"Violência doméstica e feminícidio é um problema de toda a sociedade"
A subsecretária de Políticas Públicas para as Mulheres concedeu uma entrevista ao Grupo Feitosa de Comunicação, onde falou dos trabalhos da pasta no combate a violência contra a mulher no Estado
CRISTIANE SANT'ANNAO Giro Estadual de Notícias do Grupo Feitosa de Comunicação está promovendo, a partir desta quarta-feira (12) até sexta-feira (14), uma série de entrevistas intitulada "Sobreviventes silenciadas: diálogos urgentes sobre a violência doméstica e o feminicídio". A primeira convidada desse encontro é a subsecretária de políticas públicas para as mulheres, Cristiane Sant'Anna. Durante a entrevista, ela compartilhou as medidas que estão sendo adotadas pela pasta para combater a violência doméstica e o feminicídio no Estado.
A Crítica: Compreendemos a importância de conscientizar a sociedade sobre essa questão. No entanto, é utópico acreditar que um dia viveremos em um mundo livre de violência doméstica e feminicídio?
Subsecretária: Não, não e não. A utopia é extremamente importante para nos fazer caminhar em direção a um mundo melhor. Como disse um poeta, a utopia está no horizonte, nos impulsionando a caminhar em sua direção. É necessário falar sobre utopia. Ela surge quando sentimos indignação. Cada vez que a imprensa noticia casos de feminicídio e violência doméstica, ela está chamando a atenção dos gestores públicos, da sociedade civil organizada e de todas as pessoas que nos ouvem. Isso é um problema de toda a sociedade. Para mudarmos esse cenário, precisamos compreender o papel de cada um nessa luta, que envolve denúncia, ação, educação dos filhos e políticas públicas efetivas para punir os agressores e acolher as vítimas. Portanto, não é utopia, mas sim o que nos impulsiona a construir uma sociedade mais justa e igualitária para homens e mulheres.
A Crítica: Agora, poderia explicar quais são as principais iniciativas e programas desenvolvidos pela Subsecretaria para fortalecer essa rede de apoio? Como vocês estão trabalhando para mostrar às mulheres que elas não estão sozinhas e que podem sair desse ciclo de violência?
Subsecretária: Certamente. A Subsecretaria atua na articulação, mobilização, conscientização e execução de políticas públicas em parceria com prefeituras, o governo estadual e o governo federal. Estabelecemos uma colaboração com outras pastas governamentais para garantir que as políticas públicas alcancem as mulheres. Além disso, ao longo das décadas, trabalhamos na criação de leis, como a Lei Maria da Penha, a lei contra o feminicídio e outras, em conjunto com o Poder Judiciário e as câmaras legislativas. Essas leis são fundamentais para proteger as mulheres e conscientizar a sociedade de que esse é um problema que precisa ser enfrentado. Também desenvolvemos uma rede de serviços, como centros de atendimento à mulher, delegacias e outros espaços de acolhimento e denúncia. O Disque Denúncia, pelo número 180, também é uma importante ferramenta. Em Campo Grande, por exemplo, temos o Centro Especializado de Atendimento à Mulher Oceano e a Casa da Mulher Brasileira, que são referências no atendimento e suporte às mulheres. Em resumo, oferecemos diversos canais para que as mulheres possam buscar ajuda e denunciar. Nosso objetivo é proporcionar a elas uma vida livre de violência, além de promover o empreendedorismo feminino e a autonomia financeira, que são fundamentais para romper a dependência e promover relações saudáveis.
A Crítica: Como a Subsecretaria está prestando suporte às mulheres que vivem em áreas rurais, como ribeirinhas e produtoras rurais, que muitas vezes estão distantes dos centros urbanos e têm dificuldade em entrar em contato com os serviços disponíveis, como a Casa da Mulher Brasileira?Subsecretária: Reconhecemos os desafios enfrentados pelas mulheres em áreas rurais, como ribeirinhas e produtoras rurais, para acessar os serviços disponíveis. Estamos trabalhando em parceria com instituições e promovendo escutas qualificadas para entender suas necessidades específicas. Durante o agosto lilás, teremos programações voltadas para a conscientização e apoio às mulheres. Buscamos proporcionar atendimento psicossocial, incentivar o empreendedorismo feminino e envolver as novas gerações na luta contra a violência. Acreditamos que, juntos, podemos romper com o ciclo de violência e construir um futuro mais seguro e igualitário.
A Crítica: Muitas vezes, os filhos, principalmente os meninos, testemunham a violência doméstica e o feminicídio. Como a Subsecretaria lida com essa responsabilidade em relação às crianças que ficam órfãs devido a esses crimes?
Subsecretária: Nosso trabalho é transversal e requer o envolvimento de todas as secretarias governamentais. A educação desempenha um papel fundamental nesse aspecto. Trabalhamos em parceria com a Secretaria de Educação para formar professores e conscientizar os alunos sobre relações saudáveis desde cedo. Queremos desconstruir comportamentos tóxicos e promover a igualdade de gênero. Além disso, atuamos junto à Secretaria de Assistência Social, em programas que oferecem suporte às mulheres e suas famílias, garantindo que a violência seja tratada como um problema a ser enfrentado. A transversalidade entre as secretarias é fundamental para abordar esse tema de forma abrangente e efetiva.