Marco Temporal é aprovado, apesar da divisão entre deputados de Mato Grosso do Sul
Governo sofre derrota e Câmara aprova projeto que restringe demarcação de terras indígenas
POLÍTICAA Câmara dos Deputados, em sessão realizada nesta terça-feira (30), aprovou a emenda substitutiva do Projeto de Lei nº 490/2023, conhecido como Marco Temporal, que aborda a demarcação de terras indígenas. No total, 283 parlamentares votaram a favor da matéria, enquanto 155 foram contrários, e uma abstenção foi registrada.
Deputado Partido UF Como votou Beto Pereira PSDB MS Sim Camila Jara PT MS Não Dagoberto Nogueira PSDB MS Não Dr. Luiz Ovando PP MS Sim Geraldo Resende PSDB MS Sim Marcos Pollon PL MS Sim Rodolfo Nogueira PL MS Sim Vander Loubet PT MS NãoNa bancada de Mato Grosso do Sul, a votação dividiu opiniões: cinco deputados foram a favor do projeto, enquanto três votaram contra. Os representantes favoráveis foram Beto Pereira (PSDB), Luiz Ovando (PP), Geraldo Resende (PSDB), Marcos Pollon (PL) e Rodolfo Nogueira (PL). Por outro lado, Vander Loubet (PT), Dagoberto Nogueira (PSDB) e Camila Jara (PT) manifestaram-se contra o Marco Temporal.
Esses mesmos três parlamentares também votaram a favor da retirada de pauta da matéria, enquanto os outros cinco deputados foram contrários, defendendo a votação da matéria ainda na terça-feira (30).
A deputada Camila Jara, em entrevista ao programa Giro Estadual de Notícias desta última segunda-feira (29), declarou sua oposição ao projeto de lei nº 490/23. "A tese do Marco Temporal inverte a história do Brasil. Antes de qualquer colonizador chegar ao Brasil ou qualquer Constituição ser promulgada, milhares de povos originários já viviam nessas terras", afirmou. Ela criticou o projeto como uma tentativa de legalizar a retirada dos direitos dos povos indígenas e enfatizou que o Marco Temporal é inconstitucional.
Vander Loubet (PT), coordenador da bancada federal de MS, mencionou que houve reuniões com o presidente da Casa, Arthur Lira, líderes de partido e coordenadores de bancada dos 27 estados para discutir a votação do PL 490. Loubet reiterou que seguirá a posição do PT.
Em contrapartida, Dagoberto Nogueira (PSDB) opinou que o projeto não deveria ter sido votado nesta terça-feira (30), acreditando que ainda não havia clima para isso. Ele argumentou que o melhor momento para a votação seria um de consenso entre as partes envolvidas, tanto para a comunidade indígena quanto para o produtor rural.
A aprovação do Marco Temporal representa um marco importante na discussão sobre a demarcação de terras indígenas no Brasil. Entretanto, as divergências expressas pelos representantes de Mato Grosso do Sul refletem a complexidade da questão, que envolve direitos indígenas, interesses econômicos e o equilíbrio ambiental. O debate certamente continuará nas próximas sessões legislativas e nas esferas judiciais.