Iury de Oliveira | 18 de julho de 2023 - 07h50

Veja como foi o primeiro dia do julgamento histórico do caso de estudante assassinado

Réus Jamil Name Filho, Vladenilson Daniel Olmedo e Marcelo Rios são acusados da morte do estudante Matheus Coutinho Xavier

JÚRI DA DÉCADA
Jamil Name Filho, Vladenilson Daniel Olmedo e Marcelo Rios - (Foto: Thais Matos)

No primeiro dia do julgamento que promete marcar a década, iniciado na segunda-feira (17), os réus Jamil Name Filho, Vladenilson Daniel Olmedo e Marcelo Rios enfrentaram acusações de formação de organização criminosa e milícia armada para pistolagem.

O júri, que se estendeu por nove horas, concentrou-se no caso específico da morte do estudante Matheus Coutinho Xavier, ocorrida em abril de 2019, quando ele tinha apenas 19 anos. Matheus teria sido fuzilado erroneamente, confundido com seu pai, o policial militar reformado Paulo Xavier. Durante o primeiro dia do julgamento, cinco testemunhas de acusação foram ouvidas, todas arroladas pelo Ministério Público.

O depoimento inicial foi realizado pela delegada Daniella Kades, que prestou testemunho por duas horas. A defesa dos réus concentrou seus esforços em desconstruir a narrativa que associa a família Name ao caso, questionando a suposta fragilidade das evidências apresentadas. Um dos pontos destacados pela defesa foi a falta de rastreamento dos celulares dos réus, o que, segundo eles, não comprova a proximidade entre os réus ou sua presença no local do crime. A delegada Kades respondeu a essa alegação explicando que a tarefa de mapear a localização dos integrantes da milícia dos Name era extremamente difícil devido ao constante uso de trocas de chips e ao uso de bloqueadores de sinal por parte da quadrilha.

Durante a tarde, os depoimentos prosseguiram com os delegados Tiago Macedo dos Santos e Carlos Delano Gehring Leandro de Souza. Em seguida, foi a vez do pai da vítima, Paulo Xavier, prestar seu testemunho, seguido pelo investigador da Polícia Civil, Giancarlos de Araújo e Silva, que participou da força-tarefa da Operação Omertà desde o início.

Em todos os depoimentos, a estratégia da defesa foi tentar dissociar a família Name do caso, inclusive mencionando uma suposta ligação entre o major reformado da PM, Sérgio Roberto de Carvalho, e Paulo Roberto Xavier, pai de Matheus. No entanto, o delegado Tiago Macedo não se recordou de qualquer informação relacionada a essa conexão.

Vale ressaltar que Sérgio Roberto de Carvalho, também conhecido como Major Carvalho, já foi acusado de tráfico internacional de drogas e esteve envolvido nas Operações Xeque-Mate e Las Vegas, que levaram à investigação de 140 policiais militares pela Polícia Federal entre 2007 e 2009. Outra estratégia adotada pela defesa foi tentar estabelecer uma ligação entre os executores de Matheus e o Primeiro Comando da Capital (PCC).

No segundo dia do julgamento, estão previstos depoimentos das testemunhas arroladas pela defesa dos réus. A partir das 8h, serão ouvidas as testemunhas de Jamil Name Filho. A lista inclui Silvano Gomes Oliva, advogado, Leonardo Fabrício Gomes Soares, psiquiatra, e Eliane Benitez Batalha dos Santos, esposa de Marcelo Rios, que prestará depoimento à tarde em apoio ao marido.

Durante a tarde, os jurados também ouvirão as testemunhas de Marcelo Rios: Orlando de Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica, ex-policial militar e chefe de milícia no Rio de Janeiro, e novamente Eliane Benitez Batalha dos Santos. A defesa de Vladenilson Daniel Olmedo convocou as testemunhas Mário Cesar Velasque Ale, policial civil, e Wagner Louro da Rocha para prestarem depoimento. O julgamento promete continuar a desvendar os detalhes dessa complexa trama envolvendo milícia armada e organização criminosa.