Superando a sua baixa visão, Luan conta o caminho trilhado até o mundial de Judô
O jornal A Critica foi até o Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos (ISMAC) conhecer essa história de perto
MUNDIAL DE JUDÔNascido em Camapuã, a 119 km de Campo Grande, Luan Pimentel, 25, tem a missão de superar seus obstáculos sendo deficiente visual. Medalhista de ouro nos jogos Parapan-americanos de Lima em 2019, Luan vai para os jogos mundiais para cegos em Birmingham na Inglaterra em busca de uma vaga para os Jogos Paraolímpicos de Paris em 2024.
Com baixa visão por conta do albinismo, Luan chama atenção com seus 1,82m de altura. Ele conta que começou nas artes marciais aos 15 anos, lutando jiu jitsu e migrou para o judô um ano depois. “Meu início foi no projeto social ‘Judô Nota Dez’, de Camapuã onde meu sensei, ao perceber minha deficiência visual me indicou que procurasse a sensei do ISMAC Talitha Silva”, explica.
Foi com Talitha que o atleta começou no esporte Paralímpico. “Não sabia que existia o esporte Paralímpico de judô, logo quando comecei a treinar em Camapuã, meu sensei viu que eu tinha talento e alguma experiência em luta e me levou para o caminho do esporte Paralímpico”, conta.
Representando o ISMAC desde os 15 anos, o atleta conta sobre suas inspirações nas artes marciais. “Meu pai sempre foi muito fã de luta, a ponto do nome do meu irmão mais velho ser Bruce Lee. Assisto luta desde criança e sempre quis ser lutador”.
O ISMAC, que conta com equipes esportivas desde 1974, tem atualmente 18 atletas de judô, como conta o presidente do instituto, Marcio Ximenes Ramos. “Hoje temos inclusive o Gabriel, Kelly, Felipe, Larissa que estão na seleção de base”, enfatiza.
O começo de Luan na seleção brasileira foi rápido. Convocado para a seleção de base pela primeira vez em 2017, ele logo foi para o time adulto, chegando a participar do ciclo em busca de uma vaga nos Jogos Paralímpicos de Tóquio.
“Fui chamado para um treinamento com a seleção visando o Parapan-americanos de jovens e a partir dali foi tudo muito rápido. Competi e no mesmo ano já lutei pela equipe adulta e continuei na seleção. Então entrei em 2017 e fiz o ciclo de Tóquio quando cheguei perto de conseguir uma vaga”, detalha.
O judoca explica que para competir em alto nível, é preciso uma rotina de treinamento intensa, além de cuidados especiais com a alimentação e descanso. “É uma rotina bem puxada. Geralmente eu faço dois treinos por dia, umas seis vezes por semana. Com quimono, que geralmente é uma parte mais técnica da luta e um ou outro treino chamado randori, que é a luta na pratica. Também faço bastante a parte física e de musculação. Além disso faço acompanhamento com uma nutricionista que faz com que a minha alimentação seja bem regrada”, relata.
Ele precisa conciliar a rotina de treinos com as aulas de judô que dá para complementar sua renda, que vem do Bolsa Atleta. “Consigo manter minha vida pelas bolsas. Tanto o Bolsa Atleta estadual quanto a Bolsa Atleta Federal. São essas duas rendas que me mantém, e nesse período, agora, por enquanto, dou algumas aulas também para manter uma renda extra”.
Fundamental para o desenvolvimento de Luan como atleta, ele considera o ISMAC importante na inclusão de pessoas cegas e com baixa visão. “Acho fundamental um espaço como esse em que a pessoa pode se desenvolver e descobrir as suas próprias capacidades, esse é o valor maior de tudo isso. Você consegue entender que tem esse valor e capacidade mesmo tendo qualquer tipo de limitação”, enfatiza.
Nos jogos mundiais Luan estará acompanhado de 1,2 mil atletas de diferentes modalidades de 70 países. A delegação brasileira será composta por 36 atletas.
A delegação brasileira nos últimos Jogos Paralímpicos, em Tóquio, contou com 55 competidores cegos ou com baixa visão, equivalendo 23 mulheres e 32 homens.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatísticas (IBGE) de 2010, no Brasil, das mais de 6,5 milhões de pessoas com alguma deficiência visual sendo 528.624 pessoas incapazes de enxergar (cegos) e 6.056.654 pessoas possuem baixa visão ou visão subnormal, que é o caso de Luan Pimentel.
Os jogos mundiais para cegos será a primeira competição internacional de Luan após uma lesão sofrida no joelho que o deixou um ano afastado dos tatames.
Sobre o ISMAC - Fundado em 1957, o ISMAC se dedica a habilitação, reabilitação, atendimento educacional e a capacitação profissional de pessoas com deficiência visual em todo MS.
O instituto possui um centro de atendimento especializado, contendo aulas de braille, informatica, biblioteca, produção gráfica e apoio pedagógico.
Compõe também 3 modalidades de paradesporto, sendo elas o judô, goalball e futebol de 5.
Para você que se interessou em conhecer melhor o Luan, siga ele nas rede sociais @luans_pimentel.
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