Novo presidente da Acrissul quer diálogo com MPE para retorno dos shows à Expogrande
Em entrevista ao Grupo Feitosa, Guilherme Bumlai também quer uma atenção especial quanto à questão indígena e invasões de propriedades rurais
AGRONEGÓCIOEleito por consenso e aclamação na última segunda-feira (03) e empossado na quinta-feira (06), o novo presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Guilherme Bumlai, concedeu, nesta sexta-feira (07), entrevista ao programa Giro Estadual de Notícias, do Grupo Feitosa de Comunicação, quando falou da estratégia para a retomada da realização de shows no Parque de Exposições Laucídio Coelho durante a tradicional feira agropecuária Expogrande. Ele também demonstrou preocupação com a queda no valor da arroba do boi gordo e com a questão indígena, bem como sobre as invasões de propriedades rurais.
Para o pecuarista, fazer essa interlocução com o Governo é também o papel da Acrissul
Na entrevista, Guilherme Bumlai, que já esteve à frente também da Nelore MS (Associação Sul-mato-grossense dos Criadores de Nelore), lembrou que a Acrissul foi fundada em 1931, sendo a entidade mais longeva do Brasil, atrás somente da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu). "Por isso, os associados podem esperar uma gestão participativa. Inclusive, logo após a posse da nova diretoria, já criamos algumas comissões e nas quais estamos colocando não só pessoas que fazem parte da diretoria, mas também aqueles associados que têm interesse em participar efetivamente da gestão desse triênio podem procurar a Associação e olhar as comissões criadas para que possam fazer parte delas", reforçou.
Sobre a situação atual da pecuária estadual, o novo presidente da Acrissul lembrou que Mato Grosso do Sul está na vanguarda da pecuária e da agricultura nacional, mas sempre há desafios e sempre é possível melhorar ainda mais. "Por isso, um dos desafios da nova gestão da Acrissul será fazer uma interlocução com o Governo do Estado para que possamos identificar as dificuldades para melhorar as condições das nossas estradas e pontes, que, em decorrência do clima, ficam sem boas condições de tráfego. Após identificar os problemas, nossa intenção é levá-los ao Governo para que possa, por meio dos recursos do Fundersul, fazer as melhorias necessárias nas estradas utilizadas para o escoamento da nossa produção agropecuária", argumentou.
Para o pecuarista, fazer essa interlocução com o Governo é também o papel da Acrissul. "Outro desafio será encontrar maneiras para aumentar a nossa produção. Nós tínhamos uma arroba do boi gordo que chegou a R$ 330,00 em Mato Grosso do Sul e, atualmente, está no patamar de R$ 270,00, enquanto os custos de produção fizeram o caminho inverso, subindo consideravelmente. Por isso, queremos um diálogo com a classe produtora para entender o que podemos fazer para termos uma previsibilidade maior em relação aos preços porque os custos da produção estão subindo, enquanto o valor da arroba está em queda", pontuou.
Sobre a situação atual da pecuária estadual, o novo presidente da Acrissul lembrou que Mato Grosso do Sul está na vanguarda da pecuária e da agricultura nacional, mas sempre há desafios e sempre é possível melhorar ainda mais
Demandas - Guilherme Bumlai ainda informou que está criando uma comissão para ouvir as demandas dos criadores do interior do Estado para verificar aquilo que cada um dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul está precisando para que se possa buscar as melhores formas para auxiliá-los. "Se olharmos há 40 anos e compararmos com o presente, nós tivemos grandes avanços na pecuária nacional e, em Mato Grosso do Sul, isso não foi diferente. A implementação do melhoramento genético e de novas tecnologias foi muito importante para a atividade, pois contribuiu para que um animal, que antigamente era abatido com quatro ou cinco anos de idade, vá para o abate com 18 meses de idade, os chamados bovinos superprecoces", ressaltou.
Na avaliação do líder rural, a tecnologia não pode ser perdida de vista nunca porque por meio dela é possível agregar melhorias para o produtor rural. "O desafio agora é melhorar o nosso mercado, já que, atualmente, a arroba do boi gordo está dependente do preço do mercado externo. O que sustentou esses valores de R$ 330,00 a R$ 335,00 a arroba foi a exportação, mas essa venda para o mercado internacional representa muito pouco dentro daquilo que é produzido, mas, mesmo assim ficamos refém das exportações. Portanto, é preciso que haja uma melhoria no mercado interno para que uma eventual turbulência no mercado externo não atinja os preços. Afinal, o mercado consumidor interno é responsável pela aquisição de até 70% da produção da carne bovina brasileira", informou.
O pecuarista defende uma solução para obter uma melhoria de preço pensando um pouco mais no mercado interno. "Obviamente, vamos cair na questão do consumo, que precisa também ser melhorada, entre outras questões que precisam ser debatidas. Hoje, a nossa exportação depende bastante do mercado chinês, que, com a população enorme que tem lá, se cada habitante comesse um quilo de carne bovina, não teríamos a quantidade suficiente para abastecer. Por isso, é preciso estar pulverizando esses mercados que consomem, não só a carne bovina brasileira, mas também a mundial, para que não fiquemos dependentes de apenas um mercado", sugeriu.
