Proibição do plantio de murta em Mato Grosso do Sul busca proteger lavouras de laranja
Planta comum em jardins é hospedeira de bactéria que ameaça a produção de frutas cítricas no estado
AGRONEGÓCIOOs deputados estaduais de Mato Grosso do Sul aprovaram, nesta terça-feira (20), um projeto de lei que proíbe o plantio, venda e transporte da murta, planta muito popular em jardins e cercas vivas. A decisão, que ainda precisa ser sancionada pelo governador Eduardo Riedel, visa impedir a propagação de uma bactéria devastadora para a produção de frutas cítricas, como laranjas e limões. O problema é que a murta funciona como hospedeira da bactéria causadora do huanglongbing (HLB), também conhecida como greening, uma doença que está entre as mais perigosas para a citricultura no mundo.
O HLB, sem cura até o momento, destrói plantações inteiras de laranjas, limões e outras frutas cítricas. A bactéria é transmitida por um inseto, o psilídeo, que costuma encontrar abrigo em plantas como a murta. “A citricultura é uma atividade em expansão em Mato Grosso do Sul, e precisamos evitar o avanço dessa doença para proteger nossos produtores e garantir o desenvolvimento econômico do estado”, destaca o governo no projeto.
De planta decorativa a vilã da citricultura - Quem já passeou por bairros residenciais certamente já viu a murta, também conhecida como dama-da-noite. A planta, além de resistente, é famosa pelo forte perfume que exala à noite. No entanto, sua presença se tornou um pesadelo para os agricultores. Isso porque a murta oferece abrigo para a bactéria que causa o HLB, um mal que faz as folhas das árvores cítricas ficarem amareladas, os frutos se deformarem e, no pior dos cenários, mata a planta. O maior problema? Ainda não existe um tratamento que consiga curar as plantas infectadas.
Mato Grosso do Sul, que nos últimos anos vem investindo na diversificação agrícola, tem na citricultura um setor promissor. Frutas como laranja e limão começam a ganhar espaço nas lavouras do estado, e essa proibição ao plantio da murta vem justamente para proteger esse avanço. “Com essa medida, queremos garantir que nosso estado esteja alinhado com as normas internacionais, o que também facilita a exportação de produtos e atrai investimentos”, reforça o texto da lei.
O que muda com a nova lei - Se o projeto for sancionado, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) vão estabelecer regras claras para a aplicação da lei. Isso inclui definir as punições para quem descumprir a proibição e orientar a população sobre como proceder. A ideia é que a fiscalização seja rigorosa, mas, para funcionar, a colaboração dos moradores também será fundamental. Afinal, muitas vezes, a murta está presente em jardins e quintais, sendo plantada sem que as pessoas saibam dos riscos que ela traz.
Além disso, a expectativa é que sejam realizadas campanhas de conscientização para explicar a importância da medida. Os órgãos envolvidos devem orientar sobre o que fazer para substituir as murtas e como evitar que a doença se espalhe.
A ameaça invisível para os cítricos - O HLB não é um problema novo no Brasil. Estados como São Paulo e Paraná já enfrentam a doença há anos e, por isso, muitas regiões adotaram leis semelhantes para banir a murta e outras plantas hospedeiras. A presença da bactéria em Mato Grosso do Sul foi confirmada pelo Ministério da Agricultura, o que acendeu o alerta entre os produtores locais.
A doença afeta diretamente a qualidade e a produtividade das plantações. Para o consumidor final, isso pode significar frutas mais caras e escassez em determinados períodos. A indústria de sucos, por exemplo, também sente o impacto, já que a oferta de laranjas saudáveis diminui.
Com a aprovação da lei, Mato Grosso do Sul se junta a outras regiões do país na luta para controlar o avanço do HLB e proteger suas plantações. Resta agora aguardar a sanção do governador e o início das ações para garantir que a citricultura local continue a crescer sem ameaças.