O que torna um atleta olímpico capaz de realizar feitos impressionantes, como correr 100 metros em menos de 10 segundos ou saltar quase 9 metros de distância? A resposta está em uma combinação de treinamento intenso, predisposição genética e investimentos em tecnologia e infraestrutura. Embora esses fatores sejam conhecidos entre os especialistas, eles podem parecer complexos para o público geral.

Vamos entender melhor como esses elementos contribuem para moldar o corpo de um atleta de elite.

A importância do treinamento e da genética - Quando assistimos a competições olímpicas, é fácil perceber que os corpos dos atletas parecem feitos sob medida para as modalidades que praticam. Os nadadores, por exemplo, têm ombros largos e braços fortes, enquanto os corredores de maratona são mais magros e ágeis. Mas, será que esses atletas já nasceram assim ou o treinamento os transformou?

Segundo o professor Valmor Tricolli, da Escola de Educação Física e Esporte da USP, a resposta está em uma combinação dos dois. O treinamento é fundamental para desenvolver a força, a resistência e a técnica que o esporte exige. No entanto, a genética desempenha um papel crucial, pois ela determina como o corpo responde a esses treinos. "Se uma pessoa tem uma genética favorável para um determinado esporte, ela vai responder melhor aos treinamentos e, assim, terá mais chances de se destacar", explica Tricolli.

Isso significa que, desde cedo, alguns indivíduos mostram habilidades naturais para certos esportes, como uma altura acima da média para o basquete ou força muscular para o levantamento de peso. Esses atributos genéticos facilitam o caminho para que, com o treinamento adequado, eles possam se tornar atletas de alto nível.

O papel do investimento no sucesso esportivo - Além do treinamento e da genética, há outro fator essencial para o sucesso de um atleta: o investimento. Na prática, isso quer dizer que, para alcançar os melhores resultados, os atletas precisam de acesso a equipamentos de ponta, instalações adequadas e uma equipe de profissionais para orientá-los. Países que investem mais no esporte geralmente conseguem melhores resultados nas Olimpíadas.

Um exemplo claro disso foi visto em países que sediaram as Olimpíadas, como Brasil, Espanha e Austrália. Após receberem os jogos, esses países aumentaram seus investimentos em infraestrutura esportiva e, como resultado, seus atletas conseguiram mais medalhas. Isso mostra que, além de talento e dedicação, os recursos financeiros são fundamentais para que um atleta possa competir em igualdade de condições com os melhores do mundo.

Genética e seleção natural no esporte - Muitas vezes, ouvimos dizer que o esporte pode "transformar" o corpo de uma pessoa. Mas até que ponto isso é verdade? De acordo com Tricolli, o esporte pode, sim, ajudar no desenvolvimento físico, mas não altera características genéticas básicas, como a altura ou a predisposição a ganhar massa muscular.

Por exemplo, um jovem que pratica basquete pode desenvolver uma excelente capacidade física e habilidades técnicas, mas ele não vai crescer mais do que o que sua genética permite. Da mesma forma, a prática de um esporte como o judô pode tornar uma pessoa mais forte e ágil, mas não vai alterar sua altura natural. O que o esporte faz é potencializar o que a pessoa já tem de melhor, dentro dos limites impostos pela genética.

O tempo de treinamento faz toda a diferença - Outro aspecto importante na formação de um atleta olímpico é o tempo dedicado ao treinamento. Não basta começar a treinar e, em pouco tempo, esperar alcançar o topo. Em geral, os atletas que chegam às Olimpíadas têm uma longa história de dedicação ao esporte, muitas vezes começando ainda na infância.

"O treinamento contínuo, por muitos anos, é o que permite que um atleta desenvolva todo o seu potencial", afirma Tricolli. Por isso, é comum ver atletas que começaram muito jovens e, após anos de esforço, finalmente conseguem resultados expressivos. Cada modalidade tem sua peculiaridade, mas o tempo de prática acumulada é um fator decisivo para o sucesso.