Na entrevista, Guilherme Bumlai, que já esteve à frente também da Nelore MS (Associação Sul-mato-grossense dos Criadores de Nelore), lembrou que a Acrissul foi fundada em 1931, sendo a entidade mais longeva do Brasil, atrás somente da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu)
Sobre a questão da guerra da Rússia contra a Ucrânia, o produtor rural ressalta que o conflito interferiu muito no setor agropecuário, principalmente na produção de bovinos. "Basta verificar o valor das ações dos maiores frigoríficos do Brasil, como os grupos JBS e Marfrig, que tiveram grandes baixas na Bolsa de Valores do País. Então, tudo isso é fruto da influência do mercado internacional", lembrou.
Shows na Expogrande - A respeito do retorno de shows durante a Expogrande, Guilherme Bumlai ressaltou que, além de feira agropecuária, o evento é uma grande festa popular e esse problema precisa ser solucionado. "Precisamos imediatamente abrir um diálogo com os órgãos competentes para que possamos voltar a realizar os shows no Parque de Exposições Laucídio Coelho. Essa proibição é um imbróglio jurídico que se estende por mais de 10 anos em decorrência de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) que foi firmado anteriormente com uma cláusula que, ao nosso ver, é passível de ser atendida, que é a questão da barreira acústica", argumentou.
Por isso, conforme o presidente da Acrissul, a nova diretoria vai procurar o MPE (Ministério Público Estadual) para que possa ser aberto esse diálogo e verificar como poderá ser transposta essa questão do projeto acústico para que seja possível a realização de shows no parque, pois são eles que atraem o público. "A Expogrande é o momento em que a população de Mato Grosso do Sul tem a oportunidade de ter o contato com os bovinos, com os equinos, entre outros animais, que são a base da nossa economia. Precisamos que as crianças, desde cedo, já tenham esse contato com o agronegócio e a Expogrande é a possibilidade delas terem esse contato e ver aquilo que os produtores rurais são capazes de criar e de conhecerem os maquinários agrícolas", assegurou.
Na avaliação da liderança rural, a Expogrande é a grande festa do agronegócio sul-mato-grossense. "Esse será um dos nossos grandes desafios porque já temos a Expogrande 2023 programada para o mês de abril do próximo ano e precisamos trabalhar com segurança para a realização desse evento tradicional. Porém, tudo isso vai depender do diálogo que já pedi para agendar com o MPE e Governo do Estado para que, juntos, possamos encontrar a melhor solução. A troca do local de realização da Expogrande é um tema que faz parte das nossas discussões, pois, infelizmente, o Parque de Exposições Laucídio Coelho acabou ficou dentro da área urbana de Campo Grande com o crescimento da cidade", analisou.
A respeito do retorno de shows durante a Expogrande, Guilherme Bumlai ressaltou que, além de feira agropecuária, o evento é uma grande festa popular e esse problema precisa ser solucionado
Ele acrescenta que, se por um lado é bom ter um parque de exposições dentro da cidade, porque facilita o acesso de todos, por outro acaba criando alguns empecilhos com a vizinhança. "No entanto, vale ressaltar que todas as pessoas que estão morando no entorno do parque chegaram depois da Acrissul, ou seja, já sabiam da existência da Expogrande, dos shows realizados no local, então, também é preciso ter essa consciência de que não é todo dia que se faz uma exposição agropecuária, estamos falando de barulho de shows por cinco ou seis dias no ano", pontuou.
Um novo parque de exposições - Guilherme Bumlai acredita que se possa chegar a um consenso para que a Acrissul possa continuar promovendo a Expogrande dentro do Parque Laucídio Coelho. "Porém, caso isso não seja possível, aí precisaremos abrir um diálogo um pouco maior com a Prefeitura da Capital e com o Governo do Estado para, eventualmente, pensar em uma área um pouco mais afastada da região central de Campo Grande, o que vai demandar mais investimentos, um prazo maior para a construção de um novo parque de exposições, enfim, é uma solução que não é de curto prazo, mas, talvez, a médio e longo prazo possa ser uma solução também", projetou.
O presidente da Acrissul reforçou que o TAC assinado com o MPE previu que fossem feitas algumas modificações no Parque de Exposições Laucídio Coelho, como ajustes ambientais e questões de acessibilidade. "Posso afirmar que todas essas questões foram feitas, resolvidas e estão comprovadas. O único ponto que ficou pendente é a questão do projeto acústico, pois é economicamente inviável. Se nós pensarmos em ter que construir um recinto fechado para atender de 15 mil a 20 mil pessoas, estamos falando que alguns milhões de reais e a Acrissul não tem esse recurso", avisou.
Para o líder rural, é necessário encontrar algumas soluções de barreiras acústicas e com custo muito menor que possam ser viáveis para a execução. "Um ponto interessante é que, se pegarmos o que foi assinado, tem um limite de decibéis. Se for lá no parque de exposições às 18h30, que é o horário de pico no trânsito, é fazer a medição vai verificar que, apenas o ruído externo nas ruas do entorno, já supera os decibéis estabelecidos como limite para que a Acrissul tenha de respeitar", reclamou.
