Polícia Federal fecha o cerco: operação captura membros de facção em Naviraí
Operação Terceiro Tempo da Polícia Federal mira facção criminosa envolvida no tráfico de drogas em Naviraí, Uberaba e Araxá, com 25 mandados de prisão e 31 de busca e apreensão.
FACÇÃO EM XEQUENas primeiras horas desta quinta-feira (12), enquanto a maioria das pessoas ainda ajustava o despertador, a Polícia Federal já estava nas ruas, envolvida em uma operação digna de filme de ação. O alvo? Uma facção criminosa que, ao contrário das produções hollywoodianas, não usa máscaras de palhaço nem dirige carros esportivos reluzentes. Seu negócio é mais discreto e igualmente letal: o tráfico de drogas.
A cidade de Naviraí, a 359 quilômetros de Campo Grande, foi um dos locais da operação Terceiro Tempo, nome que soa quase como o fechamento de um jogo tenso. Mas, em vez de bolas e juízes, o que está em campo são mandados de prisão, buscas, apreensões e uma série de celulares apreendidos. Ao todo, são 25 mandados de prisão e 31 de busca e apreensão. Nada de sorrisos ou aplausos. O clima é de tensão – tanto nas ruas de Naviraí quanto nas distantes Uberaba e Araxá, em Minas Gerais, onde a operação também se desenrola.
Uma operação de muitos tempos - O curioso é que a Operação Terceiro Tempo não nasceu do nada. Ela é um desdobramento das operações Contra-Ataque I e II, que, entre novembro de 2023 e abril de 2024, foram desferindo golpes contra o tráfico de drogas no estado. Durante essas fases iniciais, 29 mandados de prisão e 39 de busca e apreensão já haviam sido cumpridos. Mas, como em um tabuleiro de xadrez, o jogo do tráfico tem várias peças e, muitas vezes, a derrubada de um peão ou bispo apenas abre caminho para revelar outro esquema.
Desta vez, os investigadores se depararam com um novo grupo criminoso. Diferente, mas com a mesma motivação: o lucrativo e perigoso comércio ilegal de drogas. A descoberta levou ao que estamos vendo hoje: uma ofensiva coordenada da Polícia Federal, apoiada por cerca de 180 agentes que, sem trégua, perseguem os envolvidos em Naviraí, Uberaba, Araxá e até dentro das unidades prisionais de Formiga (MG) e Franca (SP). Para esses últimos, é como se a PF dissesse: "Achou que a prisão era o fim da linha? Pense de novo."
A geografia do tráfico - Naviraí, no interior de Mato Grosso do Sul, pode não ser a primeira cidade que vem à mente quando se fala de operações gigantes contra o tráfico de drogas. Talvez alguns até se perguntem: Por que Naviraí? A resposta está na geografia. Mato Grosso do Sul faz fronteira com Paraguai e Bolívia, e essa proximidade cria uma espécie de rodovia invisível para o tráfico. Naviraí, com sua localização estratégica, acaba se tornando um ponto de passagem crucial para as drogas que entram no Brasil e se espalham para outros estados.
O tráfico não respeita fronteiras, tampouco limites urbanos. Uberaba e Araxá, no interior de Minas Gerais, são partes desse mesmo esquema de distribuição. O que começa nas fronteiras sul-mato-grossenses, frequentemente termina em bocas de fumo nos grandes centros urbanos ou até em outros países. Por isso, o braço da operação se estende para além das fronteiras de Mato Grosso do Sul. O combate a essas redes exige uma coordenação que conecta diferentes cidades e estados, como as peças de um quebra-cabeça.
Contra-ataque e o terceiro tempo - As operações Contra-Ataque I e II já haviam colocado as forças policiais na ofensiva contra a facção. Agora, com a Operação Terceiro Tempo, a estratégia é aprofundar o cerco, mirando um grupo com novas lideranças e uma estrutura mais sofisticada, que se diferenciava da facção originalmente investigada. Ou seja, estamos diante de um desdobramento. O tipo de operação que não é apenas uma repetição do que foi feito, mas uma resposta a uma organização criminosa que, mesmo pressionada, conseguiu se rearticular.
É aí que entra a expertise da Polícia Federal e da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco). Não se trata apenas de fazer prisões e apreensões, mas de compreender as dinâmicas de um mercado ilegal que não para de se adaptar. Com a quantidade de mandados sendo cumpridos e a logística envolvida na operação, a PF não quer deixar dúvida de que o terceiro tempo pode, finalmente, ser o último.
O que vem depois? Os detalhes da operação serão revelados às 10h da manhã, na Delegacia da Polícia Federal em Uberaba. A coletiva de imprensa deve fornecer mais informações sobre o impacto das prisões e apreensões feitas hoje. Mas o grande desafio, tanto para a polícia quanto para a sociedade, é saber se, com esse golpe, será possível frear o ciclo do tráfico que há décadas desafia autoridades e sufoca comunidades.
Naviraí volta a ser notícia, mas dessa vez, o desfecho parece promissor. O tráfico de drogas, com suas tentáculos invisíveis, encontra uma resistência organizada e decidida a encerrar essa partida com vitória para as forças da lei.