27 de novembro de 2022 - 11h30

Pinóquio: Mexicano Guillermo del Toro luta para exibir novo filme em seu país

Cineasta denuncia 'destruição sistemática do cinema' no México, além de outras áreas da cultura

FILME
Cena de Pinóquio, filme dirigido por Guillermo del Toro - (foto: reprodução)

O cineasta mexicano Guillermo del Toro lançou nesta sexta-feira, 25, um apelo pela exibição de sua mais recente obra, "Pinóquio", nas salas de cinema de seu país, e denunciou "a destruição sistemática do cinema mexicano".

A produtora PimientaFilms "está procurando salas independentes" em três estados para exibir o filme, disse Del Toro em sua conta no Twitter, ao falar da deserção da Cinemax, uma grande distribuidora.

A Cinemax teria desistido da distribuição de Pinóquio, segundo revistas especializadas, porque o filme só teria duas semanas de exclusividade no cinema, a partir de 24 de novembro, antes de ser incluído no catálogo da Netflix. Aqui no Brasil a estreia na plataforma será em 9 de dezembro.

Del Toro afirmou que o que está acontecendo no cinema mexicano é "sem precedentes". "A destruição sistemática do cinema mexicano e suas instituições - que levou décadas para ser construída - tem sido brutal", tuitou.

O diretor compartilhou o comunicado da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas do México (Amacc), em que anuncia o adiamento do prêmio Ariel 2023 (equivalente ao Oscar americano) "até novo aviso" devido a uma "grave crise financeira".

"O Estado, que durante muito tempo foi o motor e o suporte da Academia, renunciou à sua responsabilidade como principal promotor e divulgador da cultura em geral e do cinema em particular", declarou a Amacc.

Outros setores culturais também reclamaram dos cortes orçamentários do governo nacionalista de esquerda liderado pelo presidente Andrés Manuel López Obrador, que assumiu o poder no final de 2018.

Ao mesmo tempo, a gestão AMLO, como é conhecido o presidente, pretende promover a cultura das comunidades indígenas.

"Não se trata de negar a expressão artística de ninguém. Todos podem coexistir. Mas todos têm o mesmo nível. Não existe uma arte erudita e uma arte popular, desprezada", disse na semana passada à AFP Jesús Ramírez, porta-voz de AMLO, em meio a quatro dias de desfiles de artesãos indígenas na Cidade do México.