O produtor rural há um problema técnico e é isso que a nova diretoria da Acrissul quer debater junto com o MPE e com os técnicos competentes especializados nessas questões ambientais sonoras. "Queremos encontrar uma fórmula para voltar a realizar shows dentro do parque de exposições durante a Expogrande. Por isso, defendemos o diálogo para que todos possam entender as nossas dificuldades e, juntos, encontrar um denominador comum", ponderou.
Indígenas e sem-terra - Questionado sobre o 2º turno das eleições para presidente da República e para governador do Estado na visão do setor agropecuário de Mato Grosso do Sul, o presidente da Acrissul lembrou que política sempre foi, é e será um tema importante, não só para o produtor rural, mas para todos os cidadãos brasileiros. "Então, estamos vivendo um momento de polarização que, passadas as eleições, é preciso que todos se acalmem independentemente do resultado. Porém, é importante para o setor rural a paz no campo e isso é fundamental, pois temos discussões importantes", lembrou.
Guilherme Bumlai ressaltou que está pendente no STF (Supremo Tribunal Federal) a questão indígena, com o famoso Marco Regulatório. "A meu ver, esse assunto precisa ser resolvido para que, no que tange às questões indígenas, possamos ter realmente esse marco para que o produtor rural possa trabalhar com tranquilidade. Outro ponto importante que causa grande temor entre os produtores rurais é a questão das invasões de terras. Durante o atual governo, as invasões de terra diminuíram bastante, praticamente caíram a zero. Esses são os dois problemas fundamentais que nós precisamos estar de olho e atentos, ouvindo as propostas dos governantes em relação à atuação nesses temas", finalizou. Confira a entrevista completa no player:
Confira abaixo a nova diretoria da Acrissul:
DIRETORIA EXECUTIVA:
PRESIDENTE: GUILHERME DE BARROS COSTA MARQUES BUMLAI
1º VICE: ALESSANDRO OLIVA COELHO
2º VICE: JONATAN PEREIRA BARBOSA
3º VICE: DÁCIO QUEIROZ SILVA
1º SECRETÁRIO: DANIEL CASTRO GOMES DA COSTA
2º SECRETÁRIA: ROBERTA LUIZA GOMES MAIA MAGALHÃES
3º SECRETÁRIO: ULISSES AZUIL DE A. SERRA NETTO
1º TESOUREIRO: MAURO LUIZ BARBOSA DODERO
2º TESOUREIRO: BRUNO PEDROSSIAN DORILEO
3º TESOUREIRO: ALFREDO ZAMLUTTI NETO
DIRETORES:
ANIZIO CEZAR DE EMÍLIO
ANTONIO MORAIS DOS SANTOS NETO
AURORA TREFZGER CINATO REAL
GUILHERME JACINTHO DINIZ LINHARES
HELIO COELHO DE PAIVA
LEONARDO LEITE DE BARROS
ROBERTO FOLHEY COELHO
ROMEU BARBOSA RIBEIRO
SUPLENTES DE DIRETORES:
AGUIAR DE ALMEIDA PEREIRA
AURELIO ROLIM ROCHA
BRUNO BARCELOS
MÁRCIO DUCH
DANIEL MOURA
FRANCISCO GOUVEIA
FREDERICO LOPES GUARITA MARQUEZ
MARCELO CORREA DA SILVA FERRAZ
PEDRO DE CASTRO CUNHA FACHINI
ROMULO HOSLBACK
SUPLENTES DE DIRETORES:
ALUIZIO LESSA COELHO
ANTONIO DE MORAES RIBEIRO NETO
CICERO ANTONIO DE SOUZA
GERALDO BARBOSA DE PAIVA
HABIB REZEK JUNIOR
JOSÉ LEMOS MONTEIRO
JUSSIMARA BARBOSA FONSECA BACHA
KENNETH COELHO CORRÊA
LAUCIDIO COELHO NETO
LINEU PASQUALOTTO
LUIZ ORCIRIO FIALHO DE OLIVEIRA
MARCONDES MOREIRA SOUSA
MARCOS DE REZENDE ANDRADE
MILTON INSUELA PEREIRA JUNIOR
PAULO CESAR DE MATOS OLIVEIRA
RONAN RINALDI DE SOUZA SALGUEIRO
SERGIO DIAS CAMPOS
VANTH VANNI FILHO
WALTER GARGIONI ADAMES
YORK DA SILVA CORREA
SUPLENTES CONSELHO:
ALEXANDRE PUGA DE BARCELOS
ELEIZA MORAES MACHADO
GERALDO DE ALMEIDA PEREIRA
WALTER DIAS RIBEIRO
GUSTAVO SERRA MACEDO
JORGE TUPIRAJÁ DA SILVA PEREIRA
JOSÉ EDUARDO DUENHAS MONREAL
JULIANA ZORZO SILVA MIRANDA
MARCIA MEYRE DE EMÍLIO
PAULO CESAR SILVERIO BARBOSA
WALTER DIAS RIBEIRO