Redação | 22 de junho de 2023 - 12h30

Submarino do Titanic: medidas tomadas pela tripulação podem ter estendido duração de oxigênio

Manter a calma e conservar temperatura à bordo podem ser cruciais para sobrevivência dos tripulantes

INTERNACIONAL
Imagem divulgada pela empresa Action Aviation mostra submersível Titã preparado para mergulhar em uma área remota do Oceano Atlântico no último domingo, 18. Embarcação perdeu o contato e está desaparecida desde então - (Foto: Action Aviation/AP)

Se a previsão da Guarda Costeira dos Estados Unidos estiver certa, o oxigênio do submarino desaparecido em busca do Titanic acabou na manhã desta quinta-feira, (22). Mas estimativa não é exata, e, a depender das condições à bordo, o oxigênio pode durar mais que o esperado, segundo declarações de especialistas na imprensa internacional.

À BBC News, o especialista em medicina hiperbárica da Memorial University, Ken LeDez, explicou que o pânico faria os tripulantes gastarem muito oxigênio, enquanto ficar juntos conservaria calor e o ar respirável. "Depende do quão frio eles ficam e quão eficazes são na conservação de oxigênio", declarou LeDez.

Segundo ele, ficar sem oxigênio é um processo gradual e não acontece em um ritmo específico. "Não é como apagar uma luz, é como escalar uma montanha: à medida que a temperatura fica mais fria e o metabolismo cai (depende) da velocidade com que você sobe essa montanha", acrescentou à BBC.

Um fator determinante para isso é a experiência dos tripulantes, entre eles o mergulhador e ex-comandante da Marinha francesa, Paul-Henri Nargeolet. Ele pode aconselhar o restante da tripulação a adotar estratégias para reduzir os níveis metabólicos e estender a duração do oxigênio. Stockton Rush, CEO e fundador da OceanGate, também tem larga experiência em expedições e pode fazer o mesmo, disseram especialistas.

As outras três pessoas a bordo são o empresário paquistanês e seu filho, Shahzada e Sulaiman Dawood, e o bilionário britânico Hamish Harding. Embora admita que não há como saber com exatidão o que se passa dentro do submersível, LeDez acrescenta que as condições podem variar de pessoa para pessoa.

Outros riscos

Ficar sem oxigênio não é o único risco para os tripulantes do submarino. A embarcação pode ter perdido energia elétrica, o que provavelmente afetará o controle de oxigênio e dióxido de carbono dentro da embarcação. Caso o dióxido de carbono esteja em excesso na corrente sanguínea de uma pessoa, isso pode levá-lo à morte.

Imagem mostra piloto do submersível Titan, Randy Holt (à dir.) ao lado do CEO e co-fundador da OceanGate, Stockton Rus (à esq.) durante expedição recente Foto: Wilfredo Lee/AP

O ex-capitão de submarinos da Marinha Real Britânica Ryan Ramsey, afirmou que olhou vídeos online do interior do Titan e não conseguiu ver um sistema de remoção de dióxido de carbono, conhecido como depuradores. "Para mim é o maior problema de todos eles", declarou à BBC.

Ao mesmo tempo, a tripulação corre risco de hipotermia, onde o corpo fica muito frio. Se o submarino estiver no fundo do mar, a temperatura da água será de cerca de 0ºC. Se ele também perdeu eletricidade, não estará gerando energia e, portanto, não poderá gerar calor.

A hipotermia, por outro lado, pode favorecer os tripulantes a conservar oxigênio. Uma vez que eles podem desmaiar, o corpo tentará automaticamente se adaptar para sobreviver. Por outro lado, a hipotermia, a falta de oxigênio e o acúmulo de dióxido de carbono dentro do submarino significam que a capacidade da tripulação de fazer contato com a missão de busca e resgate, como bater no casco em intervalos regulares para tentar atrair a atenção, diminuirá.

Em termos de comida e água, a Guarda Costeira dos EUA disse que a tripulação tinha alguns "suprimentos limitados" a bordo, mas não soube dizer quanto.

Dia crucial

O suprimento de oxigênio previsto para os tripulantes faz que esta quinta-feira seja considerado o dia crucial das buscas de resgate. Mesmo que os tripulantes consigam estender a duração do ar respirável, é necessário uma corrida contra o tempo para encontrá-los com vida.

O capitão Jamie Frederick, da Guarda Costeira dos EUA, afirmou na quarta-feira, 21, que não queria especular sobre quando a operação poderia terminar. "Às vezes, você fica em uma posição em que tem que tomar uma decisão difícil", disse ele. "Mas ainda não chegamos lá."