Da Redação | 23 de novembro de 2022 - 08h57

Em entrevista, diretor da Arauco anuncia para 2025 início das obras de fábrica em Inocência

Ao Grupo Feitosa de Comunicação, Mário José Souza Neto confirmou que construção da planta de celulose empregará 12 mil trabalhadores

INDUSTRIALIZAÇÃO
O diretor de desenvolvimento e novos negócios da Arauco, Mário José de Souza Neto - (Foto: A Crítica)

O diretor de desenvolvimento e novos negócios da Arauco, Mário José de Souza Neto, concedeu, nesta quarta-feira (23/11), entrevista ao Programa Giro Estadual de Notícias, do Grupo Feitosa de Comunicação, para divulgar novas informações sobre o projeto do grupo chileno de investir R$ 15 bilhões na instalação de uma fábrica de celulose no município de Inocência (MS).

“A Arauco é uma empresa chilena fundada há 50 anos, cuja raiz é a floresta, pois nascemos de uma operação florestal e, obviamente, estamos agregando a produção de celulose e de madeiras. No Brasil, nós começamos em 2002 com a operação de madeiras e, atualmente, temos cinco plantas de painéis de madeira localizadas no Paraná e no Rio Grande do Sul”, informou o diretor.

O diretor de desenvolvimento e novos negócios da Arauco, Mário José de Souza Neto (centro) ao lado dos diretores do Grupo Feitosa, Enrico Feitosa (a esquerda) e Luiz Carlos Feitosa (a direita)

Segundo Mário José de Souza, a produção de celulose tem sido o grande sonho da Arauco no Brasil porque, primeiro, é a vocação da indústria, pois começou com esse negócio, e, segundo, porque o território brasileiro tem um potencial fantástico para a implementação desse empreendimento, principalmente em Mato Grosso do Sul. “Quando a gente fala do plano florestal do Governo e das condições climáticas e de planícies aqui encontradas, temos os requisitos ideais para o desenvolvimento da floresta neste Estado”, reforçou.

Ele acrescentou que não foram somente essas condições favoráveis para o desenvolvimento da cultura de eucalipto que atraíram a Arauco para Mato Grosso do Sul. “Também levamos em conta o plano bem estruturado que o Governo de Mato Grosso do Sul vem implantando há anos em prol do setor florestal. Além disso, temos ainda a facilidade para o escoamento logístico da produção por meio de ferrovia até o Porto de Santos, em São Paulo”, ressaltou.

Pilares

O diretor de desenvolvimento e novos negócios do grupo chileno revelou que a Arauco é uma empresa que está pautada em três pilares: o ambiental, o social e a governança. “Dentro desses três pilares, o nosso maior desafio é o pilar social, ou seja, como nós preparamos a comunidade do município de Inocência e da região para receber o nosso projeto. Em função disso, estamos adotando uma série de medidas, que já foram iniciadas a partir da assinatura do termo de acordo com o Governo do Estado para ajudar o município”, revelou.

"Levamos em conta o plano bem estruturado que o Governo de Mato Grosso do Sul vem implantando há anos em prol do setor florestal"

Mário José de Souza contou que a Arauco e a administração estadual vão contribuir com a gestão municipal, ou seja, será desenvolvido um plano tripartite para que o projeto se instale bem e que a comunidade possa se preparar. “Por exemplo, nós estamos auxiliando a Prefeitura de Inocência na preparação do plano estratégico de organização territorial, que visa definir as regiões e os zoneamentos para onde a cidade vai crescer”, disse.

Esse plano estratégico, conforme ele, apontará onde a ferrovia será instalada, onde irá passar a rodovia, onde serão as zonas urbanas e onde serão as zonas rurais. “O objetivo é que Inocência tenha um crescimento de forma ordenada para que no futuro não surjam impactos indesejados que ocorreriam com um crescimento não planejado e desordenado”, alertou.

O representante do grupo chileno acrescentou que outro ponto que a Arauco está adotando é um projeto de escutar a população de Inocência para saber quais são os anseios e quais são as expectativas dela para, dessa forma, desenvolver um plano de comunicação e de relacionamento com a comunidade. “Queremos seguir de mãos dadas com Inocência na implantação dessa fábrica de celulose”, assegurou.

Sistema Indústria

O diretor de desenvolvimento e novos negócios da Arauco informou ainda que se reuniu com representantes da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul) para pedir o apoio das casas do Sistema Indústria para que ajudem Inocência em todo o processo de capacitação. “Não somente dos profissionais que vão atuar nas fases de construção e de operação da indústria de celulose, mas também das empresas que vão prestar serviços para a Arauco”, lembrou.

 “Queremos seguir de mãos dadas com Inocência na implantação dessa fábrica de celulose”

Ou seja, de acordo com ele, os empreendedores e microempreendedores, incluindo hotelaria e restaurante, que vão prestar serviço a essa grande infraestrutura que será instalada na região também passarão por qualificação. “O projeto passará por uma série de ritos de implantação, começando em julho de 2024 com o rito de aprovação, quando esperamos obter a licença ambiental e também já ter em mãos a formação do maciço florestal para abastecer a planta”, detalhou.

