Rayssa Motta | 20 de fevereiro de 2024 - 19h45

Bolsonaro reafirma à PF que vai se calar no inquérito do golpe

Após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, que manteve audiência nesta quinta-feira (22), ex-presidente reiterou ao delegado Fábio Alvarez Shor que não vai responder suas perguntas e pediu para ser liberado da oitiva, o que foi negado

FICARÁ EM SILÊNCIO
Bolsonaro reafirma à PF que vai se calar no inquérito do golpe - (Foto: Wilton Júnior/Estadão)

Nesta terça-feira (20), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reafirmou que não responderá aos questionamentos da Polícia Federal (PF) no inquérito que investiga o suposto golpe. Bolsonaro está programado para prestar esclarecimentos sobre a trama golpista na quinta-feira (22).

 

A defesa informou ao delegado Fábio Alvarez Shor, que conduz a investigação, que o ex-presidente ficará em silêncio. Os advogados pedem que ele seja dispensado de comparecer à PF.

"Uma vez que o Peticionário fará uso do direito ao silêncio nos termos da presente manifestação, requer seja dispensado do comparecimento pessoal, conforme já discutido previamente com Vossa Excelência em outras oitivas, notadamente em virtude de preocupações relacionadas à logística e segurança", diz a manifestação.

A comunicação foi enviada ao delegado depois que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou um pedido para suspender o depoimento.

A defesa havia requisitado que ele só fosse ouvido depois de ter acesso às mensagens recuperadas pela PF nos celulares de seus aliados, apreendidos na investigação.

Moraes, por sua vez, alegou que os advogados já têm acesso integral aos autos e que apenas diligências em andamento e a delação do tenente-coronel Mauro Cid estão em sigilo. O ministro concluiu que não havia justificativa para o adiamento e cravou que não cabe ao ex-presidente, na condição de investigado, escolher a data e horário do seu interrogatório.

Em nova manifestação, nesta terça, a defesa de Bolsonaro insiste no acesso aos diálogos e afirma que o ministro Alexandre de Moraes não demonstrou "concretamente" por que a investigação pode ser prejudicada se o ex-presidente estiver a par das conversas. Outro argumento é que os advogados só receberam acesso aos autos ontem e não teriam tempo hábil para preparar a defesa.