à superfície.
Entre a vida que segue e o mistério que persiste, a cidade de Água Clara observa de longe, sabendo que o caso agora está nas mãos das autoridades, mas sem esperar que a solução venha tão rapidamente quanto as águas que levam suas dúvidas rio abaixo.