Para Giorgiane, resiliência, otimismo e fé são armas poderosas na luta contra o câncer de mama
Tema afeta a vida de inúmeras mulheres diariamente e quem passa pela doença enfrenta desafios físicos e emocionais
OUTUBRO ROSAPara as vítimas do câncer de mama, falar sobre a doença é um tema sensível e delicado. Apesar do crescente número de mulheres diagnosticadas e curadas, é consenso que quem descobre a doença enfrenta desafios físicos e emocionais.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa é de cerca de 74 mil novos casos, por ano. Em Mato Grosso do Sul, a estimativa é de 910 casos. Apesar de um diagnóstico assustador, é possível enfrentar a doença com leveza e carisma. É o que compartilha a motorista particular, Giorgiane Azambuja.
Apaixonada por dirigir carros desde a adolescência, essa mulher inspiradora já atravessou o país pelas estradas. Natural do Rio Grande do Sul, ela percorreiu o país até o Acre (AC) no ano 2000. Em 2010, ela dirigiu do Acre até Uberlândia (MG). E foi neste mesmo ano que ela descobriu um nódulo durante um exame de rotina.
“Eu tinha um nódulo que só foi detectado através de uma mamografia, nem mesmo os médicos conseguiram detectar apalpando. A partir daí passei a acompanhar e em 2011 esse mesmo nódulo se modificou e precisei fazer uma biópsia, mas era um nódulo benigno, até então eu não precisaria me preocupar, só precisava fazer mamografia de ano em ano para acompanhar”, conta.
Para fazer um acompanhamento melhor, ela conta que passou também a fazer ultrassom com mais frequência. Já em 2018, durante seus exames de rotina, ela recebeu a notícia que nenhuma mulher gostaria de receber.
“No acompanhamento normal, de um ano para o outro, esse nódulo criou raiz e se transformou em um câncer. Eu nunca senti nada, nenhuma dor, nem hematomas. Então foi necessária uma nova biópsia, que dessa vez, constatou o câncer de mama”.
A partir daí, ela começou a travar uma batalha emocional e física. Mas sempre mostrando como a resiliência e o otimismo podem ser as melhores armas para enfrentar a doença.
O tratamento foi rigoroso, incluindo quimioterapia e radioterapia. No entanto, ela enfrentou cada desafio com um sorriso no rosto e mantendo a positividade.
“Passei a fazer quimioterapias, as primeiras eram de 21 em 21 dias, e eu me sentia muito mal, com náuseas e enjoos. Depois das quatro sessões de quimio de 21 dias, passei a fazer a chama quimio ‘brancas’, que eram semanalmente”, lembra.
Náuseas, enjoos, indisposição e emagrecimento foram os sintomas mais desafiadores. “Perdi o meu cabelo, passei a usar lenço mas era muito calor, então resolvi assumir minha careca. Sentia muitas dores, parecia que estavam cravando gravetos nos meus braços e pernas. Eu tomei três tipos de remédios para dor, inclusive morfina, geralmente usado para pacientes em etado termianl. Mesmo assim, as dores não passavam, só amenizava”.
Ela relembra que no final das quimio brancas, ela já não tinha mais forças. “Não conseguia levantar a cabeça, caminhar dois passos. Meu aspecto físico no fim das quimio era de uma senhora de 70 anos”, brinca.
Apesar de todo sofrimento, Giorgiane sempre se olhava no espelho com a imagem de quem ela era antes do câncer. “Tudo está dentro da nossa mente, eu usava muito do que eu sei sobre coaching para me autoajudar, quando eu me olhava no espelho eu dizia é apenas uma fase, daqui a pouco vai passar”, relembra.
Mesmo sendo uma pessoa positiva, ela conta que em certo momento, devido ao estágio físico, ela se preparou para a morte. “Conversei com as minhas filhas sobre os meus bens, eu me preparei psicologicamente para não estar aqui. É uma conversa que ninguém quer ter mas era necessário”.
Sempre brincalhona e conversadeira, ela não se deixava abater. “Sempre mantive a alegria quando eu estava bem, salvo as vezes que eu estava muito cansada, com dores e de cama”.
Mas a maior batalha emocional veio depois. Ela conta que caiu em uma depressão profunda. Gi descreve que não entendia como superou o auge da dor que um ser humano pode aguentar e, se sentir no fundo do poço justo na reta final do tratamento.
Na época, seu psicólogo foi certeiro na resposta. “Ele me disse, Giorgiane, na hora que você descobre um câncer, você tem duas escolhas, lutar ou se entregar, e você lutou com todas as forças, agora que o evento traumático passou, teu corpo e tua mente entende que pode se permitir sentir”.
Ela conta que o apoio da família foi fundamental durante o processo. Sua mãe veio diretamente do Acre para acompanhar e dar auxílio. "Tive apoio das minhas filhas, do meu ex-marido e da minha mãe. Também tenho uma irmã gêmea que não conseguiu deixar o Acre mas me cuidava em oração", relata.
Giorgiane com as filhas
Afastada do trabalho, ela enfrentou ainda outro desafio, as dívidas. Giorgiane relata que gastava o dobro do seu salário apenas com medicamentos e foi com ajuda de amigos, parceiros e Vaquinhas online que conseguiu custear o tratamento. Ela ainda aconselha as mulheres que estão passando pela doença e fazerem o mesmo.
Giorgiane finaliza com uma mensagem inspiradora para mulheres que podem estar enfrentando o câncer de mama. “Se você ou alguém da sua família está passando por uma situação de câncer, seja ele qual for. Em primeiro lugar, se agarre a Deus, ele pode fazer o sobrenatural sobre sua vida. Quando nós achamos que chegou no final da linha, ainda tem muita coisa para acontecer. Você é mais forte do que você imagina e essa força vem de dentro de ti. Quando eu estive doente eu me segurei em Jesus, me segurei nas mulheres da minha terra, me segurei nas mulheres que vieram antes de mim, minha avó, minha mãe e entreguei minha vida para Deus, só pedia forças para eu suportar o que eu poderia suportar”.
“Apesar de ser uma batalha desafiadora, eu venci o câncer e estou curada e desejo a cura sobre a vida de todas as pessoas que estejam enfrentando essa doença”, finaliza.
A história de Gi é um lembrete poderoso de que, mesmo diante dos maiores desafios, a atitude positiva pode fazer toda a diferença. Ela nos ensina que a vida é preciosa, e que enfrentar adversidades com um sorriso no rosto é a melhor forma de vencê-las. Um verdadeiro exemplo de força e inspiração.
Estatísticas - O câncer de mama, segundo o Inca, ocupa a primeira posição de maior incidência nas mulheres em todas as regiões.
Quanto mais cedo a doença é detectada, maiores as chances de cura. No Brasil, o Ministério da Saúde, através do SUS, fornece tratamento integral e gratuito.
Outubro Rosa
Serviço: Em Campo Grande, o Hospital de Câncer Alfredo Abrão, fará gratuitamente exame de mamografia durante todo o mês de outubro (exceto feriados).
Endereço: Rua Marechal Rondon, nº 1053.
Horário: A partir das 6h, pegar uma senha e fazer no mesmo dia o exame. Serão distribuídas 80 senhas/dia, para mulheres entre 40 a 65 anos, de segunda à sexta-feira.
Levar documentos pessoais e cartão do SUS.
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