Tabagismo é a causa de 80% dos óbitos por câncer de pulmão, aponta entidade
tabagismo está relacionado a 85% dos óbitos por câncer de pulmão entre homens e quase 80% entre as mulheres no Brasil.
IMPACTO DO TABAGISMOUm levantamento da Fundação do Câncer revelou que o tabagismo está associado a 85% das mortes por câncer de pulmão entre homens e a quase 80% entre mulheres no Brasil. A instituição também destacou que o tratamento da doença, juntamente com a perda de produtividade e cuidados dos pacientes, gera um custo anual de cerca de R$ 9 bilhões. Em contraste, a indústria do tabaco, por meio de impostos, cobre apenas 10% desses custos.
Impacto econômico
De acordo com Luiz Augusto Maltoni, diretor executivo da Fundação do Câncer e cirurgião oncológico, o câncer de pulmão é uma das principais preocupações de saúde pública global. A doença é silenciosa, frequentemente sem sintomas iniciais, sendo descoberta em estágios avançados. Maltoni enfatiza que "os métodos de triagem disponíveis, como a tomografia computadorizada de baixa dose para grupos de fumantes e ex-fumantes com histórico de tabagismo elevado, não são acessíveis a toda a população".
Para 2024, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) projeta 14 mil novos casos de câncer de pulmão em mulheres e 18 mil em homens no Brasil. Globalmente, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) prevê um aumento de mais de 65% na incidência da doença e de 74% na mortalidade até 2040, se os padrões atuais de comportamento em relação ao tabagismo persistirem.
Desafios no tratamento e controle do tabagismo
O consultor médico da Fundação do Câncer, Alfredo Scaff, ressalta que, apesar da legislação que garante tratamento a pacientes diagnosticados com câncer de pulmão dentro de 60 dias, essa prática nem sempre é cumprida no Brasil. Scaff aponta a necessidade de aprimorar as estratégias de controle do tabagismo e a eficiência no tratamento dos pacientes. "Se nada for feito, a doença avança, os custos de tratamento aumentam, os pacientes enfrentam mais dificuldades e as chances de óbito sobem", comenta.
Incidência e mortalidade regional
A Região Sul do Brasil lidera em incidência de câncer de pulmão, com 24,14 novos casos por 100 mil homens e 15,54 por 100 mil mulheres, comparado à média nacional de 12,73 para homens e 9,26 para mulheres. Apenas as regiões Norte (10,72) e Nordeste (11,26) apresentam taxas inferiores à média nacional para homens. Para as mulheres, todas as regiões Norte, Nordeste e Sudeste têm taxas abaixo da média nacional, com 8,27, 8,46 e 8,92, respectivamente.
Além disso, a Região Sul registra a maior taxa de mortalidade entre homens em todas as faixas etárias: 0,36 até 39 anos, 16,03 de 40 a 59 anos e 132,26 acima de 60 anos, por 100 mil homens. Entre as mulheres, a maior taxa de mortalidade na região ocorre nas faixas etárias de 40 a 59 anos (13,82 óbitos por 100 mil) e acima de 60 anos (81,98 por 100 mil).
Rejane Reis, pesquisadora do estudo, destaca que a mortalidade aumenta significativamente com o envelhecimento em todas as regiões do país. A faixa etária mais afetada pelo câncer de pulmão é entre 40 e 59 anos, abrangendo 74% dos casos em homens e 65% em mulheres.
Produtos alternativos e riscos à saúde
Maltoni também chamou a atenção para o interesse da indústria do tabaco em atrair novas gerações através de produtos como o cigarro eletrônico, que causam diversos problemas cardiorrespiratórios, pulmonares e até câncer. "É preocupante observar que estratégias para atrair novas gerações vêm sendo colocadas em prática", alertou Maltoni.