Da redação | 22 de agosto de 2024 - 08h15

Destaque do MS nas Paralimpíadas de Paris: atletas e técnicos do Bolsa Atleta visam o pódio

Atletas e técnicos de Mato Grosso do Sul, beneficiados pelo programa Bolsa Atleta, são promessas de medalhas nas Paralimpíadas de Paris 2024

PARALIMPÍADAS
Fernando Rufino, o "Cowboy de Aço", se prepara para representar Mato Grosso do Sul na paracanoagem em Paris-2024, carregando no peito a determinação de quem já fez história no esporte - (Foto: Miriam Jeske/CPB)

Os Jogos Paralímpicos de Paris 2024, maior evento esportivo para atletas com deficiência no mundo, estão prestes a começar. O evento será realizado de 28 de agosto a 8 de setembro e conta com a participação de atletas de todo o planeta. Entre os competidores, dois atletas de Mato Grosso do Sul, beneficiados pelo programa Bolsa Atleta, são apontados como grandes promessas de medalhas: Fernando Rufino, na paracanoagem, e Yeltsin Jacques, no atletismo. Ambos já foram destaques na última edição dos Jogos, em Tóquio-2020, onde conquistaram medalhas e bateram recordes. Além dos atletas, a professora de judô Anne Talitha Silva também representará o estado como auxiliar-técnica da seleção brasileira.

Fernando Rufino: do peão de rodeio ao “Cowboy de Aço” da paracanoagem - Fernando Rufino de Paulo, mais conhecido como “Cowboy de Aço”, é um dos grandes nomes da paracanoagem mundial. Natural de Eldorado, no Mato Grosso do Sul, Rufino conquistou recentemente o ouro na categoria VL2M200m no Mundial de Paracanoagem, consolidando-se como uma das promessas para as Paralimpíadas de Paris.

Rufino já fez história nas Paralimpíadas Rio 2016, onde conquistou uma medalha de prata, e nos Jogos de Tóquio-2020, quando garantiu a medalha de ouro nos 200 metros com um tempo recorde de 53,077 segundos. Para Rufino, o apoio do Governo do Mato Grosso do Sul foi fundamental em sua jornada de sucesso. “O programa Bolsa Atleta foi crucial para minha preparação em nível mundial. Ele permitiu que eu obtivesse bons resultados tanto no Campeonato Mundial quanto nas Paralimpíadas. Continuo contando com esse suporte rumo a Los Angeles 2028”, declarou.

A trajetória de Rufino é marcada pela superação. Seu sonho inicial de ser peão de rodeiso foi interrompido por um acidente que o deixou paraplégico, mas ele encontrou no esporte uma nova paixão e a oportunidade de realizar novos sonhos. “O esporte mudou minha vida de uma forma maravilhosa. Sou uma pessoa realizada e quero mostrar que todos podem alcançar seus objetivos, mesmo diante das maiores adversidades”, afirmou.

Yeltsin Jacques: o velocista imbatível do Mato Grosso do Sul - Outro destaque sul-mato-grossense nas Paralimpíadas de Paris é Yeltsin Francisco Ortega Jacques, de 33 anos, natural de Campo Grande. Yeltsin competirá nas provas de 1.500 e 5.000 metros na classe T11, destinada a atletas cegos. Ele é o atual campeão mundial dos 5.000 metros e recordista mundial em ambas as provas. Após sua performance impressionante em Tóquio-2020, onde conquistou ouro nas duas categorias, Yeltsin chega a Paris como um dos favoritos ao pódio.

Yeltsin Jacques, recordista mundial, está pronto para brilhar nas provas de 1.500 e 5.000 metros nas Paralimpíadas de Paris 2024 (Foto: Miriam Jeske/CPB)

Com 18 anos de experiência no atletismo, Yeltsin relembra os desafios que enfrentou no início de sua carreira, quando não havia infraestrutura adequada em Mato Grosso do Sul. “Naquela época, não havia uma pista de atletismo oficial, nem o programa Bolsa Atleta. Tive que me mudar para outro país em busca de melhores condições de treino, mas retornei assim que a infraestrutura melhorou em Campo Grande”, contou.

Yeltsin destaca a importância do apoio governamental para o desenvolvimento do esporte paralímpico no estado. “O Bolsa Atleta foi decisivo para minha volta ao Mato Grosso do Sul e para as conquistas em Tóquio. O esporte paralímpico não só transforma vidas, mas também inspira e inclui pessoas com deficiência na sociedade”, afirmou.

Anne Talitha Silva: referência no judô paralímpico - A professora de judô Anne Talitha Silva, com mais de 15 anos de experiência no treinamento de atletas paralímpicos, também foi convocada para integrar a delegação brasileira como auxiliar-técnica nas Paralimpíadas de Paris-2024. Talitha comandará duas atletas sul-mato-grossenses: Erika Cheres, na categoria acima de 70 kg, classe J1 (cegos totais), e Kelly Victório, na categoria até 70 kg, classe J2 (baixa visão).

Para Anne Talitha, a convocação foi uma grande surpresa e motivo de orgulho. “Trabalho com o esporte paralímpico há bastante tempo, especialmente com o judô. Ser convocada para as Paralimpíadas é uma realização profissional”, afirmou a técnica.

Erika Cheres, natural de Guia Lopes da Laguna, começou no judô em 2006 devido ao glaucoma congênito e se destacou internacionalmente, conquistando prata no Grand Prix de Tiblissi e ouro no Grand Prix de Antalya em 2024. Já Kelly Victório, de Campo Grande, com apenas 20 anos, já ocupa a décima posição no ranking paralímpico da Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA) e recentemente conquistou ouro no Parapan de Jovens em Bogotá.

Anne Talitha celebra a participação de suas atletas e destaca a importância dos programas de apoio do governo. “Ver Mato Grosso do Sul tão bem representado nas Paralimpíadas é motivo de muita alegria. Espero que isso motive mais atletas e professores a seguirem no esporte paralímpico, que é um campo promissor e de grande impacto social”, concluiu.