Rafael Rodrigues | 22 de setembro de 2023 - 09h30

Assim como Juliano Varela, associação com seu nome cresceu e hoje atende inúmeros alunos

No Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, o jornal A Crítica foi conhecer o trabalho feito na Associação Juliano Varela

DEFICIÊNCIAS INTELECTUAIS
As profissionais ao lado dos pacientes da Associação Juliano Varela - (FOTO: Rafael Rodrigues)

Empatia, amor e carinho. É isso que move a assessora de comunicação Silvia Basseto, as psicólogas Paula Neves e Stefhanne Nery, e a coordenadora pedagógica Regina Gauna, para dar o atendimento necessário às pessoas com deficiência intelectual da Associação Juliano Varela.

A instituição foi fundada em 28 de janeiro de 1994, pouco mais de dois anos após o nascimento Juliano Fernandes Varela, filho de Carlos Varela e Maria Lúcia Fernandes, mãe de primeira viagem aos 28 anos. Juliano nasceu com Síndrome de Down e foi apadrinhado por Mariíta Cançado Soares e família, que se propôs a ajudar no tratamento de estimulação precoce no Rio de Janeiro, e após dois anos, fundou a associação. Hoje, são atendidos crianças e adolescentes com espectro autista, microcefalia e outras deficiências intelectuais.

Juliano Fernandes Varela

Silvia explica que as pessoas com autismo são desconfiadas. “É um amor que você sente que é sincero. Para um autista é muito mais difícil confiar em pessoas, então se ele te dá um abraço ou simplesmente demonstra afeto pelo toque, você sabe que houve todo um processo para ganhar a confiança dele. É muito gratificante”, diz.

Stefhanne ainda completa explicando que qualquer mudança na aparência do cuidador, já faz com que a criança crie estranheza. “Algumas alunas na hora já percebem a diferença e não conseguem reconhecer caso, por exemplo, uma professora coloca óculos escuro, então é importante a frequência aqui na escola para que assimilem tudo e criem esse vínculo”. 

Paula explica que a pessoa com deficiência intelectual precisa ser estimulada aos poucos para progredir no seu processo de evolução, para que o grau da sua condição não evolua. “Nós dividimos as crianças de acordo com as dificuldades delas (memorização, cognição, etc.) e trabalhamos com a fixação e isso requer um processo de repetição diária, tanto da área da pedagogia quanto com a psicologia.

Alunos da Associação fazendo atividades em sala

Atualmente a associação oferece programas como estimulação precoce, educação infantil e ensino fundamental, educação para jovens e adultos (EJA), preparação e encaminhamento para o mercado de trabalho, e atendimento clínico.

Conhecida hoje por receber crianças com vários tipos de deficiência, o atendimento na associação nem sempre foi assim. “A associação foi progredindo ao longo dos anos. Quando a Juliano Varela foi criada em 1994, atendíamos somente a síndrome de down, porém com os diagnósticos de autismo, a Associação abriu o leque para mais esse atendimento”, explica.

Um estudo feito pelo Centers for Disease Control and Prevention divulgado no primeiro semestre do ano, aponta que o TEA atinge de 1% a 2% da população mundial e, no Brasil, aproximadamente dois milhões de pessoas.

Silvia completa falando sobre as diferenças de inserir na sociedade uma criança PcD para um adulto. “Hoje a criança tem mais facilidade para aceitar o ‘diferente’, ao contrário do adulto, principalmente quando falamos do autismo, porque o austista não apresenta diferenças físicas, então às vezes muitas pessoas até duvidam que a pessoa tem uma deficiência intelectual”. Ela ainda diz sobre a diferença do PcD entender a sociedade e a sociedade entender ele. “Muitas vezes há olhares de reprovação para o deficiente por algo que ele não controla, é uma característica dele e é preciso que as pessoas entendam isso. Passa a ser um trabalho conjunto, tanto do PcD quanto da sociedade em geral”, informa.

Como cada caso das crianças atendidas pela associação é muito individual, Paula explica que a evolução é um processo lento e para os pais notarem essa evolução, depende muito da frequência de cada criança nas também nas terapias. “Não só a psicologia, mas a fonoaudiologia, terapia ocupacional é muito importante para que exista uma real evolução”.

Com gastos mensais de R$ 350 mil, o atendimento na associação é gratuito e para custear tudo, são apresentados projetos a Secretária Municipal de Saúde (SESAU), a Secretaria de Assistência Social (SAS), Secretaria de Educação (SED), além das doações.

Cartaz com informações para doação

A associação está localizada em duas unidades em Campo Grande sendo elas na Av. Fábio Zahran, 6513 e  R. Marquês de Pombal, 2220, com atendimentos de segunda a sexta-feira das 7 às 17:30h.

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