Relatório do MPMS identifica locais de início dos incêndios no Pantanal
O relatório revela que 20 pontos de ignição geraram 14 grandes incêndios, queimando 292,86 mil hectares e atingindo 177 propriedades rurais, uma Terra Indígena e três Unidades de Conservação
MEIO AMBIENTEEstudo do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) divulgado nesta quarta-feira (3) mostra os locais onde começaram os incêndios de grandes proporções no Pantanal entre 10 de maio e 31 de junho deste ano.
O relatório revela que 20 pontos de ignição geraram 14 grandes incêndios, queimando 292,86 mil hectares e atingindo 177 propriedades rurais, uma Terra Indígena e três Unidades de Conservação. Além disso, 39,28 hectares em território boliviano também foram afetados, com números que podem aumentar à medida que alguns incêndios ainda não foram contidos.
A identificação dos locais de início dos incêndios foi realizada por meio de imagens de satélite, permitindo detectar áreas que variaram de 0,15 a 247 hectares. Essa variação ocorre devido ao rápido crescimento dos incêndios, dificultando a precisão da identificação inicial. Após a detecção por satélite, alertas foram enviados à Polícia Militar Ambiental para investigar as causas e buscar elementos para responsabilização. Desde 26 de junho, o Grupamento Aéreo do Governo do Estado tem fornecido apoio essencial para agilizar as vistorias.
Dos 20 pontos de início de incêndio, 13 foram em imóveis rurais, uma em Terra Indígena e áreas não cadastradas no CAR, com 17 ignições em Corumbá e três em Porto Murtinho. Desses pontos, nove estavam próximos a rios navegáveis, três perto de estradas vicinais e três em divisas de imóveis. Cinco pontos estavam em áreas isoladas, sendo duas sem cadastro de imóvel e três dentro de propriedades privadas.
O relatório indica que apenas um incêndio começou próximo a uma área recentemente desmatada, dificultando a relação direta entre desmatamento e incêndios. Da mesma forma, apenas um incêndio começou em uma unidade de conservação, não permitindo inferir que áreas protegidas facilitam incêndios no Pantanal.
Cerca de 65,82% da área total de ignição ocorreu em formação campestre, 19,52% em formação savânica e 5,76% em formação florestal, justificando o foco preventivo em áreas de vegetação nativa do Pantanal. Dois imóveis rurais iniciaram incêndios em quatro dos últimos cinco anos, e outros dois em três anos, recebendo atenção prioritária do MPMS.
Dos 14 laudos emitidos, 13 foram vistoriados pela Polícia Militar Ambiental. Em 11 casos, não foi possível responsabilizar administrativamente ou criminalmente devido à falta de elementos indicativos de como os incêndios começaram. Em pelo menos três casos, a PMA não conseguiu acessar os polígonos de ignição devido à dificuldade de acesso.
Algumas áreas apresentaram características que sugerem abandono, sem presença de pessoas ou animais, possivelmente relacionadas aos incêndios. Em um caso, um incêndio começou devido a uma queima científica que saiu do controle, enquanto em outro, um capataz iniciou um incêndio para queimar uma colmeia. Um laudo referente a uma área indígena foi remetido ao Ministério Público Federal para investigação.