Mário José de Souza ressaltou que, uma vez atingidas essas condições, a Arauco vai iniciar a instalação da fábrica a partir de janeiro de 2025, ou seja, há tempo suficiente para planejar e organizar tudo isso. “Uma vez isso feito, nós esperamos que, no pico da obra de construção da fábrica, que seria mais ou menos entre julho de 2026 e janeiro de 2027, algo em torno de 12 mil trabalhadores estarão atuando na edificação”, revelou.

O diretor do grupo chileno ressaltou que, gradativamente, a obra começará a partir de janeiro de 2025, com um pico de 12 mil trabalhadores entre 2026 e 2027, caindo até que a planta esteja concluída em janeiro de 2028. “Depois, na operação da fábrica de celulose, esperamos contratar 2,3 mil trabalhadores, distribuídos entre a planta industrial e a operação florestal”, detalhou.

Meio ambiente

Ele completou que o meio ambiente é um dos três pilares essenciais para o grupo, tanto que, em 2017, a Arauco foi a primeira empresa florestal a receber a certificação de carbono neutro. “Isso significa que, durante as nossas operações, capturamos muito mais CO² do que emitimos, ou seja, geramos um impacto positivo no meio ambiente na medida que vamos perpetuando a nossa produção”, exemplificou.

Com o Projeto Sucuriú, que é como carinhosamente nomeamos o projeto de implantação da planta de Inocência por ser o nome do rio que passa perto da área onde estão construindo a fábrica, a Arauco não pretende agir de forma diferente. “Essa planta já nasce com conceitos de sustentabilidade muito importantes, pois estamos adotando uma tecnologia de ponta, com baixíssimos índices de emissão de CO²”, garantiu Mário José de Souza.

Segundo o diretor de desenvolvimento e novos negócios, é uma planta que nasce com energia limpa, ou seja, autossuficiente e com energia gerada a partir dos resíduos da madeira da qual será produzida a celulose. “Nessa planta, vão ser produzidos 400 megawatts (MW) por meio de uma geração de vapor da queima da resina da madeira, um vapor de alta pressão que vai gerar turbinas, que, por sua vez, vão produzir essa quantidade de energia”, resumiu.

Dos 400 MW, conforme o representante do grupo chileno, 200 MW serão consumidos pela própria planta industrial e 200 MW serão disponibilizados para o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) repassar para a região. “A metodologia carbono neutro, da qual a Arauco foi pioneira em 2017, foi desenvolvida pela Deloitte Brasil e auditada pela PwC (Price Waterhouse Coopers). Todo ano a Arauco se certifica, assim como a Suzano e as outras empresas do ramo se certificam”, informou.

"Nossas operações, capturamos muito mais CO² do que emitimos, ou seja, geramos um impacto positivo no meio ambiente"

Maciço florestal

Na entrevista, Mário José de Souza recordou que, quando a Arauco iniciou o planejamento do Projeto Sucuriú, foi encomendado um estudo junto a Pöyry, empresa especializada em consultoria de negócios florestais, para saber a disponibilidade de madeira na região de Inocência. “A conclusão foi que, qualquer projeto de produção de celulose que precisar se instalar na região, necessitará formar o seu maciço florestal e é por isso que a Arauco vem se planejando para fornecer à nova planta 411 mil hectares brutos e mais 280 hectares de floresta plantada na região”, revelou.

Segundo ele, essa é uma condição para que o projeto aconteça e a Arauco já está trabalhando nisso em conjunto com os parceiros da região para formar essa maciço florestal, portanto, todas as empresas terão de desenvolver o seu maciço florestal. “Por isso, o Governo do Estado já tomou essa iniciativa em conjunto com outras instituições, como a Reflore-MS (Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas), para desenvolver um plano florestal com conceito sustentável para que a costa leste de Mato Grosso do Sul venha a ser o vale da celulose sustentado por esse maciço florestal”, projetou.

"A Arauco vem se planejando para fornecer à nova planta 411 mil hectares brutos e mais 280 hectares de floresta plantada na região”

O diretor pontuou que as iniciativas que o grupo chileno está implantando em Inocência são fundamentais que sejam previstas antes porque, se o projeto já se instalar sem o devido planejamento, começará a apresentar efeitos indesejáveis e danos colaterais. “Faz parte também do conselho de sustentabilidade e dos pilares da Arauco fazer com que os empreendimentos sejam bem planejados para que sejam bem instalados”, assegurou.

Para o representante da Arauco, o Brasil é um País que carece de infraestrutura logística, então, qualquer projeto que se instale no Estado ou na Região Centro-Oeste precisará de vias para importar ou exportar matérias primas. “Portanto, a concretização da Rota Bioceânica será um bom investimento por parte dos governos dos países envolvidos. Nos últimos quatro anos, os investimentos que foram feitos em logística no Brasil vão se pagar sozinhos e de forma acelerada, além de trazerem consequências tangíveis e intangíveis qualitativas para as regiões onde foram implantados”, projetou.

Mário José de Souza finalizou a entrevista garantindo que a Arauco está concentrada na implantação da fábrica de celulose em Inocência. “Essa é a nossa menina dos olhos. A empresa adotou o município como sua nova casa e está muito feliz, pois foi muito bem recebida por toda a comunidade local. Estamos muito contentes de poder focar nesse projeto, pois será a realização de um sonho antigo da Arauco de instalar uma planta de celulose no Brasil”, finalizou.

Confira a entrevista completa: